Como lidar com a Síndrome do Pensamento Acelerado?

A Síndrome do Pensamento Acelerado é um fenômeno da sociedade atual, que traz muitos prejuízos para a saúde mental e compromete a qualidade de vida de quem apresenta os sintomas.

Confira no post de hoje o que é essa síndrome, como lidar com ela e como evitá-la nas crianças e nos adolescentes.

O que é a Síndrome do Pensamento Acelerado?

A Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA) foi descoberta pelo psiquiatra Augusto Cury, que, ao observar pacientes ansiosos, percebeu que eles apresentavam um padrão de sintomas semelhantes relacionados ao pensar.

Segundo ele, a SPA tornou-se o mal do século, gerando péssima qualidade de vida, insatisfação crônica, retração da criatividade, doenças psicossomáticas, transtornos nas relações interpessoais e, em destaque, transtornos na relação do Eu consigo mesmo.

Trata-se do excesso de pensamentos, desencadeados a partir da exposição a muitos estímulos e acúmulo de informações, os quais são processados pelo cérebro e ocorrem de maneira simultânea, gerando estresse e exaustão mental, tornando-se um gatilho para a ansiedade.

Os estímulos recebidos são registrados na memória de maneira automática e involuntária, devido a um fenômeno inconsciente chamado Registro Automático da Memória (RAM).

Dessa forma, os pensamentos são reproduzidos de maneira descontrolada e desordenada, devido à quantidade de informações simultâneas captadas a serem processadas.

Na sociedade atual, em que realizamos diversas atividades no dia a dia em um ritmo acelerado, temos poucas oportunidades para relaxar o corpo e a mente, e isso provoca uma alteração no organismo e nas funções da inteligência.

A SPA afeta o córtex cerebral, dificultando o gerenciamento dos pensamentos e emoções, pois torna a mente hiperpensante e impaciente e bloqueia a criatividade, impedindo uma resposta assertiva as situações.

Não se trata de uma doença, mas de alterações associadas a outros transtornos, como ansiedade, TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), bipolaridade, Síndrome de Burnout, depressão, Síndrome do Pânico, entre outros.

Essa síndrome apresenta sintomas muito semelhantes aos da hiperatividade, mas suas causas são diferentes. Na hiperatividade, há um componente genético e sua manifestação ocorre na primeira infância, enquanto que na SPA a inquietação é construída ao longo dos anos e entre suas causas estão o excesso de estimulação, brinquedos, atividades e informação.

O fluxo intenso e acelerado de pensamentos pode resultar em danos cognitivos e emocionais, dificultando o raciocínio, a tomada de decisão e até as atividades cotidianas.

Essa síndrome também acomete crianças e adolescentes, podendo afetar o desenvolvimento infantil em todos os seus aspectos — cognitivo, motor, psíquico e socioemocional.

Crianças e adolescentes com dificuldade de gerenciar as próprias emoções e pensamentos podem apresentar queda no rendimento escolar, relações sociais conflituosas e até comprometimento físico.

Quais são os sintomas da Síndrome do Pensamento Acelerado?

Semelhante à ansiedade, uma das características mais marcantes da Síndrome do Pensamento Acelerado é o sofrimento por antecipação. Ficamos angustiados por fatos e circunstâncias que ainda não aconteceram, mas que já estão desenhados em nossa mente.

Outros sintomas que caracterizam a Síndrome do Pensamento Acelerado incluem:

É importante que os familiares e a escola observem os alunos e identifiquem sintomas preocupantes, para realizar uma intervenção assertiva e minimizar os prejuízos causados pela síndrome.

De acordo com Cury, embora não haja uma classificação rígida, empiricamente podemos dizer que quem tem pelo menos de três a quatro sintomas deve mudar rapidamente seu estilo de vida.

Estima-se que 80% da população apresenta sintomas dessa síndrome atualmente, incluindo crianças e adolescentes, devido a cobranças, expectativas, pressão e tensão – características comuns do mundo moderno.

Gestor escolar

Como lidar com a Síndrome do Pensamento Acelerado?

Para lidar com a SPA, é preciso identificar o transtorno observando as crianças e adolescentes, para serem avaliados por profissionais especializados, que são o psiquiatra ou psicólogo.

As causas devem ser investigadas pelo especialista, pois a origem pode estar relacionada a traumas sofridos, conflitos familiares e até distúrbios orgânicos. A investigação mais aprofundada é imprescindível para o tratamento.

Para lidar com a Síndrome do Pensamento Acelerado é recomendado trabalhar técnicas que contribuam para a desaceleração mental, a partir do desenvolvimento da capacidade de autocontrole.

Algumas atitudes podem fazer a diferença:

Outra ação fundamental é o acompanhamento psicológico e psicopedagógico, principalmente para tratar a ansiedade infantil, hiperatividade e possíveis conflitos psíquicos que colaboram com o quadro.

A SPA não se trata de uma alteração metabólica, mas sim de uma falha funcional e social relacionada ao processo de formação da personalidade e ao funcionamento psíquico, mas que pode ser corrigida com técnicas específicas.

É possível desconstruir padrões de pensamentos e desenvolver uma maneira mais saudável de receber e processar informações e estímulos diversos, adotando um estilo de vida desacelerado.

Para tanto, o indicado é propor atividades lúdicas e mais lentas para as crianças que estimulem o corpo para aliviar a mente, como tocar instrumentos, aulas de teatro e pintura.

Outro ponto importante é que a SPA é muitas vezes confundida com hiperatividade devido às semelhanças dos sintomas, levando ao uso indiscriminado de medicamentos que pode prejudicar o paciente – por isso é importante saber diferenciar.

Entretanto, em ambos os casos, as técnicas para amenizar e lidar com os sintomas envolvem o gerenciamento dos pensamentos e das emoções, para que os pacientes não repitam erros e tenham desenvolvimento e rendimento intelectual comprometidos, aumento de irritabilidade, baixa tolerância com frustrações e adversidades, e sofram de insatisfação crônica.

Mas o que mais me preocupa na SPA, bem como na hiperatividade, é a retração de duas funções vitais para o sucesso social, profissional e afetivo: pensar antes de agir e colocar-se no lugar do outro (empatia)”  Augusto Cury.

 

Como evitar a Síndrome do Pensamento Acelerado nos filhos?

A mudança de hábitos é a principal maneira de evitar a SPA em crianças e adolescentes, para preservar suas funções mentais e possibilitar um desenvolvimento saudável.

Visto que a síndrome surge devido aos excessos aos quais somos submetidos no mundo atual, diminuir a exposição das crianças e adolescentes a estímulos constantes pode ajudar a prevenir o transtorno.

Evitar o excesso de informações, atividades, trabalho intelectual, preocupações e cobranças, bem como o uso excessivo de celulares e computadores ajudam a deixar a mente mais relaxada.

Boas práticas de prevenção incluem exercícios físicos, momentos de descanso, relaxamento e lazer, férias sem muitos compromissos, diminuição do ritmo da rotina, contato frequente com a natureza e mais tempo com a família e os amigos.

É importante que a família ensine sobre um estilo de vida saudável, priorize o bem-estar físico e mental, e aprenda a lidar com as adversidades da vida com resiliência.

Trabalhar as competências socioemocionais também pode ajudar as crianças e os adolescentes a administrarem melhor suas emoções e pensamentos, prevenindo sintomas associados à síndrome.

Elas contribuem com o autoconhecimento e autogestão, ajudando a identificar pensamentos e emoções, o que possibilita gerenciá-los de maneira assertiva de acordo com cada situação.

A competência Autoconhecimento e Autocuidado, da BNCC, reforça a importância dessa ação: “Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas”.

planejamento anual

Determinadas atividades, como debates, discussões e dinâmicas de grupo, auxiliam os estudantes a aprenderem a filtrar estímulos estressantes e lidar melhor com pensamentos não saudáveis, bem como compreender os limites relacionados aos excessos.

As famílias e a escola podem proporcionar experiências que ajudem as crianças e jovens a não sofrerem com a síndrome, para se desenvolverem de maneira saudável em todos os aspectos.

Observar e escutar as crianças e jovens é fundamental para identificar os sintomas e poder ajudar, por isso, tão importante quanto a prevenção é o cuidado com esses sintomas caso sejam desenvolvidos.

As crianças têm uma forma particular de se expressar, e muitos adultos não conseguem interpretar o que elas estão tentando dizer com suas ações, muitas vezes entendidas como mau comportamento.

Elas se expressam por meio do brincar, o que representa uma linguagem própria e permite sua interação com o mundo. Sendo assim, os adultos precisam compreender esse modo de “falar”.

Os adultos são responsáveis pelo bem-estar das crianças, mas para isso precisam saber o que elas estão sentindo, pois muitas vezes sofrem em silêncio por não saberem se expressar.

Tanto por parte dos educadores quanto dos familiares, essa escuta precisa ser efetiva para compreender de fato o que têm a dizer, e não somente ouvir ou observar sem a intenção de interpretar sua linguagem.

Partindo do princípio da competência Comunicação, da BNCC, é preciso estar sempre disponível para ouvir com empatia, e isso vale para as famílias e para a escola.

Como nem todas as crianças e jovens expressam no comportamento os sintomas, é fundamental ouvir o que estão sentindo, perguntando sobre seus sentimentos, dificuldades, dúvidas, opiniões, ideias e queixas em geral.

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