escola do futuro

A teoria das inteligências múltiplas vêm ganhando espaço na Educação, pois se relacionam com as habilidades do futuro e com as competências propostas pela BNCC, que todos os alunos devem desenvolver.

Inteligência é o conjunto de características intelectuais de uma pessoa, a partir de memória, raciocínio, lógica, abstração, imaginação, percepção, compreensão, entre outros aspectos cognitivos.

Historicamente, a inteligência era considerada a partir da capacidade intelectual, medida em testes de quociente de inteligência (QI) que abordavam questões lógico-matemáticas e linguísticas. A ideia era quantificar a inteligência de um indivíduo para identificar o desempenho acadêmico, selecionar um candidato a uma vaga de emprego e compreender comportamentos inadequados.

Os primeiros testes foram elaborados por Alfred Binet (1857–1911), psicólogo francês, que definia a inteligência como a capacidade de julgar, compreender e raciocinar bem. Seu trabalho era medir as habilidades mentais dos alunos a partir de uma bateria de testes com 30 tarefas de dificuldade progressiva, para identificar se estavam de acordo com o esperado para sua idade.

Entretanto, esses testes acabaram gerando uma cultura que avalia, julga e compara as pessoas, de modo a classificá-las em mais ou menos inteligentes, abordagem que persiste nos dias atuais. As críticas a respeito dos testes de inteligência se baseiam no fato de que deixam de fora outros aspectos importantes das habilidades humanas, que vão além da lógica, matemática e linguística.

Desde os anos 1970, estudiosos criticam a ideia de uma inteligência única, uniforme e igual para todos, que pode ser definida pela capacidade de respostas curtas para perguntas curtas em um teste, e acreditam que ao considerar o QI estão excluindo diversas outras competências intelectuais, visto que é muito mais ampla a capacidade e a habilidade humana, pois há uma multiplicidade de inteligências.

Sendo assim, a compreensão da inteligência passa a considerar a ideia de inteligências não mais quanto a pessoa é inteligente, mas como a pessoa é inteligente. Com isso, surgiu a Teoria das Inteligências Múltiplas, proposta pelo psicólogo e pesquisador da Universidade de Harvard, Howard Gardner, na década de 1980, a partir da seguinte premissa:

“Cada inteligência é relativamente independente das outras e dos talentos intelectuais de um indivíduo. São novas ideias que hoje influenciam a área educacional para a realização das tarefas a serem executadas de acordo com as suas mudanças. Umas delas, na área cognitiva, é o conceito de múltiplas inteligências”.

Segundo ele, as pessoas possuem habilidades diferentes que podem ser aplicadas à sua maneira para diversas necessidades, por exemplo, alguém pode não ter um desempenho tão significativo em uma determinada tarefa, mas ser bastante produtivo em outra. Assim, toda e qualquer atividade requer uma inteligência para ser executada, mas não necessariamente o mesmo tipo, ou seja, de algum modo a pessoa é inteligente. Gardner considera, dessa forma, a pluralidade da inteligência, ou seja, existem várias formas de inteligência, sendo identificadas inicialmente sete tipos, embora seja possível haver muitas outras.

Cada pessoa tem a capacidade para desenvolver as inteligências múltiplas, que se combinam de forma particular, caracterizando uma identidade própria, sem haver um padrão definido. Acredita-se, então, que as inteligências podem ser estimuladas a partir do contexto social, como na escola, onde os alunos têm a oportunidade de realizar diversas atividades que possibilitem o desenvolvimento das inteligências.

Essa teoria considera a inteligência como a capacidade para a resolução de problemas e para a criação de produtos que sejam úteis para a sociedade, acontecendo de diversas maneiras, não de uma única forma. De modo geral, todos temos diferentes tipos de habilidades que caracterizam a nossa própria inteligência, envolvendo criação, resolução de problemas, elaboração e execução de projetos que contribuam com a sociedade e a cultura a qual está inserido.

Quais são as Inteligências Múltiplas?

Gardner identificou sete principais tipos de inteligência que diferem entre si, mas são igualmente importantes, e caracterizam as faculdades mentais e habilidades essenciais para a humanidade. Dessa forma, uma inteligência nunca se manifesta de maneira isolada no comportamento humano, cada atividade ou cada função, envolve uma combinação de inteligências que interagem entre si.

Inteligência linguística

Trata-se da habilidade de um indivíduo lidar criativamente com as palavras, envolvendo os diferentes níveis de linguagem, como semântica, morfologia, sintaxe, fonética, fonologia, entre outros, e se expressar de forma oral, escrita ou sinais.

É apresentada por escritores, poetas, jornalistas, palestrantes, vendedores, professores, publicitários, advogados, músicos, entre outros. Entretanto, todos nós temos essa inteligência, ainda que em níveis e formas diferentes.

Um dos aspectos da linguagem é a retórica, que utiliza as palavras para convencer ou persuadir as pessoas sobre um fato ou ação com um objetivo específico em mente, geralmente para benefício próprio ou de um grupo.

Outro aspecto é o caráter mnemônico, que transforma as palavras em símbolos e os arquiva na memória, de modo a lembrar com facilidade informações, fatos passados e qualquer tipo de utilidade que a linguagem possa apresentar.

A linguagem também é utilizada para explicar e refletir sobre as coisas, bem como transmitir informações e se comunicar, sendo assim, é fundamental no processo de ensino e aprendizagem.

Inteligências múltiplas: Inteligência lógico-matemática

Envolve a habilidade para raciocínio lógico, dedução, compreensão de ideias e resolução de problemas ligados a elementos matemáticos.

Associa-se ao pensamento científico – a competência mais próxima ao conceito tradicional de inteligência, que alia a ciência, a lógica e a matemática –, e é centrada na profissão de cientistas, físicos e matemáticos.

Nesse tipo inteligência, o mundo físico e material é confrontado, ordenado, reordenado e avaliado, caracterizando o conhecimento inicial sobre o âmbito lógico-matemático. A partir dessa premissa, o indivíduo passa a se distanciar da ideia dos objetos materiais e percebe que é capaz de exercer domínio sobre eles e utilizá-los para seu benefício.

Inteligência musical

Essa inteligência capacita o indivíduo a produzir músicas a partir de um pensamento musical, que envolve reconhecer temas melódicos, tons e timbres, organizar sons de maneira criativa e transformá-los em ritmos. A organização musical é horizontal quanto aos tons, devido à sua interação e extensão no tempo, e vertical no que se refere aos efeitos produzidos por dois sons emitidos ao mesmo tempo.

Devido à sua complexidade, a música se associa à matemática, por necessitar da racionalidade para ser produzida, entretanto, também envolve aspectos emocionais e afetivos, uma vez que é considerada uma expressão artística.

Inteligências múltiplas: Inteligência espacial

Envolve a capacidade de percepção visual, de modo a relacionar padrões e formas espaciais para construir modelos de orientação espacial e transformar um espaço. Entretanto, o tato também pode executar essas tarefas.

Caracteriza-se pela habilidade de perceber uma forma ou um objeto de graus de complexidade consideráveis e manipulá-los a partir das mais variadas dimensões, associada à topologia matemática, que estuda as propriedades geométricas de um corpo que não sejam alteradas por uma deformação contínua. Outras habilidades envolvidas são reconhecer elementos semelhantes, transformar um elemento em outro e reconhecer uma dessas transformações, e produzir uma representação gráfica de elementos espaciais.

Os profissionais que utilizam essa inteligência são engenheiros, arquitetos, navegadores, pilotos, cartógrafos, designers, entre outros.

Inteligência corporal cinestésica

A cinestesia é um conceito da fisiologia que se refere ao sentido da percepção de movimento, peso, resistência e posição do corpo, provocado por estímulos do próprio organismo.

É a capacidade de usar o próprio corpo e suas funções para se expressar, solucionar problemas a partir de aspectos motores, manusear objetos e realizar trabalhos manuais. A inteligência corporal está intimamente ligada a processos cognitivos, os quais podem ser estimulados a partir do movimento, uma vez que mente e corpo são indissociáveis.

Inteligências múltiplas: Inteligência interpessoal

Está relacionada à empatia, à capacidade de compreender a natureza humana e as outras pessoas, considerando comportamento, sentimentos, humor, motivação, intenção e demais características. Promove bom relacionamento com os outros, postura de liderança, resolução de problemas, mediação de conflitos, identificação das necessidades alheias e ajuda com esses problemas.

Alguns exemplos de profissões em que essa inteligência se destaca são: políticos, atores, professores, terapeutas, vendedores e líderes de modo geral.

Inteligência intrapessoal

Envolve o autoconhecimento e a capacidade de reconhecer as próprias emoções e lidar com elas assertivamente, permitindo ao indivíduo maior autonomia para direcionar a própria vida e desenvolver-se de modo que atenda seus objetivos. Compreender bem a si mesmo ajuda a utilizar suas qualidades de forma mais efetiva e construtiva, de modo a também contribuir com as pessoas que o cercam e a sociedade como um todo.

Um bom exemplo de quem possui essa inteligência são os psicólogos, que têm a capacidade de identificar as emoções e aprender com elas, transmitindo aos demais seus conhecimentos e ajudando-os a lidarem com as dificuldades de modo saudável.

Como aplicar as Inteligências Múltiplas na Educação?

A principal abordagem dessa teoria na educação envolve compreender as diferenças dos perfis intelectuais dos alunos e buscar estratégias para desenvolver as inteligências múltiplas.

Tendo em vista que as sete inteligências são sete habilidades que caracterizam a humanidade, que se desenvolveram ao longo do tempo, todos nós possuímos o potencial de cada uma delas. O que nos diferencia é a maneira como se configuram, considerando o perfil dos pontos fortes e fracos que cada indivíduo apresenta, e valorizando a inteligência como um todo.

O intuito é transformar o modelo tradicional de inteligência, fazendo com que os educadores modifiquem seu critério de análise de desempenho e considerem a amplitude da inteligência. Desse modo, é possível considerar os estudantes de forma integral, e não apenas a partir de um padrão único que se resume em aspectos linguísticos e matemáticos como competências para classificar a inteligência.

Porém, classificar a inteligência em sete grupos não quer dizer que ela se limite a eles, foi só uma ideia inicial para se pensar sobre o assunto e começar a olhar de outra forma a educação. Por exemplo, se um aluno não tem um desempenho tão satisfatório em matemática, não quer dizer que ele não seja inteligente e deva ser estigmatizado por isso. É preciso estimular o desenvolvimento da inteligência, que se apresenta em níveis diferentes para cada um.

Para trabalhar as inteligências múltiplas na sala de aula, é preciso criar um ambiente educacional voltado para o desenvolvimento de todas as habilidades e proporcionar de igual modo a oportunidade para todos os alunos. As atividades escolares devem oferecer materiais que se relacionem com todas as inteligências e tarefas desafiadoras que estimulem habilidades que estavam adormecidas.

O papel da escola para trabalhar as inteligências múltiplas deve contemplar os seguintes critérios:

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Para realizar um planejamento de aulas que inclua todas as inteligências, é preciso se basear nas características de cada uma:

Como podemos perceber, inserir a Teoria das Inteligências Múltiplas na sala de aula se relaciona as habilidades do futuro e trabalha as competências propostas pela BNCC, sendo assim, é totalmente relevante para transformar a educação e evoluir.

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