Enem — Confira a evolução da prova de Redação do Enem


Evolução da prova do Enem

A evolução da prova do Enem ampliou o acesso dos estudantes brasileiros ao Ensino Superior e tornou o exame mais inclusivo, mas nem sempre foi assim. Confira como foi esse processo!

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) surgiu em 1998, com o único intuito de avaliar o desempenho dos alunos desta etapa da educação e verificar o nível educacional do Brasil.

Os dados obtidos no exame tinham o propósito de elaborar políticas educacionais para o aprimoramento da educação no país, principalmente da rede pública de ensino.

Enem — Confira a evolução da prova de Redação do Enem

A primeira edição do Enem teve 63 questões e sua aplicação aconteceu em apenas um dia (20/08), com quatro horas de duração. Havia poucos textos de apoio e era uma versão bem mais simples da prova de hoje.

Foram realizadas 157 mil inscrições no Enem de 1998, mas somente 115 mil inscritos compareceram à prova — número bem inferior aos milhões de estudantes que participam atualmente do exame.

O tema da redação da primeira edição foi “Viver e aprender” e teve como texto de apoio somente um trecho da letra da música “O que é o que é”, de Gonzaguinha — diferente da proposta atual, que solicita ao candidato a elaboração de uma intervenção para um problema social da atualidade, baseado em um texto mais elaborado.

A taxa de inscrição inicial foi de 20 reais e 83% dos inscritos foram isentos da taxa. Entre os participantes, 53% tinham 18 anos ou menos e 9% eram estudantes de escolas públicas.

Embora o uso das notas do Enem fosse válido apenas para duas instituições de educação superior, as provas foram aplicadas em 184 municípios brasileiros — hoje é uma das principais portas de entrada para as universidades e as faculdades.

Evolução da prova do Enem

Evolução da prova do Enem — Principais mudanças ao longo dos anos

  • 1999: em sua segunda edição, o exame passou a ter maior credibilidade e 93 instituições de Ensino Superior passaram a adotar os resultados da prova. Além disso, no mesmo ano, foram criados os Comitês Técnicos e Consultivos, o Boletim da Escola e o banco de dados do desempenho dos participantes. Foi realizada também a parceria com os Correios, habilitando sete mil agências para a realização de inscrições para o exame.
  • 2000: início da oferta de recursos de acessibilidade, o que garantiu atendimento especializado para 376 pessoas com necessidades especiais. A aplicação passou a ser acompanhada por observadores indicados pelas secretarias estaduais de educação e credenciados pelo Inep.
  • 2001: as inscrições passaram a ser realizadas também pela internet. Os estudantes concluintes do Ensino Médio vindos de escolas públicas, além de quem comprovasse impossibilidade de pagar, tinham isenção da taxa de inscrição.
  • 2002: aumento expressivo do número de inscrições, que chegaram a 1.829.170 de inscritos. Com isso, 600 municípios aplicaram a prova. 50% dos estudantes concluintes do Ensino Médio participaram da edição.
  • 2003: o perfil dos participantes passou a ser mais detalhado, incluindo um questionário socioeconômico e ano de conclusão do Ensino Médio. Com isso, os treineiros passaram a participar do exame.
  • 2004: o Programa Universidade para Todos (ProUni) foi criado e passou a oferecer bolsas de estudos integrais e parciais para o Ensino Superior utilizando a nota do Enem.
  • 2005: O ProUni fez com que o número de participantes aumentasse para 3.004.491, com o objetivo de ingressar no Ensino Superior. O número de municípios também aumentou para 729.
  • 2006: ampliou a acessibilidade e, pela primeira vez, os participantes com renda familiar de até dois salários-mínimos passaram da metade do público que fizeram a prova.
  • 2007: a décima edição do exame foi aplicada em 1.324 municípios brasileiros, seguindo a evolução do Enem para alcançar o maior número de estudantes e incentivar o ingresso no Ensino Superior.
  • 2008: o Inep e o Ministério da Educação (MEC) anunciaram que o Enem se tornaria o processo nacional de seleção para ingresso na educação superior e certificação do ensino médio. Neste ano, mais de 70% dos 4.018.050 inscritos afirmaram que fizeram o Enem para entrar na faculdade ou conseguir pontos para o vestibular.
  • 2009: criação do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Com isso, nasce um novo Enem, com um novo formato. A prova passa a ter 180 questões objetivas, 45 para cada área do conhecimento, e a redação. A aplicação passa a ser em dois dias, e o exame começa a certificar a conclusão do Ensino Médio. Além disso, as matrizes de referência são reformuladas com base nas Matrizes de Referência do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja). Nesta edição, houve o vazamento da prova, que exigiu a preparação de um novo instrumento.
  • 2010: os resultados passam a ser adotados pelo Fies. Além disso, 20.413 participantes tiveram acesso a recursos de acessibilidade durante a aplicação das provas.
  • 2011: recorde de acessibilidade — mais de 20 mil participantes com alguma deficiência tiveram direito ao atendimento especializado, e a maioria dos participantes se declarou negro e pardo, totalizando 53% dos 5.366.949 inscritos.
  • 2012: estreou mais um critério de isenção da taxa de inscrição do Enem: integrantes de família de baixa renda com Número de Identificação Social (NIS). Os isentos somaram 70% do total de 5.791.066 inscritos.
  • 2013: o Enem torna-se porta de acesso para todas as instituições de educação superior públicas. A nota do exame é utilizada na concessão de bolsas de estudos do programa Ciências sem Fronteiras e passa a ser divulgada por escola com estratificação nos níveis socioeconômicos.
  • 2014: universidades de Portugal passam a aceitar a nota do Enem como critério de seleção. Neste mesmo ano, passou a ser permitido o uso do nome social do participante.
  • 2015: os participantes treineiros aumentaram e passaram a ser contabilizados, representando 12% do total de 7.792.024 inscritos desta edição.
  • 2016: as medidas de segurança do exame ficaram mais rígidas e a coleta de dado biométrico passou a ser adotada durante a aplicação da prova.
  • 2017: foi realizada uma consulta pública para melhorias da prova. O exame ficou ainda mais acessível com a estreia da videoprova em Libras para surdos e deficientes auditivos. Outra novidade foi a estreia da prova personalizada com nome e número de inscrição do participante, e a adoção de novo recurso de segurança: identificador de receptor de ponto eletrônico. Além disso, a aplicação passou a ser em dois domingos consecutivos. As mudanças impulsionaram, ainda, a criação de um novo logotipo e um novo Site do Enem.
  • 2018: tornou-se o maior exame do Brasil e comemorou 20 anos. Esta edição teve o menor índice de faltosos desde 2009, quando assumiu o formato em dois dias. O segundo domingo de aplicação ganhou 30 minutos a mais de duração, e o número de detectores de ponto eletrônico aumentou cinco vezes. O número de instituições de educação superior portuguesas que usam as notas do Enem chegou a 35.

Evolução da prova do Enem – Visão geral:

1998 – 2008:

  • 63 questões interdisciplinares;
  • Redação;
  • apenas um dia de aplicação (4h).

2009 – 2016:

  • 180 questões, divididas por áreas do conhecimento;
  • Redação;
  • 2 dias de aplicação (sábado e domingo);
  • º dia: Ciências Humanas e Ciências da Natureza;
  • º dia: Linguagens e Códigos, Matemática e Redação.

A partir de 2017:

  • 180 questões;
  • aplicação em 2 domingos consecutivos;
  • º dia: Ciências Humanas, Linguagens e Códigos e Redação;
  • º dia: Matemática e Ciências da Natureza.

2018

  • O segundo dia de prova ganhou mais 30 minutos de aplicação;
  • Isenção da taxa passou a ser antes da inscrição.

2020

A prova do Enem está bem mais elaborada e estruturada, como conhecemos hoje. No decorrer da sua história, ela foi evoluindo e ampliando o seu alcance, passando a oferecer maior acessibilidade e mais oportunidades aos estudantes.

evolução da prova do Enem

Evolução da prova do Enem – Redação

A Redação do Enem é considerada atualmente um peso expressivo na composição da nota final do exame, representando 20%, cuja pontuação máxima é de 1.000 pontos. Ela é tão importante, que se o candidato zerar é desclassificado.

Todos os anos, o tema da dissertação é sempre especulado e aguardado com grande expectativa, pois representa um assunto importante para a sociedade, além de ser considerado um dos maiores desafios da prova. O tema é apresentado somente no momento da aplicação.

O texto deve ser dissertativo-argumentativo, com até 30 linhas, desenvolvido a partir da situação-problema e de subsídios oferecidos pelos textos motivadores.

Confira os temas já cobrados e perceba a evolução da prova de redação do Enem:

1998: Viver e Aprender

Com base na letra da música de Gonzaguinha, os participantes foram convidados a fazer uma reflexão sobre como é possível tornar o mundo melhor e qual o sentido da vida.

1999: Cidadania e participação social

O tema teve a proposta de dissertar sobre o potencial dos jovens em transformar a sociedade, ressaltando a importância da juventude na luta por direitos.

2000: Direitos da criança e do adolescente: como enfrentar esse desafio nacional?

Como referência foi utilizada uma charge de Argeli, para criticar o artigo 227 da Constituição que garante os direitos de crianças e adolescentes, mas não é cumprido.

2001: Desenvolvimento e preservação ambiental: como conciliar os interesses em conflito?

O texto pede aos estudantes que relacionem maneiras de manter o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a necessidade preservação do meio ambiente.

2002: O direito de votar: como fazer dessa conquista um meio para promover as transformações sociais de que o Brasil necessita?

Com base no fim da ditadura militar e na redemocratização do Brasil, em 1985, os participantes escreveram sobre a importância do voto para garantir a democracia.

2003: A violência na sociedade brasileira: como mudar as regras desse jogo?

A partir da comparação do investimento em compra de livros e gastos com segurança, os estudantes argumentaram sobre o baixo investimento em educação, saúde e combate à fome.

2004: Como garantir a liberdade de informação e evitar abusos nos meios de comunicação?

Um texto crítico sobre a invasão da imprensa na vida particular das pessoas e as consequências da fiscalização dos meios de comunicação.

2005: O trabalho infantil na realidade brasileira

A proposta foi dissertar sobre o trabalho infantil e o não cumprimento da lei dos direitos da criança e do adolescente, além da responsabilidade da família e do Poder Público nesse cenário.

2006: O poder de transformação da leitura

Texto argumentativo sobre a importância da leitura na vida das pessoas e como ela pode transformar a sociedade.

2007: O desafio de se conviver com a diferença

Os participantes escreveram sobre o preconceito e a necessidade de conviver com as diferenças, baseado na Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural.

2008: A máquina de chuva da Amazônia

Com base na importância da chuva para preservar a Amazônia, o texto solicitou a escrita de uma possibilidade de solução para o desmatamento da floresta, fundamentado em três opções.

2009: O indivíduo frente à ética nacional

Reflexão sobre a corrupção e a reação da população frente a ela, problematizando a honestidade e a sua escassez nos dias atuais.

2010: O trabalho na construção da dignidade humana

Com base no trabalho escravo, a reflexão associa o modo de trabalho contemporâneo como degradante e limita a liberdade humana.

2011: Viver em rede no século XXI: os limites entre o público e o privado

Com a expansão do uso da Internet, a reflexão foi sobre o que deve ser compartilhado e o que deveria ser privado, até estabelecer um limite entre ambos.

2012: O movimento imigratório para o Brasil no século XXI

A proposta foi argumentar sobre o impacto da imigração sobre a cultura brasileira.

2013: Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil

Analisar os efeitos positivos da lei e refletir se ela é eficaz de solucionar o problema de trânsito causado pela direção em conjunto ao uso de álcool.

2014: Publicidade infantil em questão no Brasil

O texto deveria abordar questões relacionadas à liberdade de expressão e à proteção de crianças e adolescentes, com base na resolução do Conselho Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), que definiu como abusiva essa prática.

2015: A persistência da violência contra a mulher no Brasil

Proposta de argumentar contra a violência a mulher no Brasil, buscando maneiras de solucionar o problema.

2016: Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil

A partir da Constituição, que assegura a liberdade religiosa no país, o texto pede a reflexão sobre a necessidade do respeito às religiões que cada cidadão pratica e a não interferência destas na política, na cultura e em questões sociais.

2017: Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil

Com base na Lei Brasileira de Inclusão, os estudantes precisaram escrever sobre e formação de pessoas surdas e a Língua Brasileira de Sinais como segunda língua oficial do país.

2018: Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet

A proposta da redação foi considerada muito ampla, o que dificultou a escrita para os estudantes, que deveriam argumentar sobre o uso da internet influenciada pela restrição do que pode e não pode ser feito.

2019: Democratização do acesso ao cinema no Brasil

A ideia era discorrer sobre o acesso à cultura no Brasil, que não é democrática, baseando o texto na expressão artística, como o cinema.

2020/2021: O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira

A proposta solicitou ao estudante que defendesse seu ponto de vista sobre a forma com que as doenças mentais são abordadas no Brasil e a importância de levá-las mais a sério pela sociedade, ao invés de ser tratada com preconceito.

A redação hoje em dia é bem mais elaborada do que foi nas edições anteriores, com mais textos de apoio para contextualizar o estudante sobre o tema. O gênero textual da redação do Enem é dissertativo-argumentativo, composto de introdução, desenvolvimento e conclusão.

A partir de um tema, os alunos precisam formular uma tese inicial, depois desenvolver argumentos e, por fim, definir uma proposta de intervenção para solucionar o problema.

Enem — Confira a evolução da prova de Redação do Enem

Evolução da prova do Enem – Avaliação da Redação

A avaliação da redação considera cinco competências que devem constar na dissertação:

  • Domínio da escrita formal: avalia a capacidade que o aluno tem de utilizar de forma adequada a ortografia, o vocabulário, a sintaxe e a gramática de modo geral.
  • Respeitar o tema e o gênero textual: verifica se o aluno não fugiu do tema e o abordou de forma específica, bem como se a estrutura da dissertação argumentativa foi respeitada.
  • Capacidade de argumentação e repertório cultural: considera a habilidade do aluno para relacionar, organizar e interpretar informações e argumentos em defesa de uma opinião, baseada em seu repertório.
  • Domínio da linguagem na construção dos argumentos: observa a utilização de recursos linguísticos que tornam o texto mais coeso e articulado.
  • Proposta de intervenção: analisa a elaboração da solução para o problema proposto, considerando ideias de quem, como e quando deve ser colocada em prática.

A pontuação da redação é composta da avaliação de cada competência, de modo que cada uma vale 200 pontos, que somadas configuram uma redação nota 1.000, com peso de 20% no resultado final da prova.

Os níveis de desempenho avaliados pelo corretor são atribuídos da seguinte maneira:

  • Desclassificado: 0 pontos.
  • Precário: 40 pontos.
  • Insuficiente: 80 pontos.
  • Mediano: 120 pontos.
  • Bom: 160 pontos.
  • Ótimo: 200 pontos.

A prova de redação do Enem evoluiu com o exame, tendo seus temas mais atuais e voltados à realidade dos estudantes, convidando-os a assumir seu papel de cidadão e agente de transformação da sociedade.

Além disso, requer um repertório cultural do participante, pois lhe permite argumentar sobre os mais diversos assuntos, favorecendo a elaboração de uma redação nota 1.000.

A prova do Enem surgiu sem grandes pretensões, mas podemos perceber sua evolução. Embora continue igual em termos de conteúdo e de problemas contextualizados na sociedade, ela assumiu um caráter decisivo quando substituiu o vestibular e ganhou uma série de políticas sociais associadas.

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