Readaptação às aulas presenciais
Há algum tempo, estamos vivenciando uma experiência desafiadora que vai ficar conhecida como um dos períodos mais conturbados e inusitados da História.
Quando se iniciou a crise epidêmica na China, ninguém tinha ideia da dimensão do alcance dos efeitos do coronavírus sobre a vida de todos. Porém, com o avanço do vírus sobre todos os continentes e a constatação da pandemia, foi preciso modificar todos os nossos hábitos e todas as áreas de nossas vidas foram afetadas.
Com isso, aconteceu o fechamento das escolas como medida sanitária e de prevenção ao contágio. Em consequência, os alunos tiveram que migrar, sem preparo algum, para o modelo de aula remota, o que trouxe grandes dificuldades para a maior parte dos estudantes.
Além da mudança de modelo de aula, houve um longo período isolamento social completo, fazendo com que os alunos tivessem que se distanciar de colegas, professores e até mesmo outras pessoas do seu convívio diário, situação que abalou as estruturas psicológicas e emocionais de todos.
Atualmente, com uma diminuição efetiva dos casos de contaminações e com a vacinação avançando, as aulas presenciais foram retomadas aos poucos, primeiramente ainda em um modelo híbrido e, agora, inteiramente no tradicional formato presencial.
Contudo, agora o ensino presencial conta com um elemento novo, isto é, a necessidade de cuidados sanitários rigorosos para preservar a saúde dos alunos e de seus familiares.
Por isso, é importante que as instituições escolares e os profissionais que trabalham com os alunos estejam preparados para auxiliar os estudantes a terem uma boa e rápida adaptação a essa nova condição em um ambiente já conhecido por eles.
Visto o desafio que a readaptação às aulas presenciais impõe, confira na sequência alguns cuidados necessários para que, nesse retorno, a escola consiga proporcionar um ambiente seguro e acolhedor aos alunos.
Os efeitos desse período ainda serão sentidos por muito tempo, porém, a maneira de se conduzir a readaptação dos alunos às aulas presenciais será determinante para o rumo que o desenvolvimento educacional desses estudantes irá tomar.
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Quais os principais cuidados necessários para a adaptação dos alunos no retorno das aulas presenciais?
As demandas para a readaptação dos alunos às aulas presenciais são diversas, visto que a maneira com que cada aluno vai reagir a essas novas transformações pode variar muito conforme as suas características pessoais e o contexto em que está inserido.
Porém, o objetivo que deve nortear o projeto é colaborar para aliviar todas as tensões e questões sensíveis de adaptação que possam prejudicar o aprendizado e o desenvolvimento das competências e habilidades necessárias para a formação dos alunos.
Ainda que as necessidades de adaptação sejam específicas em alguns casos, determinados cuidados são comuns a todos os espaços educacionais. Podemos dividir esses cuidados principais para o retorno às aulas nos seguintes aspectos:
Readaptação às aulas presenciais – sob aspectos de prevenção sanitária
O primeiro ponto a ser observado pelos profissionais da escola na readaptação às aulas presenciais são as mudanças na própria estrutura física da instituição, pois esse preparo começa muito antes da chegada dos alunos, com uma série de mudanças necessárias para garantir a segurança de todos, tais como:
- Distanciamento das carteiras nas salas de aula;
- Dispensers de álcool em gel em todo o espaço escolar;
- Tapetes para higienização dos pés nas portas de entrada;
- Locais para lavar as mãos.
Para que essas mudanças físicas alcancem seu objetivo, é fundamental informar os alunos sobre elas e ensinar o uso correto dos equipamentos. Vale ressaltar que essas informações precisam ser transmitidas primeiramente para os gestores, educadores e demais colaboradores da escola.
Todos os locais em que forem implantadas essas mudanças devem ser sinalizados e conter cartazes ou totens explicativos, para que não haja dúvidas por parte dos alunos.
Além disso, também é preciso readaptar as áreas de convívio e demais espaços comuns que costumavam ser pontos de aglomeração antes da pandemia. Procure dialogar a respeito dos perigos ainda existentes da aglomeração, lembrando que a comunicação e a informação são essenciais nesse momento.
Tão importante quanto explicar as mudanças feitas na estrutura é ensinar os protocolos sanitários da instituição para os colaboradores e alunos. Se possível, convide um profissional de saúde para prestar informações a respeito desses protocolos.
É fundamental que essas normas sejam transmitidas antes do início das aulas presenciais para os familiares e alunos, a fim de que eles voltem à escola preparados e com as informações necessárias para a readaptação.
Uma boa ideia é criar uma cartilha com os da escola, ou utilizar materiais já disponíveis desenvolvidos pela Secretaria da Saúde, Ministério da Educação e demais órgãos competentes.
Essas orientações devem contemplar todos os aspectos dessa nova rotina, como:
- Uso obrigatório de máscara;
- Em caso de sintomas de gripe ou similares, não comparecer às aulas (colaboradores e alunos);
- A permanência de pessoas do grupo de risco nas aulas no modelo remoto;
- A obrigatoriedade do distanciamento;
- A impossibilidade de compartilhar objetos e materiais escolares.
O cumprimento desses protocolos só será possível se for acompanhado de ações de conscientização da importância do controle do contágio, ressaltando o impacto social que uma nova onda de transmissão pode ocasionar. Além disso, também cabe à instituição supervisionar o cumprimento dos protocolos.
Esse primeiro contato também é uma ótima oportunidade para reforçar o papel fundamental da vacinação para todos, pois, por meio dela, será possível controlar o contágio e reduzir os casos graves e as mortes.
Readaptação – sob aspectos psicológicos e de saúde mental
Os fatores emocionais e psicológicos dos alunos, assim como a saúde mental na escola em geral, envolvendo todos aqueles que atuam na instituição, foram drasticamente afetados durante o período de pandemia.
Sem os devidos cuidados, esses fatores podem contribuir para o aumento do número de faltas, para o desinteresse nas atividades e para a incapacidade de participar ou concluir propostas educativas, podendo até mesmo resultar em evasão escolar.
A escola deve ser um espaço de acolhimento para os estudantes nesse retorno, preocupando-se com seus dilemas e dificuldades emocionais na readaptação, visto que esse momento pode não ser fácil para eles, depois de terem passado tanto tempo em isolamento social.
Colaboradores e alunos passaram por inúmeras dificuldades no período de pandemia, são muitos os que perderam entes queridos ou que passaram pela experiência da internação. Outros ainda tiveram dificuldades financeiras severas, lidando com a insegurança alimentar, o desemprego e até mesmo com problemas de moradia.
Em consequência, os traumas decorrentes dessas experiências podem ter sido diversos e fornecer apoio aos estudantes é essencial para que a rotina escolar fique o mais próximo possível da normalidade, reduzindo assim o impacto na aprendizagem dos alunos. Confira a seguir algumas dicas que podem ajudar:
- Retorno gradual às aulas no modelo híbrido: a troca repentina de rotina pode afetar muito os estudantes e, para minimizar esses efeitos, o modelo híbrido de ensino pode ser implantado. Inclusive, muitas escolas já estão adotando esse modelo, pois nem sempre os espaços disponíveis conseguem comportar todos os alunos com o distanciamento das carteiras;
- Propor aos alunos atividades a respeito da experiência da pandemia: propor atividades para os alunos compartilharem seus traumas, dificuldades e demais experiências decorrentes da pandemia pode contribuir para elaborar a melhor forma de trabalhar e auxiliá-los, pois isso possibilita identificar os fatores que podem atrapalhar seu aprendizado;
- Incentivar a socialização: estimular a socialização, mantendo o distanciamento e a segurança e propondo momentos específicos para a conversação e interação entre os estudantes e seus colegas de forma descontraída e divertida;
- Respeitar os limites individuais dos alunos: não forçar a socialização para aqueles com dificuldades na volta às aulas e ser flexível com possíveis problemas educacionais decorrentes de fatores psicológicos ou traumas;
- Manter um canal aberto de comunicação: os alunos devem se sentir seguros de que a escola está sempre aberta a acolher suas dificuldades e auxiliá-los com esses dilemas.
No entanto, o docente e os demais agentes do espaço escolar devem ser cuidadosos e criteriosos no apoio emocional aos alunos, pois é preciso reconhecer seus limites. Quando forem identificados casos graves, é importante encaminhá-los para o orientador educacional, que irá contatar os familiares do aluno e sugerir que procurem um profissional da área de Psicologia, caso a escola não conte com um.
O ideal, principalmente neste momento de readaptação, é que as escolas possam contar com um profissional da psicologia escolar em seu quadro de funcionários para prestar auxílio aos alunos, pais e demais colaboradores.
Readaptação às aulas presenciais – sob aspectos pedagógicos
Sabemos que grande parte dos alunos terá dificuldades de adaptação no retorno às aulas presenciais, visto que passaram muito tempo tendo aulas online, situação que até então era novidade para eles, pois haviam estudado, em toda a sua jornada, no modelo presencial.
A oferta de ensino também, em muitos casos, foi insuficiente ou inadequada, deixando muitas lacunas no aprendizado dos estudantes, que por isso não se sentem preparados para novos conhecimentos e até mesmo para provas como o Enem.
Além disso, muitos alunos ficaram sem a possibilidade de participar das aulas online por não terem os meios tecnológicos necessários ou o acesso à internet para assistir às aulas, interagir com os professores e entregar as atividades.
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Isso contribuiu para acentuar ainda mais a desigualdade de aprendizado entre os alunos, principalmente para aqueles com dificuldades de acesso à internet ou equipamentos tecnológicos.
Diante desse cenário, é muito importante seguir algumas orientações para garantir que os alunos tenham a oportunidade de acessar esses conhecimentos antes de começar o aprendizado de novos:
Faça avaliações diagnósticas
Fazer uma avaliação diagnóstica pode contribuir muito para verificar a efetividade dos conteúdos aplicados nas aulas e atividades a distância, assim como direcionar o docente às necessidades educacionais mais urgentes para o prosseguimento do processo e às lacunas deixadas pela ineficiência das aulas online.
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Aplique revisões do conteúdo das aulas online
A partir da avaliação diagnóstica, o docente já tem um parâmetro para reforçar determinados conteúdos e conceitos ensinados no ensino a distância, buscando sanar o máximo possível as dúvidas e as deficiências do processo.
Faça acompanhamentos individualizados
Esse momento de readaptação às aulas presenciais exige um melhor acompanhamento do desempenho dos alunos para ser possível auxiliá-los em suas necessidades específicas.
O melhor caminho para fazer um acompanhamento mais efetivo dos estudantes é engajar primeiramente os demais membros da escola: coordenadores pedagógicos, inspetores e outros.
No entanto, a família tem um papel crucial ao partilhar a responsabilidade pela educação do aluno. Deve-se chamar a atenção dos familiares para a necessidade de atenção, auxílio e apoio nesse momento de transição.
Adapte as aulas
Com esse longo período de aulas no modelo remoto, os hábitos dos alunos em relação aos estudos se modificaram drasticamente. Para que eles possam ajustar seus hábitos à nova rotina escolar, o professor precisa colaborar com esse processo e adaptar as aulas conforme tais demandas.
Um dos aspectos que podem ser afetados é a concentração, pois, depois de tanto tempo de isolamento, ver os demais colegas pode gerar bastante ansiedade. Uma medida possível para lidar com esse problema é implementar breves pausas nas aulas para que os alunos tenham mais facilidade em se adaptar gradualmente às demandas mais profundas de abstração e concentração.
Repense as avaliações
Na hora das provas efetivas de avaliação de desempenho, o docente também deve considerar esse período de transição e os possíveis prejuízos à aprendizagem dos alunos, gerados pela dificuldade de adaptação e pelo período de aulas a distância.
É muito comum surgirem dúvidas de como proceder e qual é o melhor sistema de avaliação para utilizar. Contudo, isso não deve ser motivo de insegurança para os gestores e professores, tampouco ser motivo para questionar suas capacidades.
Vale lembrar que ninguém da nossa geração passou por algo com tamanha dimensão de mudanças e adaptações, logo, é um período de aprendizado para todos.
O SAE Digital tem um compromisso sério com uma educação que se preocupa com a saúde e a integridade física dos alunos, e também com seu aspecto socioemocional.
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