Letramento e Alfabetização

O processo de formação leitora está diretamente ligado aos conceitos de alfabetização e letramento, os quais viabilizam a habilidade de ler e compreender o que está sendo lido.

A alfabetização é o princípio do processo, pois ensina às crianças o alfabeto. Com isso, elas conhecem as palavras escritas e a ortografia, a fim de que possam escrever, o que permite a aquisição do sistema convencional da linguagem escrita.

Ela ocorre a partir da aprendizagem da codificação e da decodificação dos elementos que compõem a escrita, por meio do reconhecimento e da memorização das letras, das sílabas, das palavras e da formação de frases.

O letramento, por sua vez, refere-se à utilização da leitura e da escrita nas práticas sociais, sendo necessário interpretar e compreender o sentido das palavras e dos textos, refletir sobre eles, elaborar discursos e interagir com o meio a partir dessas habilidades.

Desse modo, a alfabetização ensina a ler, e o letramento ensina a dominar e a utilizar a linguagem na prática social, ou seja, juntos, eles permitem o início do processo de formação leitora.

Entretanto, é preciso muito mais do que essas duas habilidades para uma formação leitora plena, visto que ela ocorre em um processo que se inicia na infância e se estende por toda a vida.

Muitos adultos, que foram alfabetizados e letrados, utilizam essas habilidades nas práticas sociais, mas não têm o hábito de ler nem têm uma visão crítica da realidade, por exemplo, leem somente textos necessários no dia a dia, como bula de remédio, cardápio ou documentos de trabalho.

O processo de formação leitora: Multiletramento

Atualmente, é preciso mais do que a alfabetização e o letramento para atender às demandas da sociedade, sendo necessário um multiletramento, que considere a diversidade cultural, as diferentes práticas letradas e o impacto da globalização e da tecnologia na educação.

De acordo com a BNCC, “a leitura é tomada em um sentido mais amplo, dizendo respeito não somente ao texto escrito, mas também a imagens estáticas (foto, pintura, desenho, esquema, gráfico, diagrama) ou em movimento (filmes, vídeos, etc.) e ao som (música), que acompanha e cossignifica em muitos gêneros digitais.” (BRASIL, 2017, p. 72).

Considerando essa perspectiva, a leitura é muito mais do que um conjunto de palavras que comunicam algo, ela compreende tudo o que é passível de conferir sentidos, sejam os textos verbais em seus mais diversos gêneros, sejam os textos não verbais, como uma fotografia, uma pintura, um gráfico, um mapa, uma paisagem, uma música, um filme.

A leitura está diretamente associada aos textos que circulam na sociedade e acompanham as novas tecnologias, os novos suportes, as novas formas de expressão, linguagens e modalidades textuais – novas leituras.

Essa nova realidade requer o multiletramento, que permite uma formação leitora capaz de acessar, selecionar, compreender e produzir uma ampla gama de textos verbais e não verbais que circulam nas variadas esferas de nossa sociedade multicultural e tecnológica.

As novas diretrizes da educação básica já incluem o multiletramento, conforme as competências estabelecidas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para Linguagens, Códigos e suas Tecnologias:

“Somente como leitores de múltiplos textos os alunos desenvolverão a contento sua competência textual” (BRASIL, 2002, p.78).

A BNCC também aborda uma formação leitora mais ampla, que proporciona aos alunos algumas habilidades sociais e pessoais importantes por meio da leitura, desde a Educação Infantil até o final da Educação Básica.

Na Educação Infantil, entre os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento, a leitura se faz presente, como vemos em EI02EF03:

“Demonstrar interesse e atenção ao ouvir a leitura de histórias e outros textos, diferenciando escrita de ilustrações, e acompanhando, com orientação do adulto-leitor, a direção da leitura (de cima para baixo, da esquerda para a direita)”.

No Ensino Fundamental, as competências específicas da área de Linguagens enfatizam a importância da formação leitora a partir do multiletramento, indo além da leitura tradicional:

“Compreender as linguagens como construção humana, histórica, social e cultural, de natureza dinâmica, reconhecendo-as e valorizando-as como formas de significação da realidade e expressão de subjetividades e identidades sociais e culturais”.

Para o Ensino Médio, as competências específicas da área de Linguagens reforçam a necessidade do multiletramento para a formação leitora, como vemos já na primeira:

“Compreender o funcionamento das diferentes linguagens e práticas culturais (artísticas, corporais e verbais) e mobilizar esses conhecimentos na recepção e produção de discursos nos diferentes campos de atuação social e nas diversas mídias, para ampliar as formas de participação social, o entendimento e as possibilidades de explicação e interpretação crítica da realidade e para continuar aprendendo”.

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Papel da Escola na formação leitora

A criança manifesta curiosidade em relação à cultura escrita desde cedo, ao ouvir e observar os diversos textos que circulam no contexto familiar e escolar. Assim, ela vai construindo sua ideia da linguagem escrita, reconhecendo seu uso social e seus diferentes formatos.

A escola deve iniciar a formação leitora das crianças, a partir do que elas já sabem e das curiosidades que apresentam. Nesse contexto, o educador tem o papel de mediador entre a criança e os textos, e precisa proporcionar experiências com a leitura por meio da literatura infantil.

Desse modo, esse incentivo contribuirá para o desenvolvimento do gosto pela leitura, do estímulo à imaginação e da ampliação do conhecimento de mundo. O contato com diferentes histórias promove a familiaridade com livros, com diferentes gêneros literários, a diferenciação entre ilustrações e escrita, a aprendizagem da direção da escrita e as formas corretas de manipulação de livros.

A relação das crianças com os textos escritos permite a construção de hipóteses sobre a escrita a partir de rabiscos e desenhos em garatujas, pois é a maneira que elas interpretam e representam o mundo ao seu redor.

Depois, as crianças começam a conhecer as letras com o processo de alfabetização e passam a fazer escritas espontâneas não convencionais, mas que já indicam a compreensão da escrita como sistema de representação da língua.

A escola deve assumir também a responsabilidade da organização de práticas com as múltiplas linguagens, com modalidades de textos formais e informais, do campo do cotidiano, da vida pública e de estudo e pesquisa (BNCC, 2017, p. 84).

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Além disso, deve trazer à pauta textos que circulam na sociedade, o que implica uma prática pedagógica contextualizada e transdisciplinar. Não cabe somente ao professor de Língua Portuguesa a formação leitora, mas de todo o corpo docente!

Essa concepção se apresenta nos PCNs, os quais estabelecem que uma prática efetiva de leitura na escola, cujo objetivo seja a formação de leitores competentes e críticos, deve ter como pressuposto básico o acesso por parte do aluno a uma ampla diversidade de textos, de todas as áreas do conhecimento, em contextos e práticas sociais relevantes, mas também em contextos particularmente escolares:

“Cabe, portanto, à escola viabilizar o acesso do aluno ao universo dos textos que circulam socialmente, ensinar a produzi-los e a interpretá-los. Isso inclui os textos das diferentes disciplinas, com os quais o aluno se defronta sistematicamente no cotidiano escolar e, mesmo assim, não consegue manejar, pois, não há um trabalho planejado com essa finalidade. Um exemplo: nas aulas de Língua Portuguesa, não se ensina a trabalhar com textos expositivos como os das áreas de História, Geografia e Ciências Naturais; e nessas aulas também não, pois se considera que trabalhar com textos é uma atividade específica da área de Língua Portuguesa. Em consequência, o aluno não se torna capaz de utilizar textos cuja finalidade seja compreender um conceito, apresentar uma informação nova, descrever um problema, comparar diferentes pontos de vista, argumentar a favor ou contra uma determinada hipótese, ou teoria. E essa capacidade, que permite o acesso à informação escrita com autonomia, é condição para o bom aprendizado, pois dela depende a possibilidade de aprender os diferentes conteúdos. Por isso, todas as disciplinas têm a responsabilidade de ensinar a utilizar os textos de que fazem uso, mas é a de Língua Portuguesa que deve tomar para si o papel de fazê-lo de modo mais sistemático.” (BRASIL, 1997, p. 26).

O professor é o responsável por apresentar o que será lido, seja um livro, um texto, uma paisagem, uma imagem, uma pintura – o mundo. Além disso, é ele quem auxilia os alunos a interpretar e a conferir significados à leitura.

Para proporcionar a formação leitora efetiva, de modo a dominar as múltiplas formas de linguagem, disponíveis para a comunicação humana presentes no dia a dia, o professor precisa promover experiências, situações novas e manipulações que conduzam a este fim.

A formação leitora precisa começar pela Educação Infantil, para que desde o início a criança desenvolva o gosto pela leitura e aprenda de modo assertivo a ler e a utilizar a leitura nas práticas sociais, para que ao longo de sua vida seja um hábito incorporado às suas vivências.

Antes mesmo de a criança aprender a ler sozinha, é importante que os professores e a família leiam para ela, a coloque em contato com livros, ensinando a valorizar esse precioso objeto e tornando esses momentos especiais!

Essas são as únicas recomendações que fazemos. Não há segredo, não há mistério, não há fórmula, tampouco metodologia. A formação de um futuro leitor demanda apenas o contato afetivo com o livro.

Algumas sugestões são:

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