O repertório cultural é primordial para o desenvolvimento humano e para a cidadania, e é na escola que se constrói a base para esse conhecimento, visto que é a educação que transmite a cultura. Além de transmitir informações, o ambiente escolar permite trocas culturais, pois possibilita a interação entre diferentes pessoas, de modo a propagar e integrar a cultura e o conhecimento.
Cultura é o que dá identidade a um povo, é o que caracteriza os seres humanos, diz respeito às suas ações, às suas crenças, ao modo de viver e compreender o mundo, por meio da linguagem, das diversas formas de expressão e da sua atuação sobre o meio. Cultura e Educação estão intimamente relacionadas, tanto que o foi criado o Ministério de Educação e Cultura (MEC) em 1953, e, embora hoje seja chamado somente de Ministério da Educação, a sigla se referindo à cultura permanece.
De acordo com a Secretaria Especial da Cultura do Governo Federal, a concepção de cultura é articulada em três dimensões: simbólica, cidadã e econômica, de modo a orientar o poder público na formulação de políticas culturais. A dimensão cidadã considera a cultura como um direito básico do cidadão e deve ser promovida com a participação da população nas atividades culturais, ampliando o acesso a livros, espetáculos de dança, teatro e circo, exposições de artes visuais, filmes nacionais, apresentações musicais, expressões da cultura popular, acervo de museus, entre outros.
Qual é a importância do repertório cultural?
Os conteúdos e as práticas contidas no repertório cultural permitem que alunos aprendam a utilizar esses conhecimentos para interagir e dialogar com a sociedade de forma efetiva, assim promovendo os direitos humanos.
O repertório cultural é importante para que os alunos possam conviver com a diversidade na escola e consequentemente na sociedade, tornando-se cidadãos que respeitam as diferenças, o que é essencial para uma sociedade inclusiva.
A educação tem um papel fundamental na construção de uma sociedade que respeite e saiba conviver com a diversidade cultural, como apresentado na declaração da UNESCO:
“A difusão da cultura e a educação da humanidade para a justiça, a liberdade e a paz são indispensáveis à dignidade humana e constituem um dever sagrado que todas as nações devem cumprir com espírito de assistência mútua”.
Ampliar o repertório cultural aborda aspectos importantes, como identidade, criatividade, pluralismo, diversidade, Direitos Humanos, solidariedade e respeito entre todos.
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O repertório cultural permite a ampliação do próprio conhecimento, pois possibilita o acesso mais amplo aos diferentes saberes, não se restringindo apenas ao contexto em que se está inserido. Desse modo, estimula as habilidades do futuro e as competências da BNCC, tão importantes para a formação acadêmica e cidadã. Podemos considerar, por exemplo, que ele estimula o pensamento crítico e amplia a consciência, considerando outras possibilidades e as diferenças existentes no mundo, sem se limitar a um único modo de pensar.
O repertório cultural e a BNCC
O repertório cultural é muito importante para a formação e o desenvolvimento dos alunos enquanto indivíduos e cidadãos, e é uma das competências gerais da BNCC, que propõe:
“Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural”.
Na competência “conhecimento”, a cultura também é definida como um aspecto importante para o desenvolvimento dos alunos:
“Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva”.
A competência “Trabalho e projeto de vida” também considera a cultura como relevante no processo de desenvolvimento pessoal, social e profissional:
“Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade”.
“Empatia e cooperação” é outra competência que envolve a cultura e diz:
“Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza”.
Podemos perceber a importância que a BNCC dá à cultura ao citá-la em várias competências, considerando o impacto que ela tem sobre o indivíduo e a sociedade. Desse modo, ela deve ser trabalhada na educação, como enfatiza o Artigo 210 da Carta Constitucional (1988):
“Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais”.
Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), a cultura é inserida na educação de acordo com o Artigo 26, que diz:
“os currículos da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e do Ensino Médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos” (1996).
A construção dos currículos escolares também se baseia nas orientações da UNESCO para a Educação, Ciência e Cultura. A Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural da UNESCO considera a diversidade cultural um patrimônio comum da humanidade que deve ser respeitado e preservado.
“A cultura adquire formas diversas através do tempo e do espaço. Essa diversidade manifesta-se na originalidade e na pluralidade das identidades que caracterizam os grupos e as sociedades que compõem a humanidade. Fonte de intercâmbios, de inovação e de criatividade, a diversidade cultural é tão necessária para o gênero humano como a diversidade biológica o é para a natureza. Neste sentido, constitui o patrimônio comum da humanidade e deve ser reconhecida e consolidada em benefício das gerações presentes e futuras”.
Esse documento é uma referência mundial para todos se orientarem quanto às formas de conviver com a diversidade e é pautado na Declaração Universal dos Direitos Humanos, abordando o direito liberdade, aos direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais. Os fundamentos pedagógicos da BNCC para o desenvolvimento de competências se baseiam nesses documentos citados, que enfatizam a cultura como conhecimento essencial a ser aprendido pelos alunos.
Como inserir práticas na sala de aula?
Para estimular a prática do repertório cultural, é preciso apresentar os conhecimentos em diferentes linguagens para que todos os alunos possam compreender. Para engajá-los, é importante proporcionar o protagonismo nas atividades, estimulando a participação ativa através da produção de arte, assim eles terão a oportunidade de integrar conteúdos com habilidades para construir sua capacidade de se relacionar com o mundo e com os outros de forma consciente.
A BNCC estabelece como fundamental que os alunos conheçam, compreendam e reconheçam a importância das mais diversas manifestações artísticas e culturais. Para tanto, eles devem ser participativos e capazes de se expressar e atuar por meio das artes.
As áreas que contemplam a cultura são as Linguagens e as Ciências Humanas, considerando que as práticas humanas são mediadas através das diferentes linguagens e das práticas sociais.
O Brasil é um país com uma enorme diversidade cultural, desse modo, é preciso que os alunos conheçam todas elas, através de currículos que contemplem todas as identidades linguísticas, étnicas e culturais. Para assegurar a aprendizagem desses conhecimentos e desenvolver um repertório cultural, as escolas precisam selecionar e aplicar metodologias e estratégias didático-pedagógicas diversificadas.
Na Educação Infantil, os direitos de aprendizagem e desenvolvimento abordam a cultura através do conviver:
“Conviver com outras crianças e adultos, em pequenos e grandes grupos, utilizando diferentes linguagens, ampliando o conhecimento de si e do outro, o respeito em relação à cultura e às diferenças entre as pessoas”.
Desse modo, ter contato com culturas diferentes permite ao aluno conhecer outras formas de ver o mundo e vivenciar na prática a convivência com as diferenças.
Através do brincar também é possível desenvolver um repertório cultural:
“Brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos), ampliando e diversificando seu acesso a produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade, suas experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais”.
Outro direito de aprendizagem que permite o contato com aspectos culturais é o explorar:
“Explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras, emoções, transformações, relacionamentos, histórias, objetos, elementos da natureza, na escola e fora dela, ampliando seus saberes sobre a cultura, em suas diversas modalidades: as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia”.
Conhecer-se é outra maneira de consolidar o repertório cultural, enquanto direito de aprendizagem e desenvolvimento:
“Conhecer-se e construir sua identidade pessoal, social e cultural, constituindo uma imagem positiva de si e de seus grupos de pertencimento, nas diversas experiências de cuidados, interações, brincadeiras e linguagens vivenciadas na instituição escolar e em seu contexto familiar e comunitário”.
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No Ensino Fundamental, as competências específicas da área das Linguagens que citam a cultura, são:
- Compreender as linguagens como construção humana, histórica, social e cultural, de natureza dinâmica, reconhecendo-as e valorizando-as como formas de significação da realidade e expressão de subjetividades e identidades sociais e culturais.
- Desenvolver o senso estético para reconhecer, fruir e respeitar as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, inclusive aquelas pertencentes ao patrimônio cultural da humanidade, bem como participar de práticas diversificadas, individuais e coletivas, da produção artístico-cultural, com respeito à diversidade de saberes, identidades e culturas.
- Compreender a língua como fenômeno cultural, histórico, social, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso, reconhecendo-a como meio de construção de identidades de seus usuários e da comunidade a que pertencem.
- Apropriar-se da linguagem escrita, reconhecendo-a como forma de interação nos diferentes campos de atuação da vida social e utilizando-a para ampliar suas possibilidades de participar da cultura letrada, de construir conhecimentos (inclusive escolares) e de se envolver com maior autonomia e protagonismo na vida social.
- Envolver-se em práticas de leitura literária que possibilitem o desenvolvimento do senso estético para fruição, valorizando a literatura e outras manifestações artístico-culturais como formas de acesso às dimensões lúdicas, de imaginário e encantamento, reconhecendo o potencial transformador e humanizador da experiência com a literatura.
No campo artístico-literário, considera-se a participação em situações de leitura, fruição e produção de textos literários e artísticos, representativos da diversidade cultural e linguística, que favoreçam experiências estéticas. Alguns gêneros deste campo são: lendas, mitos, fábulas, contos, crônicas, canção, poemas, poemas visuais, cordéis, quadrinhos, tirinhas, charges, dentre outros.
Entre as competências específicas da área de Ciências Humanas para o Ensino Fundamental que citam a cultura estão:
- Analisar o mundo social, cultural e digital, e o meio técnico-científico–informacional com base nos conhecimentos das Ciências Humanas, considerando suas variações de significado no tempo e no espaço, para intervir em situações do cotidiano e se posicionar diante de problemas do mundo contemporâneo.
- Identificar, comparar e explicar a intervenção do ser humano na natureza e na sociedade, exercitando a curiosidade e propondo ideias e ações que contribuam para a transformação espacial, social e cultural, de modo a participar efetivamente das dinâmicas da vida social.
- Interpretar e expressar sentimentos, crenças e dúvidas com relação a si mesmo, aos outros e às diferentes culturas, com base nos instrumentos de investigação das Ciências Humanas, promovendo o acolhimento e a valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.
Para consolidar e ampliar o repertório cultural, a BNCC orienta que escolas devem proporcionar aos alunos as seguintes habilidades até o final do Ensino Fundamental:
- Fruição: vivenciar sua identidade, comunidade e cultura e demonstrar sentimento de pertencimento, através de experiências artísticas e explorando relações entre culturas, sociedades e as artes.
- Expressão: expressar sentimentos, ideias, histórias e experiências por meio das artes. Documentar, compartilhar e analisar obras criativas.
- Investigação e identidade cultural: reconhecer e discutir o significado de eventos e manifestações culturais e da influência da cultura na formação de grupos e identidades.
- Consciência multicultural: desenvolver senso de identidade individual e cultural e demonstrar curiosidade, compreensão e respeito com diferentes culturas e visões de mundo.
- Respeito à diversidade cultural: experimentar diferentes vivências culturais e compreender a importância de valorizar identidades, tradições, manifestações, trocas e colaborações culturais diversas.
- Mediação da diversidade cultural: reconhecer os desafios e benefícios de se viver e trabalhar em sociedades culturalmente diversas e explorar novas formas de reconciliar valores e perspectivas culturais diferentes ao abordar desafios em comum.
Exemplos
De forma prática, para ampliar o repertório cultural dos alunos, devem ser propostas atividades que contemplem a cultura de modo geral, como:
- Incentivo à leitura, através de projetos de leitura individual ou em grupo.
- Produção artística, através da pintura, escrita, música, teatro, artesanato, entre outros.
- Visita a museus, comunidades indígenas, templos religiosos diferentes etc.
- Assistir filmes e discutir a respeito deles, ou mesmo produzir um trabalho baseado na obra.
- Ir ao teatro, circo ou apresentações musicais ou de danças, assistir a lutas, como artes marciais, etc.
- Prática de esportes e brincadeiras característicos de determinadas culturas.
Material do SAE Digital para ampliar o repertório cultural
Os materiais do SAE estão totalmente em conformidade com a BNCC e promovem o desenvolvimento humano e global dos estudantes, da Educação Infantil ao Pré-Vestibular.
Nos livros didáticos do SAE, visando à ampliação do repertório cultural, temos a seção “Conheça quem é”, que oferece informações sobre quem inventou, desenvolve ou falou algo que fez a diferença em nosso mundo.
A seção “Vale a pena conhecer”, apresenta sugestões de leituras e filmes para ampliar as informações sobre o que o aluno está estudando.
Exemplo:
No capítulo são abordados conteúdos referentes ao uso dos objetos no passado e no presente. Na seção “Mão na massa”, são apresentadas 3 obras do Cândido Portinari que os alunos devem observar para responder a algumas questões. Na página seguinte, na seção “Conheça quem é”, são apresentadas mais obras e informações sobre o pintor.
Temos também a Plataforma Literária, que propõe projetos de leitura para cada livro didático, promovendo o desenvolvimento da competência leitora e o hábito de ler. É um ambiente que reúne projetos de leitura para cada livro disponibilizado aos estudantes, incluindo exercícios de fixação e interpretação sobre o conteúdo lido que objetivam complementar a formação dos estudantes.
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O SAE Digital está sempre trabalhando para trazer inovação às escolas parceiras, de modo a melhorar cada vez mais o ensino oferecido aos alunos e evoluir sempre!
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