desafios da saude mental

Saúde emocional do professor

A saúde emocional dos professores deve ser ainda mais foco de atenção especial em 2022. A pandemia trouxe inúmeros desafios aos profissionais da educação e isso gerou mais do que a reinvenção de suas atividades por conta da necessidade do ensino remoto. Outros obstáculos fizeram parte das suas rotinas e até a retomada das aulas presenciais causou inquietação nos mestres.

Apesar do cenário preocupante, dados da pesquisa Saúde Emocional 2021, da (organização) Nova Escola, mostram uma evolução positiva em relação aos impactos do coronavírus na sala de aula. Dos cerca de 4 mil entrevistados, 47,8% mostraram-se mais fortalecidos (saúde mental “boa” ou “excelente”). Em estudo semelhante, de 2020, esse número chegava a apenas 26%.

Para esses participantes, professores e gestores escolares de 24 estados brasileiros e Distrito Federal, o cenário não é tão positivo assim: 73% deles afirmaram não ter condições de assegurar a própria saúde mental. Há várias razões para isso: falta de condições financeiras (31,7%), não ter tempo disponível (18%) e não acreditar que é importante para si esse cuidado (12,7%).

Saúde emocional do professor

A exemplo do que foi registrado em 2020, a pesquisa Saúde Emocional 2021 revela que os maiores problemas enfrentados pelos profissionais da educação são a ansiedade, o estresse e a depressão. O que fazer para melhorar esse quadro?

O primeiro passo é identificar quando o professor precisa de ajuda. Os principais sinais de que a saúde mental está comprometida são os seguintes:

* Incapacidade de lidar com as próprias emoções (ficar irritado ou chorar facilmente);

* Alterações repentinas de peso;

* Excessivo cansaço frequente;

* Insônia ou excesso de sono;

* Atrasos frequentes a cada nova aula;

* Lapsos de memória durante as atividades escolares;

* Fragilidade e falta de ação diante de obstáculos do dia a dia;

* Sentimento de angústia e desesperança persistente.

A Síndrome de Burnout, que se tornou uma questão urgente de saúde mental em organizações do mundo inteiro sobretudo a partir do cenário pandêmico vivido no planeta, também é um mal que ronda os profissionais da educação. Uma pesquisa da Universidade de Brasília (UNB), com mais de 8 mil professores da educação básica da rede pública na região Centro-Oeste do país, mostrou que 15,7% enfrentam essa doença.

Também conhecida como Síndrome do Esgotamento Profissional, esse distúrbio psíquico se manifesta sobretudo em profissionais cujas rotinas exigem muito envolvimento interpessoal direto e intenso. Não à toa, quem atua nas áreas de educação, saúde, assistência social, recursos humanos, (sistema) prisional, segurança pública e mulheres que enfrentam dupla jornada de trabalho apresentam maior risco de desenvolver o problema.

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Sintomas da Síndrome de Burnout: observe o comportamento do profissional de educação no dia a dia

Fadiga: não é simplesmente um cansaço. Nada é capaz de livrar o profissional dessa sensação persistente. O quadro só se agrava e nem dormir ou se alimentar bem são suficientes para melhorar seu estado de espírito.

Sono e alimentação irregulares: a perda de sono e de apetite são sinais de alerta.

Queda no desempenho: outro ponto que merece atenção. De forma progressiva, o profissional apresenta redução no ritmo de trabalho e queda severa de produtividade.

Irritabilidade excessiva: sem paciência, a pessoa fica com um péssimo humor. Frustração, raiva, culpa, irritação, pessimismo, sensação de vazio ou de pavor também são sinais da doença.

Isolamento social: devido à doença, a pessoa tende a se afastar dos grupos de amigos e de outras atividades que promovem interação. Surgem conflitos familiares também.

Desesperança: outra característica marcante de quem é diagnosticado com a Síndrome de Burnout. Nada faz mais sentido e tudo parece não ter jeito. Perda visível da motivação e do prazer em fazer as coisas.

Problemas de pele: diante do desequilíbrio mental provocado pela doença, é normal que surjam irritações na pele sem uma explicação lógica.

Diante de tantos problemas, cabe também aos gestores de educação observar os comportamentos de seus professores e oferecer soluções que os ajude/auxilie a proteger sua saúde mental. Dessa forma, destacam-se, por exemplo, os investimentos na formação continuada desses profissionais. Isso inclui:

Saúde emocional do professor

* Capacitação adequada para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais (inteligência emocional, meditação guiada, mediação de conflitos, comunicação não violenta, entre outras questões).

* Tornar as rotinas do profissional da educação no meio digital mais práticas – disponibilizando cursos e ferramentas. Uma formação continuada que leve em conta o uso da tecnologia e de ferramentas de comunicação é indispensável.

* Trazer para a rotina da escola a preparação básica para o trabalho on-line por meio de aplicativos para videoconferência, além de programas de edição de vídeo e orientações sobre como utilizar o celular da melhor maneira/ de modo eficaz.

Cabe ainda às instituições de ensino outras ações em prol da saúde mental dos professores. Apostar em redes de apoio, com o suporte de pedagogos, psicopedagogos e psicólogos, é uma alternativa muito interessante.

Caminhos para garantir a saúde emocional do professor

1. Identificar as emoções é o primeiro passo para enfrentar o problema

Se a saúde mental não está legal, sinais de depressão ou ansiedade vão aparecer facilmente. O uso excessivo de palavras negativas pode ser um indicativo de que as coisas não estão bem. É a hora certa de buscar uma ajuda clínica e impedir que o quadro se agrave. Não finja que está tudo bem, não há mal algum em assumir que precisa de ajuda.

2. A resiliência emocional deve fazer parte das suas metas para 2022

No caso dos profissionais da educação, é fundamental buscar na resiliência  emocional forças para espantar o estresse. Como trabalham com muitas pessoas, é essencial que não deixem se abater por sentimentos e emoções controversas para que possam seguir com os planos traçados. Foque nisso.

3. Mantenha um bom equilíbrio entre a vida pessoal e o trabalho

A saúde mental dos professores depende da busca constante por esse equilíbrio. O trabalho fora da sala de aula ou do ambiente digital deve ser limitado para não comprometer seu lazer e a proximidade com a família.

4. Diga não mais vezes

Há uma força incrível em aprender a dizer não. Tome isso como um mantra para 2022 em prol da sua saúde mental. Limite tarefas extras ou outras atividades que possam comprometer sua rotina diária.

5. Aprenda a superar as preocupações e cuide da ansiedade

Não sofra por antecipação. Respeite seus limites e invista no diálogo para superar qualquer adversidade.

O saudoso autor norte-americano Dale Carnegie ficou famoso ao apresentar passos para lidar com a ansiedade. Observe:

6. Aprenda a gerenciar seu tempo

Reveja todo o seu cotidiano. É essencial ter horários definidos para trabalhar, dormir, descansar e cultivar a vida social. Não se assuma workaholic e nem se deixe dominar pela desorganização. Cuide bem de sua saúde mental.

7. Faça do domingo o seu melhor dia

Se na reta final do fim de semana você começa a se desesperar com a chegada da segunda-feira, pode parar, respirar e mudar suas atitudes para preservar sua saúde mental. Deixe tudo organizado até a sexta-feira e aproveite esses dias para você fazer o que gosta, além de ficar com seus amigos e família. Não comece a montar plano de aulas e corrigir provas enquanto está acontecendo a festa de aniversário de um parente. Crie regras urgentemente.

 

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8. Que tal um café com um colega para trocar ideias?

Dividir experiências alivia a alma. Faça isso de forma positiva, sem transformar esse encontro em um momento de insatisfação com a sua vida profissional. Propicie momentos agradáveis e não descuide de sua saúde mental.

9. Estabeleça metas e objetivos

Não viva cada dia como se nada mais fizesse sentido. Crie desafios na sua rotina profissional. Planeje um mestrado ou doutorado, pense em uma formação complementar ou mesmo em cursos que tragam satisfação pessoal – como expandir seus talentos na área de gastronomia, que tal? Uma viagem bacana também pode estar na sua lista. O importante é ter sonhos concretos e lutar por eles. Sua saúde mental agradece!

10. Pratique a gratidão

Pesquisas apontam os benefícios para a saúde (física, mental e emocional) de se adotar exercícios de gratidão. Quer um exemplo? Liste de 3 a 5 motivos de gratidão por dia. Eles serão essenciais para você se sintonizar mais com aspectos bons e positivos – um áudio carinhoso recebido no WhatsApp, as brincadeiras com os pets na sala, a companhia perfeita para uma sessão de cinema ou jantar e ainda a chamada de vídeo com um amigo que não via há muito tempo. Valorize os momentos de alegria.

11. Pratique exercícios

A saúde mental do professor depende dos cuidados com o corpo também. Em outras palavras, encontre tempo para fazer caminhadas, andar no parque, dar voltas de bicicleta ou mesmo para frequentar a academia. Canalize suas energias em prol do seu bem-estar geral. O resultado é para lá de satisfatório, pode apostar!

Com a chegada de 2022, fica o desafio: mantenha sua saúde mental em dia. Busque formas de tornar o  seu a dia a dia como professor mais leve e agradável. Aproveite as novidades trazidas pela pandemia para expandir suas possibilidades de atuação. Se precisar de ajuda, não pense duas vezes: recorra à família, aos amigos e aos seus colegas. Aproveite o início do ano novo para recarregar as energias, renovar as esperanças e adotar mudanças de hábitos. Tudo vai dar muito certo, pode confiar. Sucesso na sua jornada!

“Compete ainda às instituições/ Ainda compete às instituições… em prol da saúde mental dos professores, como por exemplo apostar em redes de apoio, com o suporte de pedagogos, psicopedagogos e psicólogos.

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