Como incentivar a leitura na Educação Básica?


É fundamental encontrar formas criativas e diferenciadas de incentivar a leitura na educação básica para assegurar o êxito do processo de ensino e aprendizagem. Além disso, esse estímulo é necessário para ajudar a reverter estatísticas alarmantes. Para se ter uma ideia do cenário atual, o Brasil perdeu, entre 2015 e 2019, 4,6 milhões de leitores. A pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, desenvolvida pelo Instituto Pró-Livro em parceria com o Itaú Cultural, reforça o desafio que as famílias e a escola têm com a formação de nossas crianças e adolescentes.

A leitura na educação básica, que deve ser aprimorada a partir das experiências prévias construídas em casa desde o início da primeira infância, será preponderante para que os estudantes desenvolvam habilidades de comunicação oral e escrita, essenciais para garantir relações sociais produtivas, intensificar a capacidade expressão e possibilitar uma melhor convivência em sociedade.

A leitura é uma ferramenta poderosa no processo de produção do conhecimento. É por meio dela que os estudantes desenvolvem habilidades que serão essenciais em todas as disciplinas e para a vida, como criatividade, memória, senso crítico e atenção. Graças à combinação de todas essas características, as crianças e os adolescentes desenvolvem a autoconfiança e se engajam nas atividades propostas no espaço escolar. O hábito de leitura também reforça positivamente a sensação de pertencimento.

Por essas razões, desde a Educação Infantil, é essencial que as escolas tenham um projeto de incentivo à leitura. O primeiro passo é se orientar pelas áreas de conhecimento especificadas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

A leitura, independentemente da disciplina, é primordial para a construção do saber. Dessa maneira, cabe aos professores e demais profissionais da educação o compromisso de buscar atividades que fortaleçam a reflexão, a análise crítica e o envolvimento com diversos tipos de linguagem. Leia um artigo interessante do SAE Digital que aborda maneiras de desenvolver o hábito de leitura na escola.

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O que não pode faltar no projeto de incentivo à leitura da sua escola

Definição clara dos objetivos

Com base nas diretrizes preconizadas pela BNCC, é preciso determinar os objetivos de aprendizagem para cada etapa da educação básica e avaliar as características das diferentes faixas etárias. É essencial que a construção desse material seja democrática e receba colaborações de todos os agentes presentes no cotidiano da escola.

Elaboração de uma bibliografia que potencialize o projeto

O componente principal do seu projeto de incentivo à leitura serão os livros escolhidos para dar forma à ação. Eles devem ser impulsionadores de possibilidades para ampliar as experiências e proporcionar o engajamento esperado.

Atividades lúdicas são recomendadas

Se o objetivo é formar leitores ainda na infância, as atividades lúdicas são essenciais para potencializar o ensino e o aprofundamento dos mais diversos conteúdos. O livro será o ponto de partida para inúmeras propostas de trabalho. É interessante buscar soluções criativas que também envolvam recursos digitais.

Um bom planejamento faz a diferença

Dedique-se totalmente à criação do projeto de incentivo à leitura, o qual deve ser colaborativo e dispor de um cronograma detalhado com metas bem claras para assegurar o êxito de todas as atividades. Um cuidado importante é evitar um projeto totalmente engessado, ou seja, deve haver abertura para fazer modificações ou acrescentar iniciativas que surjam no decorrer do período letivo.

Por que incentivar a leitura na educação básica?

Com a intensificação do uso dos smartphones, tornou-se ainda mais fundamental ler e escrever adequadamente para se comunicar bem. Diante desse hábito tecnológico, é estratégico utilizar e adequar as tendências atuais para fomentar a formação de leitores.

Os diferentes segmentos da educação básica devem ser aproveitados ao máximo para garantir o desenvolvimento da produção e compreensão de textos. O estímulo correto a essas potencialidades transforma realidades.

Para que essa missão seja bem-sucedida, a escola precisa assumir esse compromisso, afinal, durante as aulas a leitura pode ser amplamente trabalhada. Ademais, por meio das variadas atividades propostas no espaço escolar é possível despertar o interesse dos alunos no universo literário.

A formação de leitores não é um processo isolado e restrito aos professores. A comunidade escolar precisa abraçar essa causa, assim como as famílias. A participação de todos será inspiradora e garantirá excelentes resultados. Afinal, é essencial que a leitura seja realidade na vida de todos os envolvidos.

Caminhos para incentivar a leitura

  • Invista na leitura dramatizada: para potencializar habilidades importantes, como a expressão, a socialização e a colaboração, pode ser interessante propor aos alunos que interpretem e criem situações diferenciadas por meio da leitura de um texto ou livro. Essa dramatização é muito rica e, dependendo da proposta, pode envolver colaboradores da escola e familiares.
  • Explore os benefícios da leitura compartilhada: o formato pode variar (em grupos, pares, com a turma toda, entre outras possibilidades), e é uma excelente oportunidade para desenvolver o autocontrole e trabalhar questões relacionadas ao respeito e à atenção.
  • Promova trocas de ideias e experiências: o desenvolvimento do senso crítico é exponenciado com debates e discussões. Além de gerar reflexão, esse tipo de atividade faz com que a criança e o adolescente aprendam a lidar com opiniões diferentes e a respeitar diferentes pontos de vista.
  • Utilize os quadrinhos e gibis, aliados indispensáveis: HQs, como as da Turma da Mônica, do quadrinista Mauricio de Sousa, são excelentes para aprimorar o hábito da leitura. Como são muito próximas da realidade das crianças e dos adolescentes, essas publicações geram identificação.
  • Estimule a criatividade e a imaginação: quer algo mais desafiador do que a proposta de recontar uma história que já existe? Essa atividade possibilita que a criança e o adolescente acessem seus repertórios de experiências e gostos para dar um novo direcionamento a uma narrativa.
  • Aproprie-se das mídias digitais: a BNCC estimula a exploração dos recursos tecnológicos e das fontes confiáveis de leitura. Pense em alternativas para encantar e estimular ainda mais o engajamento da geração Z. A experiência de leitura também pode ser aprimorada com o uso das telas.

A literatura faz parte de toda a educação básica e merece atenção especial

É preciso remover a ideia equivocada de que a literatura permeia apenas a reta final da educação básica. Não é verdade, pois não é apenas no ensino médio que ela se torna parte fundamental do processo de ensino e aprendizagem.

Apesar de ela se tornar uma disciplina autônoma na grade curricular apenas nessa fase do ensino, ou de simplesmente ganhar então um status diferenciado no ensino de língua portuguesa, como estratégia para os vestibulares e para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), entende-se que a literatura deve permear todas as etapas da educação básica. Afinal, se ela não estiver presente desde a educação infantil, é muito mais difícil formar novos leitores e garantir o pleno desenvolvimento dos estudantes.

A literatura está inserida em qualquer etapa do ensino fundamental quando se trabalha um texto literário. O processo de alfabetização, com parlendas, fábulas e contos, também depende da literatura para que a criança aprenda cada vez mais.

De fato, o ensino da literatura está presente em toda a educação básica. O que talvez falte, como comentado anteriormente, seja um projeto mais claro de incentivo à leitura, que precisa ser prioridade em todas as escolas.

Base Nacional Comum Curricular: Entenda as competências que são o “fio condutor” da BNCC

Literatura na BNCC

Em relação à educação infantil, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) traz um desafio que merece ser avaliado e colocado em discussão: “Essa intencionalidade [educativa] consiste na organização e proposição, pelo educador, de experiências que permitam às crianças conhecer a si e ao outro e de conhecer e compreender as relações com a natureza, com a cultura e com a produção científica, que se traduzem nas práticas de cuidados pessoais (alimentar-se, vestir-se, higienizar-se), nas brincadeiras, nas experimentações com materiais variados, na aproximação com a literatura e no encontro com as pessoas”.

A BNCC vai além na associação entre a literatura e o estímulo à leitura na educação infantil, ao sustentar que “As experiências com a literatura infantil, propostas pelo educador, mediador entre os textos e as crianças, contribuem para o desenvolvimento do gosto pela leitura, do estímulo à imaginação e da ampliação do conhecimento de mundo”.

Além disso, a BNCC apresenta uma tabela em que menciona as “Competências Específicas de Língua Portuguesa para o Ensino Fundamental”. A competência 9 dessa tabela reforça a importância da leitura na educação básica: “Envolver-se em práticas de leitura literária que possibilitem o desenvolvimento do senso estético para fruição, valorizando a literatura e outras manifestações artístico-culturais como formas de acesso às dimensões lúdicas, de imaginário e encantamento, reconhecendo o potencial transformador e humanizador da experiência com a literatura”.

Ao percorrer todas as etapas da educação básica, a literatura, em seus diferentes gêneros, assume papel essencial para o desenvolvimento completo dos estudantes e a garantia da formação de novos leitores.

Dicas para trabalhar textos literários em sala de aula

  • Além de ser essencial para o trabalho de letramento, a literatura deve ser protagonista em inúmeras atividades realizadas na sala de aula. Deve-se buscar identificar, por meio das variadas possibilidades de trabalho com as obras, as questões relevantes para a construção do processo de aprendizagem, com a essencial mediação do professor .
  • Jamais subestime a capacidade do aluno-leitor no trabalho com o texto literário. Diante da variedade de gêneros, o aluno-leitor precisa de autonomia para desenvolver a sua subjetividade. A mediação do professor sempre fará a diferença.
  • Evite pensamentos “fechados” sobre as possíveis interpretações de uma obra. Não limite a possibilidade de reflexão do estudante ao apresentar análises prontas ou entregar o mapa do caminho da leitura sem oferecer alternativas de reflexão.
  • Avalie o tempo disponível para a leitura literária em sala de aula. Na prática, pode ser mais vantajoso trabalhar detalhadamente um texto, percorrendo diferentes possibilidades de interpretação, do que trazer uma série de produções literárias que não poderão ser trabalhadas de forma aprofundada.
  • A prática da leitura de obras literárias precisa fazer parte da rotina no ambiente escolar. Tornar essa atividade frequente permite o encadeamento com outros saberes, sem que ela fique atrelada a urgências quantitativas e conteudistas.
  • O trabalho com a literatura exige paciência com o engajamento e o retorno dos alunos. Há livros que cativam e outros que não serão bem aceitos, ou até mesmo serão rejeitados pelos alunos. Por isso, é necessário pensar bem na abordagem e na seleção dessas obras.
  • O sucesso de uma obra literária em sala de aula depende do bom cumprimento de todas as etapas do processo de letramento literário. Saber aguçar a curiosidade do jovem leitor e contextualizar o livro apresentado são pré-requisitos para isso. A própria materialidade, ou seja, o contato com as ilustrações, recursos visuais da capa e outros predicados gráficos do livro também pode tornar a atividade mais atraente.

Vale lembrar que a leitura na educação básica também deve servir de estímulo para o desenvolvimento da escrita. Afinal, sem um vocabulário prévio e sem referências, dificilmente os alunos se sentirão suficientemente motivados para aprimorar essa habilidade. O incentivo a essas práticas, além disso, fortalece a autonomia intelectual.

Por essas e outras razões, entende-se que apresentar obras literárias e favorecer a discussão em torno da interpretação dos alunos para as mais diversas narrativas, além de dialogar sobre os efeitos de sentido construídos pelo autor em seu texto, são medidas necessárias para o sucesso do processo de aprendizagem. Recomenda-se, ainda, a organização de rodas de leitura, a produção de textos de gêneros literários diversos, entre outras possíveis iniciativas.

Com todas essas medidas, a leitura na educação básica será repleta de surpresas e de inúmeras possibilidades. A formação de leitores é também um importante exercício de cidadania e um dever de todas as escolas. Compartilhe essa ideia!

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