Mudança de segmento de ensino – Como trabalhar na escola?


Mudanças costumam ser acompanhadas de desafios, ansiedade e inseguranças, e com a mudança de segmento de ensino não é diferente, por isso, é necessário um processo de adaptação.

No post de hoje vamos falar desse assunto e como trabalhar na escola essa mudança. Confira!

O que é mudança de segmento de ensino?

Mudança de segmento de ensino é a transição de uma etapa de ensino para outra, por exemplo, alunos que passam da Educação Infantil para o Ensino Fundamental e deste para o Ensino Médio.

Quando se encerra uma etapa para dar início a uma nova, o desconhecido pode despertar medo, pois os alunos estavam acostumados com a mesma escola, os mesmos professores e os mesmos colegas.

A passagem para o segmento de ensino seguinte acompanha a mudança de escola, de professores, de colegas, de conteúdos, ou seja, há uma transformação da rotina como um todo, o que pode levar crianças e adolescentes a ficarem apreensivos com o que vem pela frente.

Dessa forma, surgem muitas adversidades, pois haverá mais conteúdos, mais tarefas, mais provas, mais desafios e mais responsabilidade conforme avança a passagem de uma etapa para outra mais complexa.

Mudança de segmento de ensino – Como trabalhar na escola?

Como ocorre a mudança de segmento de ensino – Educação Infantil para o Ensino Fundamental

Na Educação Infantil, os alunos estão habituados a ter somente um professor em sala de aula, a realizar atividades lúdicas, etapa em que eles desenvolvem a alfabetização e outras habilidades primárias, além de serem mais livres no ambiente escolar, explorando todo o espaço e brincando enquanto aprendem.

Essa etapa é caracterizada pela primeira separação das crianças do contexto estritamente familiar, momento em que elas estabelecem um vínculo afetivo significativo com o professor e desenvolvem a socialização, dificultando a mudança.

O objetivo é ampliar as vivências e os conhecimentos adquiridos no convívio da família e articulá-los às propostas pedagógicas, atuando de maneira complementar à educação familiar.

Na Educação Infantil, conforme estabelece a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), o foco do trabalho é proporcionar direitos de aprendizagem de conviver, brincar, participar ativamente, explorar, se expressar e se conhecer.

O Ensino Fundamental, por sua vez, é a etapa mais longa da educação regular, a carga horária aumenta, a organização do ambiente muda, os alunos passam a ter aulas de várias disciplinas com professores diferentes, as atividades se tornam gradativamente mais complexas, mais estudantes em sala de aula, entre outros.

Além das mudanças escolares, eles vivenciam mudanças físicas, sociais, cognitivas e emocionais, comuns na transição da infância para a adolescência. Caso essas transformações não sejam bem conduzidas, elas podem provocar dificuldades de adaptação.

Diferente da Educação Infantil, a proposta da BNCC Ensino Fundamental − Anos Iniciais é a progressão das múltiplas aprendizagens, articulando o trabalho com as experiências anteriores e valorizando as situações lúdicas de aprendizagem.

Desse modo, a mudança de segmento de ensino precisa ser progressiva para possibilitar a adaptação, ao passo em que os alunos começam a adquirir mais autonomia no processo educativo.

Tal articulação precisa prever tanto a progressiva sistematização dessas experiências quanto o desenvolvimento, pelos alunos, de novas formas de relação com o mundo, novas possibilidades de ler e formular hipóteses sobre os fenômenos, de testá-las, de refutá-las, de elaborar conclusões, em uma atitude ativa na construção de conhecimentos.” (BNCC, 2018, p. 57).

Portanto, ao compreender as mudanças no processo de desenvolvimento da criança − como a maior autonomia nos movimentos e a afirmação de sua identidade − a BNCC propõe o estímulo ao pensamento lógico, criativo e crítico, bem como à capacidade de perguntar, argumentar, interagir e ampliar sua compreensão do mundo.

Ao longo do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, a progressão do conhecimento ocorre pela consolidação das aprendizagens anteriores e pela ampliação das práticas de linguagem e da experiência estética e intercultural das crianças, considerando tanto seus interesses e suas expectativas quanto o que ainda precisam aprender.” (BNCC, 2018, p. 59).

Além disso, as experiências para o desenvolvimento da oralidade e dos processos de percepção, compreensão e representação se ampliam. Com isso, os alunos se deparam com uma variedade de situações que envolvem conceitos e práticas científicas e desenvolvem observações, análises e argumentações, potencializando descobertas.

A mudança de segmento de ensino para os Anos Finais precisa de medidas para assegurar aos alunos um percurso contínuo de aprendizagens entre as duas fases do Ensino Fundamental, de modo a promover uma maior integração entre as etapas.

Os alunos passam a ter aulas com professores especialistas dos diferentes componentes curriculares, e costumam apresentar dificuldades para se adaptar diante das muitas exigências que têm de atender, feitas pelo grande número de docentes dos Anos Finais.

As principais mudanças no Ensino Fundamental – Anos Finais vêm da necessidade de desenvolver os conhecimentos, as habilidades, as atitudes e os valores essenciais para o século XXI.

As mudanças próprias dessa fase da vida implicam a compreensão do adolescente como sujeito em desenvolvimento, com singularidades e formações identitárias e culturais próprias, que demandam práticas escolares diferenciadas, capazes de contemplar suas necessidades e diferentes modos de inserção social.” (BNCC, 2018, p. 60).

A mudança do Ensino Fundamental – Anos Finais para o Ensino Médio, etapa final do ciclo da Educação Básica, é caracterizada pela preparação dos alunos para o ingresso no Ensino Superior e a entrada no mercado do trabalho.

Diante disso, as orientações da BNCC para essa etapa estão direcionadas a dar continuidade ao que já foi proposto e está em vigor para as etapas iniciais da Educação Básica.

Os alunos entram em contato com os Itinerários Formativos que direcionam seu Projeto de Vida, por meio dos quais as aprendizagens são sintonizadas com as necessidades, as possibilidades e os interesses dos estudantes, bem como os desafios da sociedade contemporânea.

Mudança de segmento de ensino – Como trabalhar na escola?

Como trabalhar na escola?

Oferecer suporte aos alunos na mudança de segmento de ensino é fundamental para que eles se desenvolvam de maneira satisfatória e não reprovem. Algumas atitudes que podem ajudar na adaptação incluem:

  • Retomar os principais conteúdos da etapa anterior e ampliá-los gradativamente nos anos seguintes, permitindo que o professor desenvolva novas habilidades em sala de aula;
  • Ressignificar as aprendizagens anteriores, apresentando um novo entendimento;
  • Verificar os conhecimentos prévios para nortear o trabalho e suprir as necessidades educacionais não consolidadas nos anos anteriores;
  • Perguntar aos alunos as principais dúvidas que eles têm e revisar os conteúdos;
  • Estimular a autonomia dos alunos, para acessar e interagir criticamente com diferentes conhecimentos e fontes de informação para consolidar a aprendizagem;
  • Aplicar uma proposta pedagógica que assegure um percurso contínuo de aprendizagens e uma maior integração entre os segmentos;
  • Respeitar as necessidades de cada estudante, conforme sua idade;
  • Na mudança da Educação Infantil para o Ensino Fundamental − Anos Iniciais é fundamental dar atenção à ampliação das aprendizagens, ao aprofundamento das experiências e da alfabetização, que deve acontecer no 1.º e 2.º anos dessa etapa;
  • Na transição dos Anos Iniciais para os Anos Finais, por sua vez, é importante preparar o aluno para as transformações que estão por vir ou que já estão acontecendo durante o 5.º e 6.º ano, como a mudança do professor generalista para o professor especialista;
  • Adaptar os currículos para evitar a ruptura nesse processo, garantindo ao aluno maiores condições de sucesso;
  • Observar se os estudantes apresentam dificuldades e ajudá-los;
  • Dialogar com os alunos e buscar saber como estão se sentindo em relação às exigências;
  • Compreender e dialogar com as formas particulares de expressão dos estudantes em cada etapa de ensino, criando conexões com os alunos a partir da afetividade;
  • Estimular a reflexão e a análise aprofundada para que os alunos desenvolvam uma atitude crítica em relação aos conteúdos; incorporar mais as novas linguagens e seus modos de funcionamento, desvendando possibilidades de comunicação;
  • Estimular o protagonismo, de modo que a escola proporcione um ambiente favorável aos projetos e às práticas pedagógicas que motivem o aluno a aprender cada vez mais;
  • Validar cada evolução que os alunos apresentem, reforçando seu desenvolvimento e fazendo com que se sintam capazes de alcançar seus objetivos;
  • Enfatizar a construção do Projeto de Vida na escola para motivar os alunos, pois os conteúdos são trabalhados com orientação para aplicação na vida prática, considerando a importância do contexto para dar sentido ao que se aprende e o protagonismo do estudante em sua aprendizagem e na construção de seu Projeto de Vida.

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O que facilita a adaptação decorrente da mudança de segmento de ensino, portanto, é dar atenção especial ao processo de alfabetização, pois os alunos estarão mais preparados para novas aprendizagens.

Uma alfabetização plena permite o desenvolvimento máximo da alfabetização e garante todas as habilidades necessárias para atuar na sociedade letrada, que servirão como base para o aprendizado geral.

Para proporcionar uma alfabetização plena, é preciso investir em seu progresso desde a Educação Infantil, momento em que se inicia o desenvolvimento das crianças, e promover também o acesso à cultura, à informação e à leitura.

Desse modo, é necessário estruturar os processos pedagógicos de alfabetização nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, articulando-os às estratégias desenvolvidas na pré-escola, com qualificação, valorização e apoio pedagógico específico para os professores.

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