Como mapear o conhecimento dos alunos?


O conhecimento é um dos principais resultados esperados do processo de ensino e aprendizagem, pois ele viabiliza a construção do repertório formativo dos alunos. Para que sejam plenamente desenvolvidos, os conhecimentos prévios dos alunos devem ser mapeados para garantir a assimilação e aquisição de novos conhecimentos. No post de hoje, vamos abordar como mapear o conhecimento dos alunos, confira!

O que é mapear o conhecimento?

Mapear o conhecimento consiste em avaliar o nível de aquisição de conhecimento dos alunos por meio dos conhecimentos prévios (repertório de conceitos já adquiridos), o que permite identificar lacunas de aprendizagem.

É feito a partir de uma medida cognitiva que indica o grau de conhecimento do aluno em um determinado conteúdo, ou seja, o domínio que ele tem sobre o assunto em dado momento, medido a partir de uma métrica.

O aspecto cognitivo da aprendizagem envolve um conjunto de habilidades mentais necessárias para a construção de conhecimento, como pensamento, raciocínio, memória, linguagem e abstração. A aprendizagem cognitiva utiliza os conhecimentos prévios dos alunos, que servem como base para a aquisição de novos conhecimentos, os quais serão integrados ao repertório que o aluno possui.

Assim, é possível organizar as informações e integrá-las às estruturas mentais cognitivas já existentes, desenvolvendo um sentido mais concreto ao novo conteúdo adquirido, pois atua como uma ancoragem. Sem esse processo, o novo conhecimento é armazenado isoladamente, sem relação com a estrutura mental do aluno e sem atribuição de sentido, tornando a aprendizagem mecanicista e repetitiva, dificultando a assimilação efetiva do conhecimento.

David Ausubel, uma das principais referências em relação à aprendizagem cognitiva, ao estudar como os alunos assimilam as informações que recebem em sala de aula, concluiu que existe uma estrutura mental que processa a organização e integração do conhecimento. Dessa forma, Ausubel deu origem ao conceito de aprendizagem significativa.

Conclui-se então que mapear o conhecimento é analisar o conteúdo previamente adquirido pelos alunos, bem como sua estrutura cognitiva, para garantir a assimilação e armazenamento de novos conteúdos, efetivando, assim, a aprendizagem.

Qual a importância de mapear o conhecimento dos alunos?

Identificar o conhecimento prévio dos alunos é fundamental para prosseguir com o processo de ensino e aprendizagem, pois para adquirir novos conteúdos é importante ter uma “bagagem” de conhecimentos.

A BNCC considera o mapeamento do conhecimento dos alunos e o levantamento dos conhecimentos prévios, o ponto de partida para o trabalho que será desenvolvido em sala de aula, pois “verificar o que os estudantes sabem é condição fundamental para favorecer a escolha de estratégias didáticas que permitam ao professor provocar o estudante na construção de conhecimentos novos”.

Mapear o conhecimento dos alunos permite verificar a estrutura cognitiva que sustenta a aprendizagem, visto que as funções cognitivas e a relação entre elas possibilita a compreensão entre os processos mentais e os comportamentos humanos.

Além de estimular o desenvolvimento das funções cognitivas, avaliadas no mapeamento do conhecimento dos alunos, este processo auxilia na construção de uma aprendizagem significativa, essencial para uma formação integral.

Os dados obtidos no mapeamento também permitem identificar as lacunas de aprendizagem e adotar estratégias para melhorar as práticas pedagógicas e ajudar os alunos que apresentam dificuldades de assimilação.

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Como mapear o conhecimento dos alunos?

Para mapear o conhecimento dos alunos, uma das primeiras ações pode ser a aplicação de uma avaliação diagnóstica para identificar o conhecimento prévio, os conteúdos em que os alunos apresentam dificuldades e analisar as práticas pedagógicas do professor.

Essa avaliação inicial possibilita ao professor procurar estratégias para suprir as necessidades de conteúdo dos alunos, já que aponta a origem das dificuldades, permitindo uma intervenção assertiva e específica.

Avaliar a estrutura cognitiva também favorece no mapeamento do conhecimento e ajuda a identificar a origem das dificuldades dos alunos, analisando especificamente cada uma e a inter-relação existente entre elas. Os déficits de aprendizagem dos estudantes podem estar associados à(s):

  • Atenção: refere-se à seleção e à manutenção de um foco mediante um estímulo ou uma informação;
  • Memória: é a capacidade de armazenar informações e lembrar-se delas para utilizá-las no presente;
  • Linguagem: habilidade de uso de palavras, símbolos, gestos e sons para se comunicar;
  • Percepção: refere-se à habilidade de reconhecer, organizar e dar significado a um estímulo vindo do ambiente por meio dos órgãos sensoriais;
  • Funções executivas: são atividades neuropsicológicas responsáveis pelo planejamento e pela execução de tarefas, que envolvem habilidades como raciocínio lógico, estratégias, tomada de decisões e resolução de problemas.

O mapeamento do conhecimento dos alunos também pode ser feito considerando as etapas para a aquisição de conhecimento, que são as seguintes:

  • Sensação: é a primeira reação do cérebro ao receber uma nova informação através dos sentidos, que depois é captada pela consciência;
  • Percepção: formação de imagens mentais associadas à sensação inicial;
  • Simbolização: associação de determinada sensação à imagem mental, formando um conceito;
  • Memória: o conceito considerado útil é arquivado nesse “local” para ser lembrado e utilizado novamente;
  • Receptiva: uma informação é recebida, compreendida e reproduzida, mas sem que se desvende algo novo;
  • Descoberta: ocorre a partir da reordenação das informações, que se adaptam na mente e transformam-se em algo novo;
  • Repetitiva: é produzida quando os conteúdos são memorizados e repetidos, mas sem conexão com conhecimentos prévios, ou seja, não são totalmente compreendidos, somente reproduzidos;
  • Significativa: é a relação entre os conhecimentos prévios com os novos, o que forma um significado coerente à estrutura cognitiva.

Quando o aluno apresenta dificuldade em uma dessas etapas, a aprendizagem é comprometida, portanto, o mapeamento ajuda a identificar em que momento pode estar o correndo a defasagem e solucioná-la.

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Outra maneira de fazer o mapeamento é pelas condições que permitem a aprendizagem significativa:

  • Aprendizagem representacional: é considerado o tipo mais básico, que ocorre a partir do reconhecimento do significado de símbolos individuais e do que eles representam.
  • Aprendizagem conceitual: com base nos símbolos individuais, compreender com quais conceitos se relacionam, o que representam e o que significam.
  • Aprendizagem proposicional: refere-se aos significados de ideias expressas por grupos de palavras que representam conceitos, combinadas em proposições ou sentenças.
  • Aprendizagem subordinada: organização hierárquica dos conteúdos realizada pela estrutura cognitiva a partir da associação com o material prévio.
  • Aprendizagem subordinada derivativa: ocorre quando um conceito novo é derivado de um já existente na estrutura cognitiva.
  • Aprendizagem subordinada correlativa: ocorre quando um conceito novo é semelhante ao já existente, podendo ser entendido como extensão, elaboração, modificação ou quantificação.
  • Aprendizagem superordenada: ocorre quando um novo conceito é mais abrangente do que um já existente, de modo a substituir o anterior pelo mais completo.
  • Aprendizagem combinatória: refere-se aos conceitos aprendidos que não são subordinados nem superordenados, pois são generalizações inclusivas e esclarecedoras.

Outro recurso utilizado para realizar o mapeamento do conhecimento dos alunos são os mapas conceituais, ferramentas gráficas que organizam e representam o conhecimento, com mensagens complexas e estruturadas, em que os conceitos gerais ficam no topo do mapa e os específicos são dispostos hierarquicamente em seguida.

O mapa conceitual permite reunir todos os conhecimentos a serem mapeados, a partir de um conceito principal que se desdobra em diversos conhecimentos relacionados; ou seja, para entender o todo é preciso aprender as partes.

Depois disso, são formuladas questões a respeito do conceito para mapear o conhecimento. São estruturadas a partir de cinco elementos:

  1. Questionamentos: contém as perguntas relacionadas aos conceitos para identificar o nível adquirido de conhecimento;
  2. Conceitos avaliados: conceitos essenciais para solucionar cada questão;
  3. Subquestões: avalia o conceito (implícito ou explícito) em níveis;
  4. Respostas: avalia as respostas a partir do nível de domínio do conceito;
  5. Hierarquia: as questões principais precisam das respostas dos alunos, mas questões mediadoras podem ser utilizadas para investigar os conceitos sobre o quais os alunos têm domínio.

O mapeamento do conhecimento dos alunos pode ser realizado por observação, avaliações e atividades, que evidenciem cada aspecto mencionado; em conjunto, oferecem informações importantes sobre o nível de conhecimento adquirido pelos alunos e as dificuldades que possam ter encontrado.

Outro teórico que enfatizou a importância de mapear o que os alunos já sabem foi Jean Piaget. Ele também entendia que avaliar o conhecimento prévio de cada aluno é indispensável para realizar o mapeamento de seus conhecimentos. Piaget estudou o processo em que a criança passa de um conhecimento simples para um mais complexo. Observando como comparavam, classificavam, ordenavam e relacionavam diferentes objetos, ele compreendeu que a inteligência se desenvolvia por um processo de sucessivos estágios:

  • Sensório-motor: ocorre entre 0 e 2 anos. A criança começa a perceber as sensações e os objetos externos, bem como os efeitos que suas ações motoras causam sobre o meio;
  • Pré-operatório: ocorre a partir dos 2 anos e vai até os 7. O pensamento e a fala se desenvolvem e permitem criar representações da realidade externa, o que consolida as funções cognitivas;
  • Operatório-concreto: acontece entre 7 e 12 anos. O pensamento lógico se estabelece e permite a manipulação de informações e experiências, a resolução de problemas e o desenvolvimento da noção de certo e errado;
  • Operatório-formal: surge a partir dos 12 anos. É caracterizado pela capacidade de compreender conceitos abstratos e as outras pessoas, bem como avaliar diferentes experiências.

Desse modo, é possível mapear o conhecimento dos alunos mais novos, na fase da pré-adolescência, avaliando cada estágio.

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