tendências de educação pós-pandemia

As tendências de educação têm o propósito de inovação, buscando aprimorar as práticas educativas e garantir maior qualidade no processo de ensino e aprendizagem, com foco na formação integral dos estudantes. Muitas tendências surgem justamente em momentos desafiadores, que requerem soluções imediatas.

A pandemia do novo Coronavírus trouxe muitas mudanças e desafios para a sociedade, sobretudo na educação. As escolas precisaram ser fechadas e buscar formas de se adaptar e continuar o processo de ensino e aprendizagem a distância – novidade para os alunos da Educação Básica.

Com isso, novas estratégias e metodologias de ensino precisaram ser utilizadas, principalmente com o auxílio da tecnologia, que, com seus recursos, possibilitou o acesso aos conteúdos trabalhados em sala de aula para estudar em casa e a interação com os professores e colegas.

A tecnologia educacional já estava sendo integrada às práticas pedagógicas, mas de forma esporádica, como um complemento às atividades regulares. Porém, com o cenário atual, tornou-se a principal forma de proporcionar o ensino-aprendizagem.

Mas como em todas as crises, apesar dos desafios que trazem, sempre é possível encontrar o lado positivo, pois oferecem a oportunidade de melhorar e inovar para se adaptar às adversidades. O ensino remoto estimulou várias habilidades importantes para os alunos, aproximou os familiares da educação, fez com que os professores desenvolvessem novas estratégias e as escolas buscaram inovação para atender às necessidades do momento.

Diante dessa nova realidade, a questão que fica é: como será a educação depois da pandemia?

Para refletir sobre o tema, o SAE Digital convidou especialistas para comentar sobre as tendências de educação que ficarão no pós-pandemia. Confira!

Marcos Meier é professor de matemática, psicólogo e mestre em Educação. É também um dos maiores especialistas brasileiros na Teoria da Modificabilidade Estrutural Cognitiva, de Reuven Feuerstein, ou Teoria da Mediação.

Jane Haddad é Mestre em Educação e atuou por mais de 22 anos em escolas como professora, coordenadora pedagógica e diretora. É também conferencista e escritora, tendo participado de inúmeros eventos educacionais nacionais e internacionais.

Cristiane Sliva é executiva editorial no SAE Digital, professora, pedagoga e especialista em Alfabetização e Letramento, em Educação Infantil e em Ciência Cognitiva, além de autora de materiais didáticos de Educação Infantil e Ensino Fundamental.

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Quais tendências de educação ficarão no pós-pandemia?

Para Marcos, a educação após a pandemia não será tão difícil como muitas pessoas imaginam. Ele tem uma posição mais otimista sobre o que virá, pois todos estão ansiosos e animados com a volta às aulas presenciais. Enquanto professor, sente saudades da rotina normal da escola, corredores repletos de alunos correndo, falando e brincando, e as salas de aula cheias para lecionar – segundo ele, isso é o que dá vida à escola.

A interação com os alunos em sala de aula é muito mais produtiva, pois o feedback que os professores recebem constantemente durante a aula ajuda a melhorar o ensino-aprendizagem, mas com o ensino remoto esse retorno era menor e dificultava o trabalho.

Apesar dos desafios do ensino a distância, a pandemia trouxe mudanças positivas para a educação, que já eram objetivos a serem alcançados e tiveram que ser adiantados devido à urgente necessidade, como aumentar a autonomia dos alunos e o maior uso das tecnologias digitais. De acordo com Marcos, essas são as principais tendências de educação que ficarão após a pandemia, pois ambas interagem muito bem entre si, proporcionando o desenvolvimento de habilidades essenciais para a aprendizagem.

A principal característica de desenvolvimento da educação é formar alunos autônomos e engajados com a própria aprendizagem, uma vez que a autonomia contribui para o amadurecimento do cérebro e da inteligência. Os alunos que mais aprenderam ao longo da pandemia foram justamente aqueles que apresentam maior autonomia – juntamente com o apoio dos familiares, que os incentivam a aprofundar mais o que se aprende na escola.

“O ‘aprender a aprender’, que é um dos resultados da autonomia na aprendizagem, possibilita que o aluno, mais tarde, aprenda o que for necessário para crescer em sua profissão, pois as mudanças estão tão rápidas que a escola não consegue acompanhar. Alunos autônomos continuam aprendendo. Alunos passivos ficam esperando que a empresa ou a ‘vida’ lhes dê um curso de atualização” – Marcos Meier.

Já as tecnologias digitais, contribuem para uma melhor aprendizagem por serem mais interativas, prendendo a atenção dos alunos e estimulando a criatividade, além de permitir a busca autônoma por conhecimento, através de pesquisas na internet, jogos educativos, vídeos explicativos, entre outros.

Entretanto, a tecnologia por si só não serve para a aprendizagem acontecer, deve estar integrada às práticas pedagógicas e não substituí-las, se não acaba sendo uma atividade monótona e cansativa, prejudicando um aprendizado significativo.

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Para Jane Haddad, o que ela espera da “nova educação” é que haja disponibilidade e responsabilidade com o momento, pois nada será o mesmo, nem as crianças, os jovens e os professores também.

“A pós-pandemia ainda será muito presente em nossas vidas, o que por si só nos coloca em movimento de outras formas de ensinar e aprender” – Jane Haddad.

Para ela, será preciso ressignificar as práticas educativas, e as tendências de educação que ficarão no pós-pandemia contarão com o uso das tecnologias com o acolhimento e os protocolos sanitários para que isso seja possível. Diante dessa nova realidade, o ensino híbrido veio para ficar e tende a ser aliado do processo de ensino e aprendizagem, pois a combinação entre o virtual e presencial permite maior flexibilização do trabalho dos professores, de modo a adaptar e recalcular cada semana, cada mês e cada ano.

As tendências servem justamente para entender o sentido da escola, uma vez que o ensino deve mais do que nunca fazer sentido para professores e estudantes. “Gosto de falar que temos nesse momento um GPS ligado, ele nos ajudará a recalcular nossas aulas, avaliações e processos”, diz Jane.

Outra tendência é o foco na saúde mental, que a compreende a partir da prevenção, ouvindo e acolhendo os alunos sem julgamento. Isso fará toda a diferença na “nova educação”, pois o afeto nunca se fez tão necessário na educação formal, de acordo com Jane.

“Estamos saindo de um estado de “confinamento” onde fomos arrancados de nossas escolas, convivência social e estudos sistemáticos. Será necessário ‘desenhar’ vários planos!” – Jane Haddad.

Segundo Cristiane, a educação e suas práticas estarão muito diferentes do que eram, pois, a pandemia fez com que muitas adaptações precisassem ser feitas para possibilitar o ensino à distância. Para ela, uma possibilidade assertiva para o momento de retorno às aulas é o ensino híbrido, pois a entre o on-line e off-line atende às necessidades educacionais atuais, sendo então uma tendência de educação que certamente irá ficar.

Muitas instituições de ensino utilizaram essa estratégia para conseguir manter a programação curricular e o atendimento em funcionamento e à disposição dos estudantes:

“A pandemia gerou a necessidade de quebrarmos paradigmas como, por exemplo, manter a programação, as avaliações, a comunicação com os familiares e professores por meio de aulas on-line, ou seja, as instituições escolares tiveram que reinventar caminhos ou usar outros que já existiam, porém, não eram usados com frequência e nem tão creditados” – Cristiane Sliva.

Com isso, acredita que após a pandemia é importante manter essa estratégia, pois já foram incorporadas na rotina escolar e na rotina dos alunos e de toda a comunidade escolar.

Além do ensino híbrido, outras tendências de educação que foram utilizadas durante a pandemia e que irão continuar devido a sua eficácia são:

Visto que essas práticas auxiliaram e facilitaram o trabalho escolar durante a pandemia, não há porque abandoná-las após esse período, já que elas tendem a continuar e se incorporar nos processos educativos.

tendências de educação

Quais serão os desafios da “nova escola” pós-pandemia?

Quanto aos desafios e tendências de educação que podem aparecer com o retorno às aulas presenciais após a pandemia, Marcos comenta que será justamente integrar as novas tecnologias no processo de aprendizagem. Os sistemas de ensino ainda não utilizam de forma assertiva a tecnologia, como ainda exemplifica:

“Você, professor, provavelmente assistiu aulas num curso de pós-graduação em que o mestre ligava o datashow e passava dezenas de slides cheios de texto. Eram aulas chatas, quase sem nenhuma possibilidade de interação. E os alunos ficavam passivos. Por que o mestre não enviou por e-mail os textos que precisavam ser lidos? Na aula poderia então mostrar um ou outro slide com ‘frases-chave’ para serem debatidas e aprofundadas. Da forma como tais aulas do ‘soninho’ eram dadas, os alunos (no caso nós, professores) não tinham na tecnologia (notebook e datashow) nenhum acréscimo de qualidade ao seu processo de aprendizagem. Tal tecnologia estava a serviço do ensino, não da aprendizagem”.

Para que as tecnologias digitais estejam a serviço da aprendizagem, é preciso que as ferramentas incorporem os conceitos educacionais de forma didática, para estimular os alunos a interagirem e criarem.

Uma aprendizagem eficaz precisa de incentivo da criatividade, senão os alunos tendem a ser passivos e ficar esperando o professor dizer o que precisam fazer, limitando seu potencial. Para tanto, a produção de ferramentas digitais deve ter a participação de especialistas em educação que compreendam o processo de ensino e aprendizagem para auxiliar corretamente o que precisa conter para ser efetivo.

A respeito dos desafios que farão parte da educação após a pandemia e tendências de educação, Jane acredita que um deles será integrar as dimensões intelectuais, físicas e emocionais, o que necessitará da parceria entre a escola, a família e a saúde. O acolhimento também trará certo desafio, para o qual será necessário criar um protocolo de acolhimento, com campanhas de segurança e comunicação, a partir do afeto – que é o fio condutor entre o dever e o direito de toda a comunidade escolar.

Jane comenta que o momento é de criarmos Epidemias de Solidariedade e reciprocidade, fortalecendo os vínculos humanos, em que as famílias e estudantes precisam reatualizar sua relação de confiança com as escolas. Sua principal dica para esse momento é definir a “bússola” de orientação pedagógica e o caminho deve ser traçado, levando em conta que ele pode mudar. Por isso a ideia de ligarmos o nosso GPS, citando uma frase de Alice no País das Maravilhas: “Se você não sabe aonde ir, qualquer caminho serve”.

Cristiane acredita que a escola encontrará muitos desafios após a pandemia, principalmente no que se refere à organização e aplicação dos protocolos sanitários, bem como o acolhimento dos estudantes.

Outros pontos que podem ser um desafio para as escolas no retorno às aulas presenciais incluem:

 

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Imagem: Freepik

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