Afeganistão no Enem – Redação Nota 1.000


Afeganistão no Enem

O tema da redação do Enem costuma ser bastante especulado antes do exame, pois só é divulgado no momento da prova, mas os estudantes precisam estar preparados para possíveis assuntos a serem cobrados no texto. Trata-se de um texto dissertativo-argumentativo a partir uma situação-problema da sociedade atual, em que os candidatos devem elaborar uma proposta de intervenção para solucionar o caso.

A nota da redação tem um peso bastante significativo na composição da nota final do exame, e quem não estiver atento aos possíveis assuntos é pego de surpresa na hora da prova e pode ter dificuldades para discorrer sobre o tema. Tem o peso de 20% da nota total, podendo chegar a 1.000 pontos, somados a partir das competências avaliadas, com o valor de 200 pontos cada uma, divididas em cinco:

  • Domínio da escrita formal: avalia a capacidade que o aluno tem para utilizar de forma adequada a ortografia, o vocabulário, a sintaxe e a gramática de modo geral.
  • Respeitar o tema e o gênero textual: verifica se o aluno não fugiu do tema e o abordou de forma específica, bem como se a estrutura da dissertação argumentativa foi respeitada.
  • Capacidade de argumentação e repertório cultural: considera a habilidade do aluno para relacionar, organizar e interpretar informações e argumentos em defesa de uma opinião, baseada em seu repertório.
  • Domínio da linguagem na construção dos argumentos: observa a utilização de recursos linguísticos que tornam o texto mais coeso e articulado.
  • Proposta de intervenção: analisa a elaboração da solução para o problema proposto, considerando ideias de quem, como e quando deve ser colocada em prática.

Afeganistão no enem

O texto deve ter no mínimo 7 e no máximo 30 linhas. Os níveis de desempenho avaliados pelo corretor são atribuídos da seguinte maneira:

  • Desclassificado: 0 pontos.
  • Precário: 40 pontos.
  • Insuficiente: 80 pontos.
  • Mediano: 120 pontos.
  • Bom: 160 pontos.
  • Ótimo: 200 pontos.

Os assuntos relacionados ao Afeganistão podem ser cobrados em questões do Enem e também aparecer na proposta da redação, pois têm sido muito discutidos mundialmente, visto o impacto que estão causando na sociedade, principalmente para a população do país.

Nas questões da área de Ciências Humanas, que envolve as disciplinas de História, Geografia, Filosofia e Sociologia, pode haver perguntas relacionadas ao Afeganistão, por isso é importante que os candidatos saibam a respeito. São 45 questões que compõem essa área do conhecimento, e a matriz de referência define as seguintes competências a serem dominadas pelos estudantes:

  • Compreender os elementos culturais que constituem as identidades.
  • Entender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder.
  • Conhecer a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes grupos, conflitos e movimentos sociais.
  • Entender as transformações técnicas e tecnológicas, e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento e na vida social.
  • Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.
  • Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e geográficos.

A partir dessas competências, o que precisa ser estudado envolve:

  • Diversidade cultural, conflitos e vida em sociedade.
  • Formas de organização social, movimentos sociais, pensamento político e ação do Estado.
  • Características e transformações das estruturas produtivas.
  • Os domínios naturais e a relação do ser humano com o ambiente.
  • Representação espacial.

Como o tema do Afeganistão pode ser cobrado no Enem e na Redação?

Após 20 anos, o grupo extremista Talibã assumiu novamente o poder no Afeganistão, o que provocou o colapso do governo e a fuga do presidente Ashraf Ghani, fazendo com que muitos cidadãos deixassem o país. Com isso, foi proclamado um novo Emirado Islâmico. O fato ocorreu no mês de agosto, assim, dificilmente haverá tempo hábil para incluir na prova, entretanto, podem ter perguntas que abordem aspectos sociais, históricos, geográficos, econômicos e políticos do Afeganistão. As guerras e os conflitos que envolvem o país são bastante relevantes mundialmente e sempre foram alvo de discussões, pois tiveram a participação de outros países importantes, como os Estados Unidos e seus aliados: França, Alemanha e Reino Unido.

As perguntas que compõem a prova do Enem são selecionadas a partir de um banco de questões pré-testadas, tornando improvável a inclusão desse evento, mas isso não exclui a possibilidade de ser abordado de outras maneiras. Desse modo, é importante entender o contexto do que ocorre no Afeganistão hoje. Os principais assuntos relacionados ao Afeganistão que podem ser cobrados na prova do Enem são:

Posição geográfica e geopolítica do Afeganistão

Historicamente, o Afeganistão sempre foi invadido e ocupado por estrangeiros, pelos impérios russo e britânico no século XIX, e pelos soviéticos e norte-americanos a partir de 1979. Geograficamente, o país está posicionado estrategicamente no mapa, ligando a Ásia Central, o Oriente Médio e a Índia, delimitando a rota de vários negócios, como o comércio de ópio e seda, e a passagem de oleodutos. Já do ponto de vista geopolítico, favorece a disseminação do fundamentalismo islâmico, o que desencadeia conflitos com países próximos, como a Rússia e a China. A divisa com essas importantes potências mundiais também torna o Afeganistão um ponto estratégico para ser ocupado. Sobre tal cenário, o Enem costuma cobrar o entendimento das causas e consequências de um problema, ou seja, o candidato precisa saber o motivo de tantos países terem interesse no Afeganistão.

Guerra entre o Afeganistão e a União Soviética

No contexto da Guerra Fria, a União Soviética ocupou o Afeganistão entre 1979 e 1989, desencadeando um conflito civil, fazendo com que o movimento islâmico radical lutasse contra a presença russa no país. As forças rebeldes afegãs que lutaram nessa guerra, os mujahidin, inspiraram o surgimento do movimento Talibã em 1994, que retomou o poder no Afeganistão neste mês, assumindo seu fundamentalismo e nacionalismo islâmico. As forças soviéticas lutaram a favor do governo do Afeganistão contra os mujahidin. A URSS retirou-se do país após um acordo, e o conflito civil continuou com o poder dos rebeldes afegãos.

Movimento Talibã

O Talibã é um grupo de fundamentalistas islâmicos extremamente conservadores, que interpretam de maneira ortodoxa e radical do islã, sobretudo o direito islâmico — a Sharia. Como objetivo, eles pretendiam implantar essa visão no Afeganistão, com a intenção de controlar o país e não deixar que outros grupos assumissem o poder, disputado há muito tempo. A URSS governou o país durante a guerra de 1979 e instaurou um regime socialista, o que desagradou os grupos tradicionais da região, motivando a ação dos rebeldes pelo fim do poder soviético e pela tomada do poder.

Fundamentalismo islâmico no Afeganistão

Todo o Oriente Médio tem como princípio religioso o Islã, que, em sua interpretação ortodoxa e radical, é caracterizado pela opressão às mulheres e a intolerância com o modo de vida secular. Com isso, há a proibição de diversas atividades, mulheres são impedidas de estudar e trabalhar, pessoas com outras religiões são perseguidas, opositores eram executados, entre outras formas de violência. Trazendo para o contexto atual, a retomada do poder do Talibã no Afeganistão preocupa a população, que teme viver sob essa repressão novamente, fazendo com que milhares de pessoas deixem o país.

Estados Unidos e Afeganistão na Guerra Fria

No governo de Ronald Reagan (1981–1989), presidente dos EUA na época, foi criada uma aliança para combater a invasão da União Soviética no Afeganistão, chamada de “rede de libertadores”. Reagan financiou grupos de extremistas islâmicos para continuar a guerra contra os soviéticos e até recebeu na Casa Branca alguns de seus representantes para discutir interesses relativos à Guerra Fria, que pretendia derrotar a URSS. Essa aliança garantiu a vitória dos EUA na Guerra Fria, mas fortaleceu os grupos terroristas islâmicos, treinados e armados com o financiamento da política externa de Reagan.

Ocupação dos Estados Unidos no Afeganistão

O ano de 2001 marcou a história com o ataque às Torres Gêmeas nos Estados Unidos. O evento foi associado ao Talibã, que governava o Afeganistão na época. Os norte-americanos acreditavam que o grupo financiou o ataque e escondia membros da Al-Qaeda. Com isso, o exército dos EUA invadiu o Afeganistão e destituiu o governo Talibã. A partir de então, passaram 20 anos tentando reestruturar o país e promover um governo laico. Em 2021, as tropas norte-americanas finalmente deixaram o território afegão sob a ordem do atual presidente, Joe Biden. Com a retirada, o Talibã assumiu o poder novamente.

Como o Afeganistão já foi cobrado nas provas do Enem

Afeganistão no Enem 2003

  1. O texto abaixo é um trecho do discurso do primeiro-ministro britânico, Tony Blair, pronunciado quando da declaração de guerra ao regime Talibã:

Essa atrocidade [o atentado de 11 de setembro, em Nova York] foi um ataque contra todos nós, contra pessoas de todas e nenhuma religião. Sabemos que a Al-Qaeda ameaça a Europa, incluindo a Grã-Bretanha, e qualquer nação que não compartilhe de seu fanatismo. Foi um ataque à vida e aos meios de vida. As empresas aéreas, o turismo e outras indústrias foram afetadas e a confiança econômica sofreu, afetando empregos e negócios britânicos. Nossa prosperidade e padrão de vida requerem uma resposta aos ataques terroristas.

(O Estado de S. Paulo, 8 out. 2001)

Nesta declaração, destacaram-se principalmente os interesses de ordem:

  1. a) Moral.
  2. b) Militar.
  3. c) Jurídica.
  4. d) Religiosa.
  5. e) Econômica.
  6. No dia 7 de outubro de 2001, Estados Unidos e Grã-Bretanha declararam guerra ao regime Talibã, no Afeganistão.

Leia trechos das declarações do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e de Osama Bin Laden, líder muçulmano, nessa ocasião:

  • George Bush: Um comandante-chefe envia os filhos e filhas dos Estados Unidos à batalha em território estrangeiro somente depois de tomar o maior cuidado e depois de rezar muito. Pedimos-lhes que estejam preparados para o sacrifício das próprias vidas. A partir de 11 de setembro, uma geração inteira de jovens americanos teve uma nova percepção do valor da liberdade, do seu preço, do seu dever e do seu sacrifício. Que Deus continue a abençoar os Estados Unidos.
  • Osama Bin Laden: Deus abençoou um grupo de vanguarda de muçulmanos, a linha de frente do Islã, para destruir os Estados Unidos. Um milhão de crianças foram mortas no Iraque, e para eles isso não é uma questão clara. Mas quando pouco mais de dez foram mortos em Nairóbi e Dar-es-Salaam, o Afeganistão e o Iraque foram bombardeados e a hipocrisia ficou atrás da cabeça dos infiéis internacionais. Digo a eles que esses acontecimentos dividiram o mundo em dois campos, o campo dos fiéis e o campo dos infiéis. Que Deus nos proteja deles.

(Adaptados de O Estado de S. Paulo, 8 out. 2001)

Pode-se afirmar que:

  1. a) A justificativa das ações militares encontra sentido apenas nos argumentos de George W. Bush.
  2. b) A justificativa das ações militares encontra sentido apenas nos argumentos de Osama Bin Laden.
  3. c) Ambos apoiam-se num discurso de fundo religioso para justificar o sacrifício e reivindicar a justiça.
  4. d) Ambos tentam associar a noção de justiça a valores de ordem política, dissociando-a de princípios religiosos.
  5. e) Ambos tentam separar a noção de justiça das justificativas de ordem religiosa, fundamentando-a numa estratégia militar.

Afeganistão no Enem 2015

  1. Quanto ao “choque de civilizações”, é bom lembrar a carta de uma menina americana de sete anos cujo pai era piloto na Guerra do Afeganistão: ela escreveu que — embora amasse muito seu pai — estava pronta a deixá-lo morrer, a sacrificá-lo por seu país. Quando o presidente Bush citou suas palavras, elas foram entendidas como manifestação “normal” de patriotismo americano; vamos conduzir uma experiência mental simples e imaginar uma menina árabe maometana pateticamente lendo para as câmeras as mesmas palavras a respeito do pai que lutava pelo Talibã — não é necessário pensar muito sobre qual teria sido a nossa reação.

ZIZEK, S. Bem-vindo ao deserto do real. São Paulo: Bom Tempo, 2003.

 

A situação imaginária proposta pelo autor explicita o desafio cultural do(a):

  1. a) Prática da diplomacia.
  2. b) Exercício da alteridade.
  3. c) Expansão da democracia.
  4. d) Universalização do progresso.
  5. e) Conquista da autodeterminação.

Afeganistão no Enem 2016

(A charge apresentada na questão faz referência à Guerra Fria)

  1. A charge faz alusão à intensa rivalidade entre as duas maiores potências do século XX. O momento mais tenso dessa disputa foi provocado pela:
  2. a) Ampliação da Guerra do Vietnã.
  3. b) Construção do muro de Berlim.
  4. c) Instalação de mísseis em Cuba.
  5. d) Eclosão da Guerra dos Sete Dias.
  6. e) Invasão do território do Afeganistão.

Embora a alternativa correta não tenha sido a que se refere ao Afeganistão, podemos perceber que o Enem relaciona o país ao evento e pode tornar a fazê-lo.

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Afeganistão no enem


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