O Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, mais conhecido como Pisa, é um diagnóstico realizado a cada 3 anos pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A prova compara os resultados e a situação escolar de alunos aos 15 anos de idade em escolas ao redor do mundo. Além do estudo global, a OCDE também oferece um formato do exame sob demanda – o Pisa para Escolas –, que chega oficialmente ao Brasil em 2020.
Neste post, contamos mais sobre o Pisa e revelamos como as escolas particulares poderão participar do estudo em 2020. Vamos lá?
O que é – e como funciona – o Pisa?
O que é o Pisa?
O Pisa é um estudo realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e acontece a cada 3 anos desde o ano 2000. Dentre os países participantes, o Brasil esteve presente em todas as edições.
No Brasil, quem aplica o exame é o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep), mesmo órgão responsável pela aplicação de outros exames, como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb).
O principal objetivo desse estudo é avaliar se, aos 15 anos de idade, os estudantes de todo o mundo estão sendo adequadamente preparados para ingressar no ensino superior e no mercado de trabalho.
Para isso, a avaliação seleciona uma amostragem representativa dos alunos de cada país ou região participante, ou seja: participam escolas urbanas e rurais, abrangendo estaduais, municipais e privadas de todas as regiões do país.
Como funciona?
Em todos os ciclos o Pisa avalia a proficiência dos estudantes em três principais dimensões: Leitura, Matemática e Ciências – dando ênfase a uma área diferente em cada edição. Mas o diagnóstico do Pisa não para por aí.
O exame também considera o desenvolvimento de habilidades relacionadas à resolução coletiva de problemas e ao letramento financeiro, além de outras competências sociais e emocionais – habilidades que contribuem no sucesso acadêmico e profissional dos estudantes.
Além de avaliar os resultados dos alunos nessas áreas, o Pisa ainda faz uma leitura do ambiente e da rotina escolar, avaliando, por exemplo, o clima em sala de aula, a presença de bullying na escola e a expectativa dos alunos em relação ao ensino superior.
De acordo com o relatório do Inep, os questionários do Pisa coletam informações sobre
- os estudantes e seus históricos (backgrounds) familiares, incluindo seu capital econômico, social e cultural;
- aspectos da vida dos estudantes, tais como suas atitudes em relação à aprendizagem, aos seus hábitos e a sua vida dentro e fora da escola, bem como em seu ambiente familiar;
- aspectos das escolas, tais como qualidade de seus recursos humanos e materiais, gestão e financiamento público e privado, processos de tomada de decisão, práticas de pessoal, ênfase curricular da escola e atividades extracurriculares que oferece;
- formação inicial e desenvolvimento profissional dos professores, suas crenças e atitudes, e suas práticas de ensino; questionários opcionais separados foram desenvolvidos para professores da língua de aplicação do teste (professores de Língua Portuguesa, no caso do Brasil) e para outros professores da escola;
- contexto do ensino (ou da instrução), incluindo estruturas e tipos institucionais, tamanho da turma, clima da sala de aula e da escola, e atividades de leitura na aula;
- aspectos da aprendizagem, incluindo interesse, motivação e envolvimento dos estudantes
INEP. Relatório Brasil no Pisa 2018. Disponível em: http://portal.inep.gov.br/acoes-internacionais/pisa/resultados. Acesso em: 17 dez. 2019.
Ainda apareceram, na forma de questionários opcionais, temas como familiaridade dos alunos com a tecnologia, saúde e bem-estar, carreira educacional e percepções dos pais em relação à educação dos filhos.
Importante ressaltar que os estudantes ou escolas participantes do Pisa não recebem relatórios individuais, mas seus resultados entram para a média nacional e passam a figurar nos rankings mundiais de desempenho.
Resultados de 2018 do Pisa
A última edição do Pisa foi realizada em 2018 e teve seus dados divulgados em dezembro de 2019. Os resultados colocam o Brasil nas últimas posições – e abaixo da média mundial – em relação a todas as áreas avaliadas no exame.
A pontuação brasileira, comparada à média global para cada área foi de: Leitura (413/487), Matemática (384/489) e Ciências (404/489). Confira, a seguir, o panorama completo:
Apesar de o cenário nacional não ser o mais otimista, a avaliação do Pisa é essencial para compreender o sistema de educação brasileiro em comparação ao de outras economias mundiais e desenvolver ações relacionadas aos pontos de melhoria. Essas ações geralmente são baseadas em pontos desenvolvidos por outros países e que obtiveram bons resultados.
E o Pisa para Escolas?
Justamente por seu valor enquanto ferramenta de avaliação dos sistemas educacionais, o Pisa lançou também o diagnóstico Pisa para Escolas, um exame nos mesmos moldes do oficial e que pode ser contratado por instituições de ensino de forma independente.
Em 2017, a Fundação Lemann em parceria com a Cesgranrio já realizou um projeto-piloto da prova no Brasil. Agora, em 2020, o diagnóstico será oficialmente oferecido às instituições de ensino privadas por meio de uma parceria entre a Cesgranrio e a Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep).
As principais motivações para que as instituições de ensino invistam na realização do Pisa para Escolas são:
- Empoderar as lideranças escolares e professores, oferecendo-lhes análises dos resultados das escolas participantes com base em evidências comparáveis à escala do Pisa Mundial.
- Medir as habilidades dos estudantes em aplicar seus conhecimentos em situações-problema de modo criativo.
- Prover informações valiosas acerca do clima da escola por meio de questionários aplicados aos alunos e professores.
- Ajudar as escolas a medir as habilidades e competências, chave do século 21, o letramento em matemática, leitura e ciências, com ênfase na solução de problemas.
- Oferecer um relatório detalhado para cada escola participante acerca do desempenho dos estudantes, para uso interno das escolas, professores e gestores.
- Estimular e criar oportunidades de articulação de comunidades globais de aprendizagem entre líderes escolares, professores e gestores educacionais de diferentes países.
PISA. Quais são os objetivos do Pisa para Escolas? Disponível em: http://pisaforschools.cesgranrio.org.br/. Acesso em: 17 dez. 2019.
Isso significa que os gestores e as equipes pedagógicas receberão um relatório extenso sobre o seu contexto educacional, podendo utilizar os dados de forma comparativa, para compreender aquilo que funciona – ou não – e para orientar a tomada de decisão.
Como as instituições privadas podem participar do Pisa para Escolas?
A primeira edição oficial do Pisa para Escolas deve acontecer em maio de 2020. Para se inscrever, as escolas privadas devem procurar o Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino (Sinepe) da sua região.
De acordo com Ademar Batista Pereira, presidente da Fenep, o exame vai custar R$11 mil para escolas membros dos sindicatos conveniados da Fenep e R$12 mil para escolas que não são conveniadas.
As condições para participar do exame envolvem o número de alunos dentro do perfil estabelecido (geralmente entre 42 e 84 alunos na faixa dos 15 anos de idade) e a disponibilidade de computadores para a realização da prova digital (21 computadores).
Embora os diagnósticos da prova sejam disponibilizados apenas para a instituição participante, a Fenep incentiva – e possibilita – a troca de boas práticas entre os gestores, ao passo que a OCDE oferece possibilidade de troca entre gestores globalmente.
É possível acessar o portal do Inep para conhecer os modelos de questões e relatórios do Pisa.
A sua instituição vai participar do Pisa para Escolas? Quais são as expectativas em relação ao assunto? Deixe sua opinião nos comentários!