Sabemos que a escola não é um lugar para transmitir às crianças apenas o conhecimento formal, nas áreas de exatas, humanas e biológicas. A educação, como um todo, vai muito além disso. As instituições de ensino têm como papel a formação de indivíduos e de cidadãos para o mundo. Diante dessa responsabilidade, discute-se um tema muito importante: a abordagem e construção de um projeto de vida na escola.
O projeto de vida na escola é uma das competências da Base Nacional Comum Curricular, BNCC, por isso, é essencial que as instituições saibam como trabalhar esse tema em sala de aula.
Nesse post, vamos explicar sobre o projeto de vida na escola, as habilidades que precisam ser desenvolvidas pelos estudantes e o que a BNCC diz sobre o assunto. Também iremos dar algumas diretrizes de como a escola pode abordar, na prática, essa competência.
O que é o projeto de vida na escola?
O projeto de vida de uma pessoa — especialmente de um estudante — é, basicamente, ter as respostas às perguntas: “Quem eu sou?” e “Quem eu quero ser?”, e saber articular o caminho entre elas.
Para responder à primeira pergunta é preciso de autoconhecimento. Ao saber identificar suas principais características e potenciais, é possível estruturar um planejamento para atender à segunda questão.
A questão “Quem eu quero ser?” não deve ser confundida com a sua forma prática e simplista de resposta, que leva em conta apenas a parte profissional. Trata-se de um planejamento para o futuro, que inclui seus interesses, sonhos e objetivos. Através deles, é importante entender o papel que se exerce no mundo e designar estratégias para executar o planejamento.
Trabalhar o projeto de vida na escola é ajudar a criança e o jovem a desenvolver seu autoconhecimento e planos para o futuro. Assim a escola cumpre um de seus papéis na formação de pessoas, colocando ainda o jovem como protagonista de sua própria jornada.
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Os 3 pilares para trabalhar o projeto de vida na escola
O projeto de vida na escola deve ser abordado em três dimensões diferentes. Ao trazer essas três áreas, permite-se um desenvolvimento mais holístico de um projeto de vida pelo jovem, evitando que ele deixe de lado aspectos essenciais para o seu conhecimento e planejamento de futuro.
Veja quais são as dimensões:
Pessoal
Na dimensão pessoal, o principal ponto a ser trabalhado é o autoconhecimento. O intuito é fazer com que os jovens se reconheçam como sujeitos.
Entre os aspectos desenvolvidos estão:
- a construção de identidade e valores;
- o reconhecimento da própria origem;
- a forma de lidar com os sentimentos.
É nessa dimensão em que se identificam os interesses, habilidades e vontades. O autoconhecimento favorece ainda a autoaceitação e o fortalecimento da autoestima, armas importantíssimas para o desenvolvimento pessoal.
Social
Na dimensão social os jovens devem refletir sobre as relações interpessoais. Não só com o seu entorno mais próximo — familiares e colegas de escola — mas também da relação com o mundo, e o impacto que essas relações provocam.
Para desenvolver essa área no projeto de vida na escola, as atividades em grupo e o desenvolvimento de um senso de responsabilidade para com o bem comum são essenciais. Deve-se abordar a atuação dos indivíduos na sociedade para a solução de problemas coletivos, desde a escola até o planeta. É a dimensão responsável, também, pelo desenvolvimento de empatia e ética, por exemplo.
Profissional
A dimensão profissional é a primeira pensada ao se falar de projeto de vida na escola. Nela, trabalha-se a inserção e permanência do jovem no mundo profissional, e a atuação produtiva deles no futuro.
Para essa área também é importante o autoconhecimento para a identificação e desenvolvimento de habilidades, competências e conhecimentos formais. Adequando-se ao século XXI, e à constante transformação do trabalho, é preciso abordar temas como a criatividade, uso da tecnologia e empreendedorismo, entre outros.
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Projeto de vida na escola e a BNCC
O projeto de vida na escola é uma das competências citadas na BNCC. De acordo com o documento, este deve ser um eixo que se inicia nos anos iniciais do Ensino Fundamental e termina no Ensino Médio.
Isso porque a ideia é desenvolver, desde cedo, o autoconhecimento da criança e, a longo prazo, dar ferramentas para a formação dela em um adulto responsável, autônomo e ético.
Habilidades da BNCC: O que são e para que servem?
Saiba como deve ser o desenvolvimento do projeto de vida na escola em cada fase do estudante segundo a BNCC, respeitando as dimensões pessoal, social e profissional.
Ensino Fundamental — Anos Iniciais
A primeira fase do Ensino Fundamental é quando a escola deve iniciar o tema projeto de vida na escola. Por ser uma etapa inicial, o objetivo principal é levar ao aluno a compreensão da vida em sociedade, das atividades produtivas e também de experiências subjetivas.
A criança começa a entender seu espaço no mundo, de forma física, e as próprias emoções, servindo como base para as próximas etapas.
Ensino Fundamental — Anos Finais
Nessa fase do processo educacional o aluno já avançou no desenvolvimento da personalidade e pode compreender algumas questões de maneira mais ampla. Por isso, essa é uma etapa essencial em que a escola deve criar condições para que os jovens possam organizar seus sentimentos e atitudes. É assim que eles tomam consciência e desenvolvem seus próprios valores e crenças.
As atividades nos anos finais do Ensino Fundamental devem buscar a localização do papel social do jovem, e trazer as possibilidades de atuação profissional para o futuro.
Ensino Médio
Esta é a última fase para guiar o estudante para a vida adulta. É nesse momento que a escola deve introduzir uma reflexão mais profunda sobre o papel social do indivíduo.
Além disso, deve haver um foco maior na dimensão profissional para ajudar o aluno a escolher a carreira que deseja desempenhar.
Como trabalhar, na prática, o projeto de vida na escola?
Agora que você já sabe quais são as necessidades e competências que precisam ser desenvolvidas pelos estudantes em cada etapa do ensino, é preciso saber como trabalhar, na prática, o projeto de vida na escola.
Veja algumas dicas de como promover o desenvolvimento dessas reflexões e habilidades, e também como o tema pode ser trabalhado em cada disciplina:
Incentivar o protagonismo do aluno
O foco no desenvolvimento do projeto de vida na escola é mais um motivo para incentivar o protagonismo do aluno em seu próprio aprendizado. Para promover esse protagonismo, o ideal é implementar metodologias ativas de aprendizado em sua escola.
Quando o aluno é quem busca pelo conhecimento de forma ativa, ele desenvolve habilidades essenciais para outros setores da vida. Entre elas, a determinação e foco para alcançar seus próprios objetivos, a capacidade de solução de problemas e tomada de atitudes, além do pensamento crítico e inteligência emocional.
Realizar autoavaliações
As autoavaliações na escola também são uma forma de promover reflexões contínuas do estudante acerca de seu próprio papel e como ele o está desempenhando.
Ao desenvolver essa habilidade ele pode aplicar em diversas áreas da vida, levando para seu futuro. Além de se tornar mais crítico à devolutiva de professores e colegas, o que também pode ser transposto para outras relações pessoais.
Promover conversas sobre o tema
Para incentivar o estudante a desenvolver um projeto de vida na escola é preciso promover conversas sobre o tema, fazendo-o refletir sobre o assunto. Vale abrir as perguntas sobre o futuro, indo além das aspirações profissionais.
Uma dica para ajudá-los a montar o projeto de vida na escola é fazer perguntas sobre os seus objetivos para o ano, em diversas áreas da vida, e quais as estratégias traçadas para alcançá-los. Assim, o professor ajuda a colocar em prática as habilidades que vão sendo criadas de forma gradual na abordagem interdisciplinar do tema.
Abordar o tema nas disciplinas tradicionais
Além de trabalhar o tema de forma interdisciplinar, abordar alguns aspectos em cada disciplina pode ajudar no desenvolvimento de insumos para que o aluno realize seu planejamento de projeto de vida na escola. Saiba como:
- Português: ao compreender a origem da língua portuguesa, trabalha-se a identificação das próprias origens. Já ao conhecer as variações linguísticas de todo o Brasil, é possível mostrar a individualidade de cada parte do país, colaborando para o desenvolvimento social.
- Matemática: trazendo a educação financeira ao ensino da disciplina, a escola instrui as crianças e jovens a terem percepção real do dinheiro e seu valor. Entre outros benefícios, isso ainda incentiva o pensamento estratégico desde a infância.
- História: ao abordar a pluralidade cultural e histórica do Brasil, essa disciplina é mais uma maneira de realizar o resgate das origens familiares em sala de aula. Incentivando, assim, os jovens a refletirem sobre sua história e valores.
- Geografia: nessa disciplina é interessante abordar as diferenças sociais entre os bairros nas aulas sobre urbanização. Assim, o aluno entende a cidade e o meio em que vive e reflete sobre as maneiras individuais e coletivas para construir uma sociedade mais justa.
- Ciências: as ciências, em geral, ajudam o jovem a pensar sobre seu lugar no mundo. Também é uma forma de se aprofundar no mundo do trabalho e pensar em sua jornada a longo prazo.
Todos esses aprendizados, juntos, vão servir como combustível para o aluno desenvolver seu projeto de vida na escola. Compreendendo quem ele é, seu papel no mundo, e o que ele deseja ser, o jovem pode fazer um planejamento de vida mais consciente, minimizando as dificuldades no caminho para a vida adulta.
Como um sistema de ensino completo, o objetivo do SAE Digital é dar as ferramentas necessárias para que as escolas possam exercer seu papel da formação de cidadão para o mundo. Confira materiais que podem te ajudar nessa função:
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Conteúdo muito interessante e bem explicativo. Gostei muito, parabéns pelo excelente trabalho.
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