Educação financeira: como trabalhar com os alunos?


A educação financeira está presente na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e deve ser trabalhada em sala de aula. Portanto, os docentes precisam de formação sobre o tema.

Grande parte dos professores (59%) afirma não ter recebido formação sobre o assunto e não ter acesso a materiais didáticos de qualidade para trabalhar a Educação Financeira com os alunos, como apontou uma pesquisa do Instituto XP e da Nova Escola.

Diante desse cenário, é fundamental que as escolas promovam capacitação ao corpo docente, para garantir os conhecimentos necessários.

Um dos principais objetivos da educação financeira nas escolas brasileiras é promover uma vida financeira saudável desde a Educação Básica, em razão dos altos índices de endividamento em nosso país. Espera-se, assim, que as futuras gerações saibam lidar melhor com o dinheiro.

Educação financeira: como trabalhar com os alunos?

No post de hoje, confira como trabalhar a educação financeira com alunos e professores!

O que é e o que trabalhar dentro da educação financeira?

Educação financeira é o processo de ensino e aprendizagem que trabalha conceitos e produtos financeiros, desenvolvendo as competências necessárias para lidar com as oportunidades e riscos envolvidos. O objetivo é tornar os alunos conscientes quanto ao consumo, para que façam escolhas mais assertivas e desenvolvam uma vida financeira saudável.

A educação financeira trabalha conhecimentos e habilidades que envolvem os contextos financeiros, para formar cidadãos responsáveis, que gerenciam o dinheiro assertivamente e planejam o futuro de maneira consciente, evitando desperdício de recursos, investimentos equivocados, endividamento e inadimplência.

Entre os conteúdos trabalhados na educação financeira, estão:

  • compreender os produtos financeiros;
  • conhecer os riscos relacionados às finanças;
  • organizar as finanças pessoais;
  • desenvolver um plano de aposentadoria;
  • fazer investimentos mais assertivos;
  • saber poupar;
  • criar uma reserva de emergência;
  • ser um consumidor consciente;
  • tomar decisões mais assertivas com relação ao dinheiro;
  • planejar gastos;
  • aprender a fazer o dinheiro render;
  • saber lidar com os riscos e evitá-los.

Quatro pilares da educação financeira

A Educação Financeira pode ser trabalhada com base em quatro pilares.

  1. Reconhecer: identificar a situação financeira atual e definir os objetivos futuros em relação às finanças, visando a saúde financeira.
  2. Registrar: criar uma planilha para anotar todos os ganhos e todos os gastos, para compreender como as finanças estão sendo empregadas.
  3. Revisar: perceber se os gastos são maiores do que os ganhos, para fazer ajustes no orçamento e empregá-lo de maneira mais condizente; identificar também gastos desnecessários e eliminá-los, a fim de que sobre dinheiro, e não falte.
  4. Realizar: colocar em prática os objetivos, traçando metas para buscar a evolução financeira.

Para trabalhar a educação financeira com os alunos e os professores, é essencial abordar esses conhecimentos e habilidades na formação do corpo docente e no currículo escolar.

Como trabalhar a educação financeira em sala de aula?

A educação financeira está presente na Base Nacional Comum Curricular (BNCC); portanto, é importante seguir as orientações da base e trabalhar o tema como componente curricular de Matemática.

Entre os assuntos a serem trabalhados em sala de aula, estão:

  • taxas de juros;
  • inflação;
  • aplicações financeiras (rentabilidade e liquidez de um investimento);

As habilidades de educação financeira podem ser trabalhadas a partir do 5º ano, nos objetos de conhecimento dos números, conforme dita a BNCC, citada a seguir (BRASIL, 2018).

5º ano

(EF05MA06) Associar as representações 10%, 25%, 50%, 75% e 100% respectivamente à décima parte, quarta parte, metade, três quartos e um inteiro, para calcular porcentagens, utilizando estratégias pessoais, cálculo mental e calculadora, em contextos de educação financeira, entre outros.

6º ano

(EF06MA13) Resolver e elaborar problemas que envolvam porcentagens, com base na ideia de proporcionalidade, sem fazer uso da “regra de três”, utilizando estratégias pessoais, cálculo mental e calculadora, em contextos de educação financeira, entre outros.

7º ano

(EF07MA02) Resolver e elaborar problemas que envolvam porcentagens, como os que lidam com acréscimos e decréscimos simples, utilizando estratégias pessoais, cálculo mental e calculadora, no contexto de educação financeira, entre outros.

8º ano

(EF08MA04) Resolver e elaborar problemas, envolvendo cálculo de porcentagens, incluindo o uso de tecnologias digitais.

9º ano

(EF09MA05) Resolver e elaborar problemas que envolvam porcentagens, com a ideia de aplicação de percentuais sucessivos e a determinação das taxas percentuais, preferencialmente com o uso de tecnologias digitais, no contexto da educação financeira.

Ensino Médio

Compreensão do sistema monetário contemporâneo nacional e mundial, imprescindíveis para uma inserção crítica e consciente no mundo atual (…) incluindo a compreensão dos impactos das inovações tecnológicas nas relações de produção, trabalho e consumo.

Educação financeira: como trabalhar com os alunos?

Como trabalhar educação financeira de forma lúdica?

Como vimos, a educação financeira é uma habilidade importante que deve ser desenvolvida desde cedo. Assim, tornar o aprendizado lúdico pode fazer com que o processo de compreensão do tema seja mais interessante e envolvente para as crianças. Confira a seguir algumas formas de trabalhar a educação financeira de forma lúdica.

 

  • Jogos de tabuleiro: atualmente, é possível encontrar diversos jogos de tabuleiro que simulam situações financeiras, como administrar um negócio, lidar com investimentos ou até mesmo aprender sobre economia básica. Alguns exemplos populares são o Banco Imobiliário e o Jogo da Vida, que podem ajudar a compreender conceitos como orçamento, investimentos e tomada de decisões financeiras.
  • Simulações virtuais: há também jogos e aplicativos on-line de simulação financeira, nos quais é possível aprender sobre finanças de maneira interativa. Alguns aplicativos oferecem ainda desafios e cenários do mundo real, para que as crianças possam tomar decisões financeiras e ver as consequências de suas escolhas.
  • Teatro ou simulações: é possível organizar peças de teatro ou simulações em que os participantes interpretem diferentes papéis em situações financeiras. Isso permite vivenciar as consequências financeiras de suas escolhas de uma forma criativa e divertida. Exemplo: encenar uma situação em que os personagens tenham que tomar decisões sobre como economizar dinheiro ou investir em diferentes projetos.
  • Brincadeiras com dinheiro fictício: criar jogos que utilizem notas e moedas de brinquedo para desenvolver atividades que envolvam contagem, troco, orçamento e economia. Exemplo: criar uma lojinha ou mercado, em que as crianças tenham que fazer compras e calcular o valor total e o troco. Isso pode ser feito de forma lúdica, incentivando o aprendizado por meio da diversão.
  • Histórias e livros: utilizar histórias e livros que abordam temas financeiros, também pode ser eficaz para ensinar conceitos importantes. Existem livros infantis e infantojuvenis que tratam de assuntos como mesada, economia, planejamento financeiro, empreendedorismo, entre outros. A leitura pode ser uma forma divertida de aprender sobre finanças.

É importante lembrar que as atividades devem ser adaptadas conforme a faixa etária e o nível de conhecimento dos alunos. A educação financeira lúdica pode ser uma maneira eficaz de promover o aprendizado e incentivar a prática de hábitos financeiros saudáveis.

Como elaborar um projeto de educação financeira?

Um projeto de educação financeira pode ser desenvolvido em todas as etapas da Educação Básica no componente curricular da Matemática, cabendo às escolas aplicar o tema transversalmente e de forma integrada e contextualizada com as demais áreas do conhecimento.

Segundo a BNCC, “essa unidade temática favorece um estudo interdisciplinar envolvendo as dimensões culturais, sociais, políticas e psicológicas, além da econômica, sobre as questões do consumo, trabalho e dinheiro” (BNCC, 2018, p. 269, grifo nosso).

É preciso alinhar o projeto de educação financeira às diretrizes da BNCC, como é exemplificado no documento da base, que serve de guia para as escolas e professores:

É possível, por exemplo, desenvolver um projeto com a História, visando ao estudo do dinheiro e sua função na sociedade, da relação entre dinheiro e tempo, dos impostos em sociedades diversas, do consumo em diferentes momentos históricos, incluindo estratégias atuais de marketing. Essas questões, além de promover o desenvolvimento de competências pessoais e sociais dos alunos, podem se constituir em excelentes contextos para as aplicações dos conceitos da Matemática Financeira e também proporcionar contextos para ampliar e aprofundar esses conceitos. (BNCC, 2018, p. 269)

 

Com base nessa ideia, é possível pensar em um projeto que aborde a educação financeira de uma maneira mais ampla, integrando-a a outras áreas do conhecimento, contemplando sua complexidade e relevância para a vida dos alunos, nos âmbitos acadêmico, social, profissional e pessoal.

Os elementos necessários para elaborar o projeto, como sugere a Nova Escola (organização de impacto social sem fins lucrativos que compartilha projetos de educação financeira), incluem planos de aulas como o exemplo a seguir.

Etapa da educação

5º ano

Nome do projeto

“Cédulas e moedas: usando o dinheiro no dia a dia”

Descrição do projeto

(…) O plano traz a resolução de problemas envolvendo preços de produtos em situações de compra e venda, explorando as características do sistema de numeração decimal relacionadas ao uso do sistema monetário. Além disso (…), há uma proposta para o desenvolvimento de uma problematização que envolve conceitos relacionados às habilidades contempladas no plano de aula, em uma discussão em duplas e em duas etapas. O contexto é acessível e faz parte do cotidiano dos estudantes.

Componente(s) curricular(es) envolvido(s)

Matemática

Objeto de conhecimento

  • Relação dos décimos e centésimos com a representação do sistema monetário brasileiro.
  • Representação decimal de preços de produtos e seu uso em cálculos no contexto de situações de compra.

Objetivos de aprendizagem

  • Representar preços de produtos relacionando décimos e centésimos com o sistema monetário brasileiro.
  • Resolver problemas de adição e subtração em situações de compra envolvendo preços em reais e troco.
  • Elaborar problemas de multiplicação com números decimais utilizando estratégias diversas.

Competências gerais

  1. Conhecimento
  2. Pensamento científico, crítico e criativo
  3. Comunicação
  4. Trabalho e projeto de vida
  5. Argumentação

Período de realização

Uma aula de 50 minutos

Atividades propostas

Materiais utilizados

Habilidades trabalhadas

(EF05MA07): Resolver e elaborar problemas de adição e subtração com números naturais e com números racionais, cuja representação decimal seja finita, utilizando estratégias diversas, como cálculo por estimativa, cálculo mental e algoritmos.

(EF05MA08): Resolver e elaborar problemas de multiplicação e divisão com números naturais e com números racionais cuja representação decimal é finita (com multiplicador natural e divisor natural e diferente de zero), utilizando estratégias diversas, como cálculo por estimativa, cálculo mental e algoritmos.

Conclusão

As habilidades que envolvem a educação financeira devem ser desenvolvidas ao longo de todo o ano, não podendo ser abordadas em sua totalidade em apenas uma aula. O projeto envolve atividades contínuas em aulas subsequentes.

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