Desenvolver a autonomia dos alunos é fundamental para atender às demandas do mundo atual, que requer uma formação integral a partir do desenvolvimento de competências e habilidades específicas. As transformações ocorridas na sociedade, decorrentes da Quarta Revolução Industrial, trouxeram a expansão da tecnologia e estabeleceu a era digital, alterando a forma como as pessoas se comportam, trabalham e aprendem.
Gerações mais novas, têm a tecnologia integrada às suas vidas, o que demanda que as escolas se adaptem e passem a utilizá-la como ferramenta pedagógica, adotando práticas inovadoras que possam transformar e melhorar o ensino com esses recursos. O modelo tradicional de educação, em que os alunos eram somente espectadores, tornou-se ineficaz para a aprendizagem, visto que a participação dos alunos na construção do próprio conhecimento é essencial.
As práticas educacionais inovadoras vão além dos aspectos acadêmicos, voltados para a memorização ou o nível de raciocínio lógico do aluno, e consideram outras inteligências que permitem uma formação global, incluindo aspectos sociais, comportamentais, esportivos, emocionais, artísticos e tudo mais que abrange o ambiente no qual o aluno está inserido, a fim de que os alunos obtenham conhecimentos de forma integrada e contextualizada, permitindo que o aprendizado aconteça por meio de ações e transformando o professor em uma ferramenta facilitadora do processo de ensino-aprendizagem.
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Descubra como desenvolver a autonomia nos alunos e conheça algumas práticas para a sala de aula.
Por que desenvolver a autonomia dos alunos?
A autonomia no processo de ensino e aprendizagem refere-se à participação ativa dos alunos na construção do próprio conhecimento, para se tornarem protagonistas do seu projeto de vida.
Entre as competências gerais da Educação Básica propostas pela BNCC, a autonomia é citada como componente na construção de conhecimentos, no desenvolvimento de habilidades e na formação de atitudes e valores:
“Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade”.
“Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários”.
A autonomia também é fundamental para uma formação integral, que é outro compromisso da BNCC, pois somente o acúmulo de informações não oferece as habilidades essenciais para o aluno atuar na sociedade, como:
- Reconhecer-se em seus contextos histórico e cultural.
- Comunicar-se de forma assertiva.
- Ser criativo.
- Ter um pensamento analítico e crítico.
- Ser participativo.
- Estar aberto ao novo.
- Postura colaborativa.
- Resiliência.
- Ser produtivo.
- Responsabilidade.
Na Educação Infantil, os campos de experiência devem promover o desenvolvimento da autonomia, já que ela está relacionada aos saberes e conhecimentos fundamentais a serem propiciados às crianças. Para tanto, elas precisam de campos de experiências para aprender através do conviver, brincar, participar, explorar, expressar-se e conhecer-se, como eixos estruturantes de sua formação.
É importante fortalecer a autonomia dos adolescentes, oferecendo condições e ferramentas para acessar e interagir criticamente com diferentes conhecimentos e fontes de informação, bem como maior autonomia nos movimentos e deslocamentos para ampliar suas interações com o mundo. Com isso, os jovens constroem sua identidade, seus princípios e valores.
No Ensino Fundamental, o intuito é ampliar a autonomia intelectual, para que o aluno possa compreender normas e configurar seus interesses pela vida social, seu relacionamento consigo e com os outros, com a natureza, com a história, com a cultura, com as tecnologias e com o ambiente.
No Ensino Médio, a autonomia dos estudantes deve estar direcionada ao desenvolvimento do projeto de vida, pois é a última fase para guiar o estudante para a vida adulta, e a escola deve introduzir uma reflexão mais profunda sobre o papel social do indivíduo.
A necessidade de desenvolver a autonomia nos alunos se baseia nas transformações ocorridas na educação, na sociedade e no mercado de trabalho, que definem as habilidades do profissional do futuro. Sem autonomia não é possível desenvolver essas habilidades:
- Pensamento crítico e aprendizagem ativa.
- Criatividade e originalidade.
- Resolução de problemas complexos.
- Flexibilidade cognitiva.
- Inteligência emocional.
- Trabalho em equipe.
- Gestão de pessoas.
- Negociação.
- Tomada de decisões.
- Orientação a serviços.
A autonomia também promove o protagonismo dos jovens em sua aprendizagem e na construção de seu projeto de vida, para que utilizem seus conhecimentos para agir e participar na sociedade. O protagonismo juvenil trata do envolvimento do estudante em atividades que vão além dos âmbitos pessoal e familiar, é sua contribuição na vida comunitária, gerando efeitos na sociedade.
Os benefícios de desenvolver a autonomia e o protagonismos dos alunos incluem:
- Reforço do compromisso das escolas com a formação integral dos estudantes.
- Promove o engajamento dos estudantes com o conteúdo e a prática pedagógica.
- Desenvolve a capacidade de tomar decisões e a responsabilidade dos jovens alunos.
- Contribui para o desenho do Projeto de Vida e a preparação do estudante para o futuro.
- Estimula a participação dos jovens nas esferas política, social, econômica e cultural.
Como estimular a autonomia dos alunos em sala de aula?
Visto que o modelo tradicional de ensino não permitia a autonomia dos alunos, nessa nova visão do processo educacional o papel do professor é orientar e guiar o estudante ao longo de sua formação básica, como um mediador no processo de ensino e aprendizagem, a fim de modificar gradualmente a relação de dependência entre aluno e professor (em que apenas o professor define e orienta as ações) para uma relação colaborativa e eventualmente de autonomia do jovem estudante.
Com isso, para estimular a autonomia dos alunos em sala de aula e promover uma participação ativa no processo de ensino e aprendizagem, as metodologias ativas têm sido adotadas pelas escolas como um novo modelo educacional, tendo como base a inteligência em todos os seus aspectos: cognitivo, social e afetivo. Trata-se de um método de ensino que propõe aos alunos uma aprendizagem a partir da prática, pois esta possibilita uma maior assimilação dos conhecimentos e consolidação do aprendizado. Os métodos ativos preparam os alunos para atuar na sociedade, pois envolvem o conhecimento teórico aliado à prática e, devido ao seu modo dinâmico e à utilização da tecnologia, estimulam o engajamento acadêmico e social.
Dentre os vários meios para aquisição de conhecimento, a prática apresenta os melhores resultados, de acordo com uma pesquisa realizada pelo psiquiatra americano William Glasser, que estabelece uma pirâmide de aprendizagem. Segundo ele, a eficácia desses meios para a aprendizagem é a seguinte:
- 10% se dá através da leitura.
- 20% pela escrita.
- 50% a partir da observação e da escuta.
- 70% com uma discussão acerca do tema.
- 80% ocorre na prática.
- 95% ensinando.
A tecnologia também favorece a autonomia, pois permite maior acesso a informações e oferece recursos para que os estudantes busquem por si próprios o conhecimento.
As práticas pedagógicas inovadoras com estratégias de aprendizagem voltadas à promoção da autonomia incluem:
Autonomia dos alunos: Ensino Híbrido
É a combinação entre o ensino presencial e remoto. Permite estudar presencialmente, em sala de aula com o professor e os colegas, e de forma remota e autônoma, fora do ambiente escolar com o uso de recursos digitais. Essa modalidade de estudo estimula o desenvolvimento do pensamento crítico, pois possibilita um acesso mais amplo ao conteúdo e estabelece uma conexão entre a teoria e a prática.
Sala de aula invertida
A sala de aula invertida tem a proposta de substituir parte das aulas expositivas por conteúdos virtuais. O aluno tem acesso ao material digitalmente, fora do ambiente escolar, e discute em sala de aula com os colegas e o professor sobre o que aprendeu sozinho. Desse modo, ele utiliza o conhecimento prévio que obteve estudando sozinho, expõe suas ideias em sala de aula e pode relacioná-las com as demais e construir um aprendizado significativo.
Autonomia dos alunos: Cultura maker
A Cultura Maker refere-se ao “faça você mesmo”, permitindo que os alunos realizem atividades práticas para aprender, construindo materiais, elaborando projetos e indo a campo conhecer e interagir com seu objeto de estudo. Além de estimular a autonomia e o protagonismo, também amplia a criatividade – habilidade essencial nos dias atuais – e torna mais dinâmicas e interessantes as atividades escolares comuns do currículo.
Aprendizagem baseada em projetos
É uma técnica de aprendizagem que propõe a elaboração de projetos para solucionar um problema de forma prática, estimulando a participação ativa dos alunos na construção de um plano de ação, buscando o conhecimento através de um trabalho contínuo e bem elaborado a partir de hipóteses e discussões com o desenvolvimento de recursos necessários para atingir o objetivo. A aprendizagem baseada em projetos une de forma eficaz a teoria e a prática, tornando mais significativa e interessante a atividade, ao passo que estimula as interações interpessoais.
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