processo de alfabetização

Confira no texto a seguir, algumas sugestões dos especialistas do SAE Digital de atividades que ajudam no processo de alfabetização. Confira!

“Ler não é decifrar, escrever não é copiar”. Emilia Ferreiro

Emilia Beatriz María Ferreiro Schavi é uma psicóloga e pedagoga argentina, conhecida por revolucionar o processo de alfabetização, seguindo o modelo de aprendizagem de Jean Piaget, com quem estudou e trabalhou.

Com base na psicolinguística, desvendou os mecanismos que possibilitam às crianças aprenderem a ler e escrever, o que impulsionou os educadores a reverem radicalmente seus métodos.

Seus estudos influenciaram a educação brasileira, desde a publicação de seus livros no país na década de 1980, que causaram um grande impacto sobre a concepção que se tinha do processo de alfabetização, os quais serviram de referência para os Parâmetros Curriculares Nacionais.

As pesquisas de Emilia Ferreiro revelaram que as crianças têm um papel ativo no aprendizado, elas constroem o próprio conhecimento, sendo necessário que os educadores redirecionem o foco do conteúdo ensinado para o sujeito que aprende – o estudante.

Conforme elucida a teoria de Emilia, o processo de alfabetização precisa de estratégias para viabilizar a aquisição da leitura e da escrita, por meio de atividades e ferramentas mais abrangentes, que façam parte do cotidiano da criança, para facilitar sua compreensão e acesso.

Essas estratégias precisam envolver experiências relevantes para as crianças, com atividades estimuladoras, principalmente para o Ensino Fundamental, pois o objetivo da aprendizagem deve ser a compreensão do sistema de escrita alfabética, na prática, ou seja, utilizar a leitura e a escrita no dia a dia e assimilar o mundo letrado.

Considerações iniciais para elaborar as atividades de alfabetização

Conforme as orientações da BNCC, as atividades devem ser desenvolvidas apoiadas em experiências que proporcionem a consolidação da aprendizagem da língua ouvida, oralizada e escrita, bem como a sua compreensão.

Para auxiliar os professores nessa tarefa, vamos apresentar alguns pontos importantes a serem considerados para iniciar o trabalho e algumas sugestões de atividades. Confira!

O desenvolvimento das habilidades de ler e escrever deve ser o foco inicial, pois estas atribuirão resultados mais significativos ao processo de escolarização em seu conjunto e para a compreensão do contexto no qual a criança está inserida.

Depois, é possível desenvolver a habilidade de atribuir sentidos aos textos. Para tanto, é necessário estimular e desafiar os estudantes a compreenderem o funcionamento da escrita alfabética e desenvolverem o hábito da leitura.

É somente a partir dessa compreensão que se constrói o domínio das convenções grafema/fonema, pertinentes à língua portuguesa. Sem leitura, sem escrita e sem compreensão textual não se consolida a aprendizagem de todas as áreas de conhecimento.

Para potencializar os processos e as etapas da alfabetização e do letramento, e facilitar o trabalho docente, é necessário realizar uma observação inicial como primeira atividade prática, para nortear as ações seguintes.

Essa análise pode ser feita de duas maneiras:

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É fundamental identificar em qual momento de aprendizagem o aluno se encontra, de modo que seja possível organizar situações de interação com a leitura e a escrita que sejam adequadas às suas necessidades, e possam incentivá-lo a avançar na aquisição da linguagem oralizada, lida, escrita e compreendida.

Com base nessa identificação, é possível acompanhar a evolução do processo e organizar atividades que promovam aprendizagem real, avanço de nível de hipóteses de escrita, construção coletiva, atividades práticas, experiências relevantes, aquisição da escrita e o domínio da leitura.

Deve-se considerar também as etapas envolvidas no processo de aquisição da linguagem escrita:

  1. Desenvolvimento da criança: maturação neurológica, consciência fonológica, habilidades cognitivas e linguísticas;
  2. Aprendizagem do sistema de escrita alfabética (já que a alfabetização não é a aprendizagem de um código, ou seja, decodificação);
  3. Leitura e escrita de textos como foco em sua função (função social do texto);
  4. Uso da leitura e da escrita em contextos culturais e sociais (função e adequação do texto aos sentidos dos quais ele se apropria em determinadas situações reais e em possíveis e diversificadas funções sociais).

Sugestões de atividades de alfabetização

Os livros do SAE Digital são bastante ricos na oferta de textos e sugestões de atividades no manual do professor, como o Baú de Letras – Descobrir (Livro 1 – Apoio para alfabetização), Baú de Letras – Conhecer (Livro 1 – Apoio para alfabetização) e os livros do 1.º e 2.º ano do Ensino Fundamental. As sugestões a seguir foram retiradas desses materiais.

Cada etapa do processo de alfabetização requer atividades específicas, que respeitem os quatro níveis de hipóteses de construção da escrita pelos quais as crianças passam.

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Atividade para identificar o nível de alfabetização da criança

Para propor atividades que ajudem no processo de alfabetização, é preciso fazer uma sondagem e identificar em qual nível a criança se encontra. Nossa sugestão é o passo a passo a seguir:

  1. Escolha quatro palavras de um mesmo campo semântico. Por exemplo, você pode escolher quatro tipos de alimentos/ brinquedos/ animais/ lugares/ roupas/doces;
  2. As quatro palavras escolhidas, de um mesmo campo semântico, devem ter o número de sílabas diferente. Dessa forma, você deverá escolher palavras com: uma, duas, três e quatro sílabas;
  3. Selecione quatro imagens para representar as palavras escolhidas;
  4. Ao lado de cada imagem, reserve um espaço para que a criança realize o exercício de escrita;
  5. Após as gravuras, insira duas linhas para a escrita de uma frase;
  6. Você poderá organizar a sondagem em uma folha para entregá-la pronta à criança ou realizá-la em uma folha em branco, na qual a criança vai fazendo o registro à medida que você vai mostrando as gravuras e orientando a realização da atividade;
  7. As palavras escolhidas vão checar se a criança já sabe representar cada som/fonema com a sua letra/sílaba correspondente;
  8. A escrita da frase escolhida vai sinalizar se a criança percebe que uma ideia ou frase pode ser formada por algumas palavras, ou se ela escreve de forma aglutinada. Muitas crianças escrevem como se as palavras juntas formassem uma nova e grande palavra.

Nível pré-silábico

Este nível caracteriza-se pelo fato de a criança ainda não relacionar as letras do alfabeto com os sons da língua falada, porém já começa a identificar a diferença entre outros símbolos e letras.

Uma atividade inicial, pode ser apresentar gravuras e construir junto com a criança a palavra correspondente, utilizando o apoio de um texto para as tentativas de escrita das palavras.

A atividade proposta na página 44 do livro Baú de Letras – Descobrir, sugere brincar com a escrita das palavras. Nessa atividade, as crianças devem levantar hipóteses a respeito de qual letra será adequada para completar a palavra, ou seja, qual letra que falta para a palavra ficar completa?

Dessa forma, o professor poderá estimular as crianças a levantar hipóteses para que elas, coletivamente, e por meio de brincadeiras, descubram as letras e seus valores sonoros.

Nessa primeira atividade, você já vai perceber quais são as crianças que reconhecem a unidade sonora, a relação grafema/fonema ou não. Se essa informação ficar clara para você, realize o registro na tabela para acompanhar a evolução.

Nível silábico

Neste nível, a criança interpreta as letras do alfabeto de acordo com sua maneira de percebê-las e também atribui valor sonoro a elas.

Para potencializar as possibilidades de aprendizagem das crianças, o professor pode brincar com a sonoridade das palavras. Para isso, peça-lhes que escolham as palavras que quiserem, e depois, coletivamente, repitam os vocábulos escolhidos batendo palmas, batendo os pés, dando um pulinho, erguendo os braços, estalando os dedos, tocando o objeto escolhido (ou usando outro marcador de acordo com a escolha das crianças e do professor), a cada unidade sonora pronunciada.

Para finalizar, é recomendado usar textos com sonoridade, como: parlenda, trava-línguas ou um pequeno poema. Nos livros do Baú de Letras, existem vários textos curtos e sonoros que são bastante apropriados para esse propósito.

Nível silábico-alfabético

Neste nível, a criança mistura um pouco da lógica construída no nível anterior com a identificação pontual e assertiva de algumas sílabas e unidades sonoras.

As atividades devem ser diversificadas e com textos de gêneros diferentes, pois a criança passa a compreender que a escrita corresponde aos “pedacinhos sonoros” das palavras que falamos, ou seja, ela entende que a palavra escrita é a palavra falada, porém, sabe que precisa estar atenta aos “sons que estão dentro” da palavra.

Você pode aproveitar a oportunidade para introduzir diversas brincadeiras com textos que tenham sonoridade agradável para que a criança saboreie as palavras e brinque com os sons de suas letras e sílabas.

Nível alfabético

Ao chegar nesse nível, a criança se encontra na última etapa do processo de apropriação do sistema alfabético, domina e compreende o valor das letras e sílabas, e a relação grafema/fonema. Seguem o princípio da escrita alfabética que é feita por meio de notações da pauta sonora das palavras.

Para este nível, sugere-se como atividade que sejam solicitadas da criança tanto a leitura de trechos de um texto quanto a escrita de frases curtas, para estimular o domínio do alfabeto e aprimorar a compreensão dos textos. Projetos de leitura já podem ser realizados.

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Atividades de alfabetização – Bingo dos sons iniciais

Atividade destinada aos alunos em processo de alfabetização que devem perceber que a palavra é constituída de significado e sequência sonora. Para tanto, é necessário refletir sobre as propriedades sonoras das palavras, e desenvolver consciência fonológica.

Objetivos didáticos:

O jogo consiste em distribuir uma cartela com palavras para cada aluno. O professor terá em mãos um recipiente com cada uma das palavras que constam nas cartelas, para sortear uma por vez.

Cada palavra sorteada deve ser lida em voz alta e repetida pelos alunos, ao mesmo tempo que eles identificam se sua cartela contém aquela palavra.

Ao ler a palavra em voz alta, pode-se dar um intervalo e relê-la, para garantir que todos os alunos tenham realmente acessado a informação e tenham tempo suficiente para compará-la às palavras da cartela.

Atividades de alfabetização – Quebra-Cabeça das Letras

Essa atividade permite que as crianças conheçam cada letra e aprendam a construir as palavras com a combinação entre elas. Desse modo, podem desenvolver e aprimorar a identificação das letras que iniciam as palavras, bem como consolidar os conhecimentos adquiridos em sala de aula.

As crianças recebem todas as cartas viradas e devem encontrar qual é a carta que indica a letra inicial da palavra que corresponde à imagem da carta recebida. As jogadas podem ser realizadas coletivamente.

A criança poderá falar outras palavras que comecem com essa mesma letra, se ela falar e acertar, sua equipe receberá um ponto a mais.

Atividades de alfabetização – Rimas

Utilize um texto que contenha rimas, e explore cada trecho para que as crianças se apropriem das rimas e sonoridades das palavras, comentando que algumas palavras do texto se combinam.

Proponha que as crianças descubram novas palavras e sugiram outras que comecem com as mesmas iniciais das palavras escritas anteriormente.

Escreva todas as palavras que você mostrou para as crianças e as que elas sugeriram em uma folha de papel bobina e fixe-a no chão ou na parede, de modo que as crianças tenham acesso.

Solicite que as crianças pintem com cores diferentes ou circulem as letras iniciais, e incentive-as a escreverem outras palavras, que também podem ser desenhadas.

Atividades de alfabetização – Batalha das palavras

A atividade consiste em contar o número de sílabas e comparar o tamanho das palavras, com o objetivo de compreender que existe uma regularidade na composição das palavras e que é necessário focar atenção a cada unidade, para estabelecer as relações grafofônicas.

À medida que os alunos são levados a pensar sobre quantas partes tem cada palavra e refletir sobre qual palavra é maior (quanto à quantidade de sílabas), também são levados a perceber que as palavras são constituídas de unidades silábicas.

Recomenda-se fazer fichas com figuras cujos nomes variam quanto ao número de sílabas, distribuir aos alunos e brincar de comparar o tamanho das palavras com as dos colegas.

Atividades de alfabetização – Palavra dentro de palavra

O intuito da atividade é que os alunos compreendam que as palavras são compostas de unidades sonoras menores e percebam que palavras diferentes possuem partes sonoras iguais.

A atividade consiste em apresentar palavras e realizar a decomposição de cada uma, de modo que possibilitem a análise e síntese das palavras. Tal prática favorece a reflexão sobre a formação das palavras, compostas de segmentos menores (sílabas e fonemas) que são utilizados para a produção de diversas outras palavras, oportunizando a reflexão sobre as correspondências entre o oral e o escrito.

O professor deve oferecer fichas com imagens e as respectivas palavras escritas, para que os alunos façam a decomposição e formem pares de palavras. O importante não é o aluno memorizar as palavras que fazem parte de outras palavras, mas perceber a lógica usada em nosso sistema de escrita, mediante o processo de reflexão.

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