A saúde mental na escola deve ser uma preocupação constante das instituições de ensino, pois esse é um local no qual podem aparecer diversas situações capazes de desencadear desequilíbrio emocional e transtornos mentais, como:
- violência;
- bullying;
- anorexia;
- abuso de drogas;
- automutilação;
- gravidez na adolescência;
- dificuldades de aprendizagem;
- timidez excessiva e dificuldades para socializar; entre outros.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) define os direitos fundamentais dessa população e inclui os aspectos mentais, os quais fazem parte da integralidade do ser humano, conforme o Artigo 3.º:
“A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade” (ECA, 1990).
Vamos saber mais?
O que é saúde mental?
O conceito de saúde, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é o completo bem-estar físico, mental e social, um estado de equilíbrio biopsicossocial, não apenas a ausência de doença ou enfermidade.
Nesse sentido, a saúde mental é o bem-estar psicológico, não somente a ausência de transtornos mentais. Isso significa estar bem consigo mesmo e com os outros, aceitar as exigências da vida, saber lidar com as emoções, reconhecer seus limites e buscar ajuda quando necessário.
O indivíduo que dispõe de saúde mental, goza de um estado de bem-estar no qual é capaz de usar suas próprias habilidades, buscar seus objetivos, recuperar-se do estresse rotineiro, ser produtivo e contribuir com a sua comunidade.
Segundo a Associação de Psicologia Americana (APA), a saúde mental está relacionada à forma como os pensamentos, os sentimentos e os comportamentos influenciam diretamente a vida de um indivíduo.
Ter autoestima, ou seja, cultivar uma imagem positiva de si mesmo, é um reflexo da saúde mental. Por isso, quando uma pessoa está bem consigo, consegue ter um bom relacionamento com os outros.
Sendo assim, os três pilares da saúde – corpo, mente, relações sociais – interagem entre si e configuram a saúde mental quando se encontram em equilíbrio, ao passo que o indivíduo é capaz de buscar ajuda quando surge um desequilíbrio.
Algumas características de saúde mental são:
- controlar-se emocionalmente diante de adversidades, o que possibilita ao indivíduo buscar uma estabilidade em sua vida;
- atuar na comunidade oferecendo contribuições por meio do trabalho, dos estudos, do cuidado com familiares e outras pessoas em situação de fragilidade;
- ter capacidade de definir metas para a sua vida e buscar alcançá-las;
- dispor de habilidade para definir estratégias de enfrentamento de dificuldades a fim de se recuperar (resiliência);
- possuir capacidade de manter relacionamentos saudáveis em diferentes esferas da sua vida;
- apresentar uma boa comunicação, expressando-se e ouvindo os outros.
A saúde mental é multifatorial e envolve aspectos ambientais, biológicos, sociais, econômicos, entre outros. Seu impacto é bastante expressivo na vida de todos nós e, ainda assim, é muito mais negligenciada que a saúde física.
Entretanto, diante de alguns sinais de que a saúde mental não vai bem, como a incapacidade de realizar as tarefas do dia a dia, é preciso buscar ajuda para que isso não impacte negativamente a vida da pessoa que está passando por um sofrimento psíquico.
Saúde mental na escola
Trabalhar a saúde mental na escola é uma forma de promovê-la e prevenir transtornos mentais, pois todos estamos suscetíveis a um desequilíbrio mental, inclusive crianças e adolescentes, bem como a equipe escolar.
De acordo com a OMS, 10% a 20% das crianças e dos adolescentes brasileiros apresentam algum tipo de transtorno mental e comportamental, que comprometem a vida escolar, como o rendimento acadêmico inferior, a evasão escolar e o envolvimento com problemas legais.
O impacto dos transtornos mentais na vida de jovens também foi aferido pelo Índice de Incapacidade por Doença, o qual revelou que esses transtornos são mais prejudiciais do que os demais problemas médicos na população de 10 a 24 anos.
Embora o diagnóstico e o tratamento de transtornos mentais devam ser prescritos pelos médicos, toda a sociedade pode e deve se preocupar em prevenir esses quadros clínicos e promover a saúde mental.
Nesse sentido, a Escola tem um importante papel social e precisa focar na prevenção e na promoção da saúde mental dos seus alunos e da comunidade escolar.
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Promoção de saúde mental na escola
A promoção da saúde mental na escola proporciona aos alunos informação sobre o tema e o desenvolvimento de habilidades pessoais e sociais que pode auxilia-los na buscar por hábitos saudáveis.
O acesso à informação permite maior autonomia aos alunos, levando-os ao empoderamento de suas vidas e ao rompimento com a impotência diante de uma doença. Ações informativas podem modificar o conhecimento e as atitudes em relação a problemas de saúde mental.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais afirmam que a promoção da saúde ocorre por meio da educação, que permite a adoção de estilos de vida saudáveis, o desenvolvimento de aptidões e capacidades individuais, a produção de um ambiente saudável e a implantação de políticas públicas voltadas para a qualidade da vida e dos serviços de saúde.
Segundo a ONU, a promoção da saúde envolve os determinantes sociais da saúde, como a educação, por meio de ações coletivas, intersetoriais e fomentadoras de políticas públicas.
Prevenção da saúde mental na escola
A prevenção refere-se à atividade de controle dos fatores de risco que antecedem os transtornos mentais, visando impedir a progressão desse processo em direção aos problemas de saúde.
Uma ação importante de prevenção é realizar a observação dos alunos que podem estar apresentando sinais de que seu estado mental não está saudável e fazer um encaminhamento.
Algumas atitudes que viabilizam ações promotoras da saúde mental na escola são:
- ter visão ampla de todos os aspectos da escola, provendo um ambiente saudável e que favorece a aprendizagem;
- dar importância à estética da escola, assim como ao efeito psicológico direto que ela tem sobre professores e alunos;
- fundamentar-se em um modelo de saúde que inclua a interação dos aspectos físicos, psíquicos, socioculturais e ambientais;
- promover a participação ativa de alunos e alunas;
- reconhecer que os conteúdos de saúde devem ser necessariamente incluídos nas diferentes áreas curriculares;
- entender que o desenvolvimento da autoestima e da autonomia pessoal é fundamental para a promoção da saúde;
- valorizar a promoção da saúde na escola para todos;
- ter visão ampla dos serviços de saúde que tenham interface com a escola;
- reforçar o desenvolvimento de estilos saudáveis de vida que ofereçam opções viáveis e atraentes para a prática de ações que promovam a saúde;
- favorecer a participação ativa dos educadores na elaboração do projeto pedagógico da educação para a saúde;
- buscar estabelecer inter-relações na elaboração do projeto escolar.
Como trabalhar a saúde mental na escola?
A escola tem um papel central na vida de crianças e jovens, e é responsável por oferecer uma formação integral, que abrange todos os aspectos de suas vidas, promovendo o desenvolvendo cognitivo e socioemocional.
As competências gerais da BNCC reforçam esse compromisso das instituições de ensino ao promover a saúde mental na escola, as quais devem ser incluídas nos currículos e aplicadas no dia a dia da sala de aula.
Para promover a saúde mental na escola e prevenir os transtornos mentais, a BNCC define as competências socioemocionais como abordagem. Para desenvolvê-las, é preciso trabalhar as competências relacionadas a seguir.
A autoconsciência estimula o autoconhecimento, o que permite ao aluno identificar suas forças e suas limitações, a fim de manter uma atitude otimista e voltada para o seu crescimento.
Já a autogestão ensina a criança e o adolescente a gerenciar de modo eficiente o estresse, a controlar os impulsos e a definir as metas para construir seu projeto de vida com autonomia.
No âmbito relacional, a consciência social desenvolve o exercício da empatia, de modo que o aluno consiga colocar-se no lugar do outro e entendê-lo, respeitando a diversidade e permitindo um bom relacionamento com as pessoas a sua volta.
As habilidades de relacionamento permitem ouvir com empatia, comunicar-se de modo assertivo, cooperar com os demais, resistir à pressão social inadequada (como o bullying, por exemplo) e solucionar conflitos de modo construtivo.
A tomada de decisão responsável otimiza as escolhas pessoais e as interações sociais segundo as normas, os cuidados com a segurança e os padrões éticos da sociedade.
As ações adotadas pelos professores para trabalhar essas competências em sala de aula devem considerar:
- intencionalidade e reciprocidade: o educador deve apresentar objetivos e metas claras e concretas para produzir maior reciprocidade entre os alunos;
- significado: o conceito trabalhado na aula deve ser explicado e relacionado às suas implicações com outros conceitos, de modo objetivo, verificando se o aluno os compreendeu;
- transcendência: articular as aprendizagens de modo que transcendam o “aqui e agora”, favorecendo o aluno a pensar sobre as implicações do que está sendo “dito e feito”;
- competência: proporcionar ao aluno que se sinta “capaz” de aprender, favorecendo sua motivação e autoestima;
- regulação e controle do comportamento: oferecer apoio ao aluno para controlar e regular suas ações nas diferentes situações, incluindo as estressoras e propondo uma discussão reflexiva;
- compartilhar: manter e reforçar o clima escolar de respeito, ajuda mútua, valorização da importância do controle das emoções, da boa comunicação, do balanceamento entre os objetivos/metas pessoais e do grupo, por meio de debates, troca de ideias e reflexões;
- individuação e diferenciação psicológica: valorizar as diferenças, desenvolvendo a consciência e a singularidade de cada aluno – e como ela pode coabitar com o grupo e fortalecê-lo;
- planejamento e busca por objetivos: apoiar o aluno na identificação de suas metas e ajudá-lo no planejamento para que sejam alcançadas;
- procura pelo novo e pela complexidade: propor situações desafiadoras e incentivar a sua resolução de modo respeitoso;
- consciência da modificabilidade: sempre buscar novos caminhos, recursos e estratégias, para apoiar todos os alunos;
- sentimento de pertença: apoiar o aluno a identificar as pessoas que se aproximam ou que se identificam com ele e auxiliar os alunos a se sentirem pertencentes a um grupo;
- construção do vínculo: buscar vincular-se aos alunos e vice-versa, pois o vínculo é fundamental para a ação em grupo.
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