O que é o método construtivista?

Construtivismo 

O Construtivismo é um termo muito difundido entre os profissionais da área da educação e até mesmo entre as pessoas que não têm envolvimento direto com essas questões pedagógicas. Isso acontece porque essa é uma das metodologias mais aplicadas nas escolas brasileiras.

No post de hoje, falaremos sobre as principais características do método construtivista na educação e os principais pensadores que desenvolveram e subsidiaram essa teoria.

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O que é o método construtivista?

O método construtivista na educação é uma teoria que orienta as propostas educacionais nos seus variados âmbitos, funcionando como um fio condutor da organização dos espaços pedagógicos, das práticas e das atividades desenvolvidas nesses espaços.

Essa teoria foi desenvolvida a partir das pesquisas sobre aquisição do conhecimento e desenvolvimento das estruturas cognitivas elaboradas pelo biólogo, psicólogo e epistemólogo suíço Jean Piaget (1896–1980) na década de 1920, posteriormente se tornando um campo de debate importante para a área da educação.

O modelo educacional construtivista considera que o conhecimento é construído, ou seja, deve ser organizado de forma que conhecimentos prévios adquiridos pelo aluno se tornem a base para novos conhecimentos.

Isso escalona os níveis de complexidade dos temas para serem aprendidos gradualmente pelo aluno, respeitando seus limites de progresso individual, uma vez que chegam até a escola com vivências e aprendizados escolares e de vida muito diferentes.

Nesse sentido, o método construtivista busca se aproximar do contexto dos alunos para reconhecer essas experiências e conhecimentos que o estudante domina, e propor caminhos e intervenções desafiadoras que o levem a se desenvolver plenamente como ser humano.

Sendo assim, a preocupação de uma proposta educacional construtivista não está voltada exclusivamente para os conteúdos escolares tradicionais, que os alunos devem decorar e aplicar em questões em uma avaliação.

Essa proposta busca articular os conteúdos do currículo escolar com os conhecimentos e conceitos aprendidos na vivência do estudante, de forma que a Escola se afaste do “conteudismo”, incentive a formação global dos indivíduos e estimule a autonomia dos alunos no processo de aprendizagem.

A implementação dessas teorias na área educacional trouxe diversas inovações importantes, além de uma mudança de postura na organização escolar, pois deslocam o olhar para um aluno, que se torna protagonista e agente ativo no processo educacional, com suas individualidades, seus conhecimentos adquiridos previamente e limites de progresso individual.

Esse posicionamento em relação à organização escolar impõe uma série de desafios às instituições e aos professores para que o construtivismo tenha seus conceitos efetivamente implementados.

Isso porque ele requer que as necessidades educacionais dos alunos sejam observadas e demanda que as atividades e intervenções propostas sejam dinâmicas e heterogêneas, de forma que se adapte aos alunos.

Leia também: Como escutar, ver e observar as crianças?

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O que é a Teoria Construtivista de Piaget?

Na teoria construtivista de Jean Piaget, o processo de aquisição do conhecimento pelos indivíduos não é apenas um resultado de imperativos biológicos inatos, como alguns teóricos defendiam, mas é resultado de uma construção pessoal gradual.

Essa construção tem uma dinâmica que acontece na socialização e em contato com o ambiente físico, que proporciona o encontro e a interação entre os sujeitos, e o consequente estranhamento cognitivo devido ao contato com novos conhecimentos.

Dessa forma, há diversos fatores envolvidos para que o aluno tenha um desenvolvimento cognitivo pleno e um consequente aprendizado. Além dos mecanismos biológicos inerentes ao sistema nervoso, ele precisa ser exposto a experiências, exercícios e interação social.

Piaget descreve esse processo de ascensão ao conhecimento como um desequilíbrio, que passa primeiro pela assimilação do novo e sua consequente acomodação, e segue para o desconforto cognitivo e seu aprendizado.

A criança, por exemplo, chega ao mundo sem conseguir interpretar os estímulos sensoriais que a cercam e, passo a passo, conforme é exposta a esses estímulos e começa a aprender, passa a atribuir significados e interpretações mais complexas.

Para embasar sua teoria, Piaget criou uma classificação de estágios do desenvolvimento cognitivo, comuns aos seres humanos desde os primeiros anos da infância. Assim, os momentos cruciais para o pleno desenvolvimento do indivíduo dividem-se em:

Sensório motor (entre 0 e 2 anos)

No estágio sensório-motor, o bebê começa a aprender sobre si mesmo e a respeito do espaço à sua volta, através dos estímulos sensoriais e do movimento, montando os primeiros esquemas de ação como resposta às necessidades advindas desses estímulos.

Durante a maior parte desse estágio, a criança está voltada para os objetos do seu ambiente imediato. Contudo, conforme essa fase se aproxima do final, ela começa a se desenvolver a capacidade para as primeiras conjecturas simbólicas e a ideia de permanência dos objetos e pessoas, o que possibilita os primeiros esquemas de ação com planejamento com coisas ausentes.

 

Pré-operatório (entre 2 e 7 anos)

No estágio pré-operatório, a capacidade de representar mentalmente eventos e objetos leva a criança a uma ampliação da sua leitura sobre o mundo. Nesse estágio se desenvolve a linguagem, e as palavras potencializam essa capacidade de construção de símbolos de eventos e objetos, possibilitando acessá-los e articulá-los de maneira mais complexa.

Uma característica importante desse período é o egocentrismo, pois a criança ainda não desenvolveu a capacidade de ver as situações por outro ponto de vista, tendo a crença de que o mundo é feito para ela. Assim, a socialização se torna fundamental para que a criança alcance a compreensão de que existem outras maneiras de ver as situações.

O egocentrismo se relaciona também à tendência de confundir os fenômenos psicológicos com a realidade física, ocasionando muitas vezes a atribuição de sentimentos a objetos inanimados.

Operatório concreto (entre 7 e 11 anos)

O terceiro estágio classificado por Piaget é o operatório-concreto, em que a criança começa a criar operações lógicas e estruturações racionais. Com isso, ela consegue também passar a fazer análises mais complexas, percebendo diferentes “nuances” e características dos objetos e eventos.

Outro ponto importante é o desenvolvimento da capacidade de percepção de divergência entre o seu ponto de vista e dos outros, assim como a possibilidade de reconhecimento de que sua interpretação está suscetível a erros. Além disso, a validação externa começa a fazer parte das suas considerações mentais.

 

Operatório formal (a partir dos 12 anos)

Nesse estágio, o indivíduo começa a desenvolver uma capacidade mais complexa de raciocinar sobre conceitos abstratos ou que não tem conexão direta com a realidade concreta. Linguagem figurada, alegorias, metáforas, hipóteses e afirmações contrárias às aparências começam a enriquecer o processo cognitivo.

Essa capacidade, conhecida como hipotético-dedutivo, estimula a criança a desenvolver o senso crítico, com a capacidade de classificar, criar possibilidades, e explorar variáveis. Além disso, também possibilita uma maior capacidade de autocrítica, ajudando a reconhecer falhas e contradições em sua própria forma de pensar.

É importante ressaltar que os indivíduos são seres complexos e com muitas particularidades. No entanto, essa generalização ou aproximação busca organizar características comuns entre as crianças de cada fase, visto que em cada uma delas o pensamento se organiza de uma maneira específica.

Essa organização auxilia escolas e professores na escolha das abordagens utilizadas para potencializar e estimular o desenvolvimento global dos indivíduos.

Jean Piaget foi o pensador que desenvolveu os conceitos que respaldam a teoria construtivista na educação, contudo, outros teóricos contribuíram significativamente para enriquecer os debates sobre o construtivismo, como Lev Vygotsky (1896-1934) e Henri Wallon (1879-1962).

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Quais são as características do construtivismo?

O construtivismo imprimiu marcas permanentes na educação e que foram de grande importância para a construção de novas abordagens educacionais, questionando as ideias dos espaços pedagógicos tradicionais. Confira a seguir as principais características do construtivismo:

 

Construtivismo: Conhecimento como fruto de uma construção pessoal

Talvez a principal característica do construtivismo seja a concepção de que o conhecimento é construído a partir de conceitos e aprendizados anteriormente dominados pelo indivíduo.

Dessa forma, ele considera o contexto dos alunos para compreender as experiências e conhecimentos que ele já domina, para, a partir disso, propor novos desafios que o ajudem a se desenvolver plenamente como ser humano.

 

Construtivismo: Respeito aos limites de aprendizado de cada aluno

Para que essa primeira característica seja efetivamente concretizada, o ritmo de aprendizado de cada aluno deve ser respeitado, já que nem todos eles conseguem desenvolver determinados aprendizados no mesmo ritmo e de forma simultânea.

Alguns estudantes inevitavelmente têm mais experiências pessoais do que outros, o que os aproximam da apropriação de determinados conhecimentos, fazendo com que aprendam mais rapidamente.

Construtivismo: Aluno como protagonista do processo pedagógico

As características anteriores acabam por evidenciar que em uma educação construtivista o aluno tem papel ativo no processo de aprendizagem, ou seja, os educadores devem buscar conhecer as experiências dos alunos e os conhecimentos que possuem para criar propostas e intervenções que desafiem e estimulem o estudante a construir novos conhecimentos com uma postura crítica.

Isso é muito diferente da rigidez hierárquica que regia a educação tradicional e colocava o professor como autoridade absoluta e detentor do conhecimento inquestionável, que era passado de maneira unilateral para o aluno.

No modelo construtivista de educação, o professor tem um papel de mediador e facilitador do conhecimento adquirido e apropriado pelo aluno. Ele entende que o conhecimento não pode ser centralizado, pois cada indivíduo tem suas experiências para compartilhar, tem sua maneira de se posicionar nos mais variados assuntos e possui diferentes tipos de inteligência.

Nesse sentido, o professor se torna um mediador para que o aluno se aproprie de novos conhecimentos e construa a sua interpretação sobre os mais diversos assuntos e sobre a vida.

 

Construtivismo: Conteúdo dinâmico e heterogêneo

No método construtivista, o conteúdo não pode ser passado de maneira igual para todos os alunos, pois, para todos conseguirem alcançar o desenvolvimento pessoal, é preciso que o professor adapte suas abordagens conforme as demandas apresentadas pelos alunos e o ritmo de cada estudante.

Assim, o ensino se torna mais individualizado buscando entender o contexto dos indivíduos para definir as práticas e atividades. Um conteúdo dinâmico também inclui a criação de propostas e questões que se aproximem da realidade concreta, e estimulem o desenvolvimento de uma forma de pensar critica.

 

Construtivismo: Busca a formação global

A formação integral do indivíduo é um pilar importante para o construtivismo, visando, assim, ao desenvolvimento do ser humano em seus variados aspectos e potencialidades.

Dessa forma, a “cultura conteudista” que se cristalizou principalmente nas escolas tradicionais deve ser questionada. A ideia de decorar matérias sem se apropriar do conhecimento de maneira crítica para o desenvolvimento das potencialidades do indivíduo não faz parte do escopo da forma construtivista de ver a educação.

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Vivendo, se aprende; mas o que se aprende, mais, é só fazer outras maiores perguntas”.

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