aprendizado geral

A Alfabetização Plena se configura como o desenvolvimento máximo da alfabetização, em que o indivíduo possui todas as habilidades necessárias para atuar na sociedade letrada, se comunica e se relaciona através da linguagem escrita e falada.

A alfabetização consiste na aprendizagem da escrita alfabética, enquanto código de comunicação, visando ao domínio sistema convencional de escrita e linguagem: conhecer e entender as letras para construir palavras e, então, aprender a ler e escrever. A alfabetização é a etapa básica da formação escolar e social de um indivíduo, sendo composta pelo processo de aprendizagem e aquisição de habilidades básicas que servirão como base para o aprendizado geral.

O processo de alfabetização se inicia ao final da Educação Infantil, momento em que as letras começam a ser apresentadas para as crianças, seguidas da formação de sílabas, depois de palavras e pequenas frases. Seu objetivo é que o aluno consiga não apenas ler e escrever, mas compreender o que está sendo lido e escrito, interpretar e produzir conhecimento, o que caracteriza o letramento.

A Unesco compreende a alfabetização de modo mais amplo, não somente como a habilidade de ler e escrever, mas sim “um processo de aquisição de habilidades cognitivas básicas, responsáveis por contribuir para o desenvolvimento socioeconômico da capacidade de conscientização social e da reflexão crítica como base de mudança pessoal e social”.

Para a Política Nacional de Alfabetização (PNA), instituída pelo Decreto nº 9.765, de 11 de abril de 2019, a alfabetização é fundamental para a vida escolar e para o pleno exercício da cidadania. Segundo a BNCC, a alfabetização é o foco dos anos iniciais do Ensino Fundamental, pois aprender a ler e escrever amplia as possibilidades de construir conhecimentos e permite a inserção na cultura letrada e a participação social com mais autonomia e protagonismo.

O que é Alfabetização Plena?

Para entender o que é Alfabetização Plena, é preciso retomar as origens do conceito de alfabetização, que ao longo da história tem sido discutido e modificado para se adequar às demandas sociais. Até o ano de 1958, a Unesco definia uma pessoa alfabetizada pela capacidade de ler e escrever textos simples. Após 20 anos, adotou o termo “alfabetismo funcional” para definir quem, além de ler e escrever textos simples, consegue interpretar o texto, imagens e gráficos, e fazer uso dessa habilidade em diversas esferas sociais.

A partir disso, surgiu o Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) no Brasil, uma pesquisa com o objetivo de mensurar o nível de alfabetismo da população brasileira entre 15 e 64 anos, avaliando suas habilidades e práticas de leitura, escrita e matemática aplicadas ao cotidiano. O Inaf estabeleceu uma escala para medir o grau de domínio das habilidades de leitura, escrita e matemática demonstrado pelos participantes do estudo, permitindo a identificação de dois grupos:

  1. Analfabetos funcionais
  1. Analfabeto: não consegue realizar tarefas simples que envolvem a leitura e a escrita. Alguns sabem ler e escrever coisas simples, mas não têm as competências necessárias para atender ás demandas cotidianas e o seu desenvolvimento pessoal e profissional.
  2. Rudimentar: consegue localizar informações básicas em textos, ler e escrever números comuns, e realizar operações simples.
  1. Alfabetizados funcionais
  1. Elementar: lê e compreende textos mais extensos, realiza pequenas inferências, resolve problemas matemáticos simples e compreende gráficos ou tabelas simples.
  2. Intermediário: lê e compreende diversos tipos de texto, resolve problemas matemáticos mais complexos, interpreta e elabora sínteses de textos diversos, e reconhece figuras de linguagem.
  3. Proficiente (Pleno): lê e compreende textos complexos, analisa e relaciona suas partes, compara e avalia informações, e distingue fato de opinião. Quanto à matemática, interpreta tabelas e gráficos de maior complexidade, compreendendo determinados elementos, como escala, tendências e projeções.

Com base nos níveis de alfabetização estabelecidos pelo Inaf, conclui-se que a Alfabetização Plena é o mais alto nível de domínio da leitura e da escrita, bem como das habilidades de cálculo e resolução de problemas, que permitem o desenvolvimento de competências fundamentais para atender às demandas sociais e pessoais.

Quais são os desafios da Alfabetização Plena?

A Alfabetização Plena é um grande desafio no Brasil. Conforme o Inaf, somente um a cada quatro brasileiros está no nível de alfabetismo pleno. Assim, o país está muito longe de alcançar o domínio de tais habilidades essenciais ao indivíduo para inserção na sociedade letrada e na ascensão social.

A última avaliação do Inaf, realizada em 2018, aponta que somente 45% dos indivíduos que chegaram aos anos finais do Ensino Fundamental ou que concluíram a etapa, alcançaram o nível elementar de alfabetização. Os dados também revelam que apenas 45% dos entrevistados que chegaram ao Ensino Médio alcançaram os dois níveis mais altos das escalas de alfabetismo.

Já entre aqueles que ingressaram ou concluíram o Ensino Superior, 96% são considerados funcionalmente alfabetizados, mas apenas 34% alcançaram o nível pleno. Isso mostra que o fato de terem frequentado escola, e até mesmo a universidade, não assegura que tenham habilidades suficientes para utilizar a leitura e a escrita de modo assertivo em diferentes contextos da vida cotidiana. Diversos fatores contribuem para esse cenário, entre eles:

  1. Falta de dados: os dados mais recentes são os da Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA) de 2016, que foi descontinuada, e do Inaf, de 2018. A falta de informações atualizadas dificulta a busca por soluções para equiparar a grande desigualdade na aprendizagem.
  2. Alfabetização inadequada: de acordo com a ANA e o Inaf, as dificuldades surgem já no início do processo de aprendizagem, visto que somente 45% dos indivíduos que chegaram aos anos finais do Ensino Fundamental alcançaram o nível elementar de alfabetização.
  3. Desigualdade social: indivíduos com nível socioeconômico menor apresentam resultados inferiores de alfabetização se comparados aos que possuem melhores condições financeiras, de acordo com a ANA. Muitas pessoas precisam abandonar a escola para trabalhar, por exemplo, o que aumenta a evasão escolar.
  4. Disparidades regionais: existe diferença na educação oferecida para cada região: as regiões Norte e Nordeste, por exemplo, ficaram abaixo da média brasileira nos níveis de proficiência, segundo dados do MEC, Inep e Doeb, de 2016.
  5. Inadequação entre idade e série: 14,9% dos estudantes brasileiros têm dois anos ou mais acima da idade de referência para a sua etapa do ensino, conforme o SAEB de 2016.

Alfabetização Plena

Como proporcionar uma Alfabetização Plena?

O Plano Nacional de Educação (PNE) estabeleceu como a primeira de suas diretrizes a erradicação do analfabetismo. Para tanto, definiu como meta alfabetizar todas as crianças até o final do 3º ano do Ensino Fundamental. Para alcançar essa meta, as estratégias a serem adotadas pelas escolas são:

  1. Estruturar os processos pedagógicos de alfabetização nos anos iniciais do Ensino Fundamental, articulando-os com as estratégias desenvolvidas na pré-escola, com qualificação, valorização e apoio pedagógico específico para os professores, a fim de garantir a alfabetização plena de todas as crianças.
  2. Instituir instrumentos de avaliação nacional periódicos e específicos para aferir a alfabetização das crianças, aplicados a cada ano, bem como estimular os sistemas de ensino e as escolas a criarem os respectivos instrumentos de avaliação e monitoramento, implementando medidas pedagógicas para alfabetizar todos os alunos até o final do terceiro ano do Ensino Fundamental.
  3. Selecionar, certificar e divulgar tecnologias educacionais para a alfabetização de crianças, assegurada a diversidade de métodos e propostas pedagógicas, bem como o acompanhamento dos resultados nos sistemas de ensino em que forem aplicadas, devendo ser disponibilizadas, preferencialmente, como recursos educacionais abertos.
  4. Fomentar o desenvolvimento de tecnologias educacionais e de práticas pedagógicas inovadoras que assegurem a alfabetização e favoreçam a melhoria do fluxo escolar e a aprendizagem dos alunos, consideradas as diversas abordagens metodológicas e sua efetividade.
  5. Apoiar a alfabetização de crianças do campo, indígenas, quilombolas e populações itinerantes, com a produção de materiais didáticos específicos, e desenvolver instrumentos de acompanhamento que considerem o uso da língua materna pelas comunidades indígenas e a identidade cultural das comunidades quilombolas.
  6. Promover e estimular a formação inicial e continuada de professores para a alfabetização de crianças, com o conhecimento de novas tecnologias educacionais e práticas pedagógicas inovadoras, estimulando a articulação entre programas de pós-graduação stricto sensu e ações de formação continuada de professores (as) para a alfabetização.
  7. Apoiar a alfabetização das pessoas com deficiência, considerando as suas especificidades, inclusive a alfabetização bilíngue de pessoas surdas, sem estabelecimento de terminalidade temporal.

Para proporcionar uma Alfabetização Plena, é preciso investir nela desde a Educação Básica, que é quando se inicia o desenvolvimento das crianças, bem como promover o acesso à cultura, à informação e à leitura. Para tanto, é necessário construir escolas bem equipadas que ofereçam meios para a Alfabetização Plena, com uma infraestrutura acolhedora para toda comunidade, além de professores qualificados e valorizados.

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Como apoiar a criança no processo de alfabetização?

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Entrevista com Lucélia Secco: Processo de Alfabetização no Ensino Híbrido

O SAE Digital entrevistou Lucélia Secco, professora e educadora especializada em Educação Infantil, na 2ª edição da Jornada Bett On-line, para falar a respeito do processo alfabetização e letramento no ensino híbrido.

Para ela, a alfabetização e o letramento devem acontecer juntos, para possibilitar uma proficiência plena de aprendizagem. A aquisição da linguagem através da leitura e da escrita deve ser desenvolvida desde o início da educação, sendo que a alfabetização refere-se à aquisição do sistema linguístico, enquanto o letramento é o uso competente desse sistema dentro das práticas sociais. Eles são complementares, a criança não é alfabetizada e depois letrada, e vice-versa; assim, a apropriação da linguagem depende dos dois.

A alfabetização tem uso individual, e é o próprio indivíduo que produz e interage com a leitura e a escrita. Já no letramento, o uso é social e vai de acordo como a linguagem se apresenta na sociedade.

Para que a alfabetização plena ocorra no ensino híbrido, segundo ela, é preciso que a escola ofereça materiais de qualidade para dar referência e orientação no processo de aprendizagem, bem como uma plataforma digital para possibilitar a continuação dos estudos em casa. Lucélia ressalta um detalhe importante: a alfabetização de crianças menores requer o auxílio da família em casa, pois elas ainda não têm autonomia para construir sozinhas a aprendizagem.

Confira na íntegra a fala de Lucélia Secco, acessando o vídeo:

Como o SAE Digital pode ajudar na Alfabetização Plena?

O SAE Digital oferece materiais didáticos totalmente de acordo com as competências da BNCC, promovendo a Alfabetização Plena e os desenvolvimentos humano e global dos estudantes, da Educação Infantil ao Pré-Vestibular.

O Ambiente Virtual de Aprendizagem do SAE oferece atividades totalmente em conformidade com o material impresso. É um grande aliado do professor, pois oferece videoaulas e atividades sobre 100% dos conteúdos lecionados em todo o segmento, fomenta o comprometimento, promove o uso das metodologias ativas e oferece um acompanhamento real e eficaz da performance dos alunos.

Para ajudar as famílias a auxiliarem as crianças no processo de alfabetização, o SAE lança o projeto “Escola de Pais”, com o desejo de chegar até os lares e impactar pais e responsáveis de alunos de todo o Brasil, levando informação, formação, conhecimento e reflexão.

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Alfabetização Plena

Imagem: Freepik

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