Hoje, mais do que nunca, o termo “competências socioemocionais” está presente na mídia, nos grandes veículos de comunicação, nas salas de aula e nas formações pedagógicas do Brasil e do mundo. Em todo o meio educacional, muito falamos e ouvimos falar sobre essas competências que são tão importantes para o desenvolvimento integral do indivíduo e para uma boa convivência em sociedade.
Você já sabe o que são as competências socioemocionais? Neste texto vamos te contar o porquê e – o mais importante – COMO ensinar as competências e habilidades socioemocionais! Ficou curioso? Vamos lá!
O que são as competências socioemocionais?
Para facilitar o entendimento, vamos traçar um paralelo entre as competências práticas, cognitivas e socioemocionais. As práticas e cognitivas são aquelas que dizem respeito ao desenvolvimento de habilidades para a compreensão de conteúdos, conceitos e processos dentro dos diferentes objetos de conhecimento. As competências socioemocionais são aquelas que visam o desenvolvimento das dimensões comportamental (atitudinal) e relacional dos indivíduos.
Essa é apenas uma definição possível, mas as competências socioemocionais podem se manifestar de diferentes formas na prática pedagógica e nos referenciais teóricos que a sustentam. Vamos ver alguns exemplos?
Por que ensinar competências socioemocionais?
Historicamente, a escola sempre valorizou o desenvolvimento cognitivo como sendo o objetivo principal do processo de ensino e aprendizagem. Ou seja, a escola tradicional sempre priorizou o conhecimento acadêmico, a inteligência lógico-matemática, linguística ou científica em detrimento das competências socioemocionais.
Entretanto, o cenário educacional está em transformação. Hoje, percebemos com maior clareza que as competências e habilidades socioemocionais são essenciais em qualquer aspecto da vida humana, inclusive para o desenvolvimento de competências com viés acadêmico, cognitivo e científico.
Sabemos, por exemplo, que um aluno estressado ou ansioso pode ter o desempenho prejudicado em uma avaliação, mesmo tendo todo o conhecimento teórico para realizar aquele teste. Ou que o bullying pode ser combatido a partir de um trabalho de educação emocional e da criação de espaços de diálogo, conforme aprendemos a partir de inúmeros experimentos bem-sucedidos ao redor do mundo.
O mercado de trabalho também começa a demandar profissionais com competências socioemocionais bem desenvolvidas. Não é raro encontrarmos nos anúncios de vagas os termos “empatia”, “autonomia”, “resiliência” e “capacidade de trabalhar em equipe” como atributos desejáveis.
E, por fim, da mesma forma que o cenário educacional está em transformação, as nossas diretrizes educacionais também estão passando por grandes mudanças – como é o caso da BNCC.
BNCC
A Base Nacional Comum Curricular está trazendo diversas mudanças significativas para a educação brasileira. Uma das mais importantes talvez seja a valorização das competências e das habilidades socioemocionais, que ganham mais espaço e visibilidade em um documento normativo oficial. As competências socioemocionais aparecem ao longo de toda a BNCC – das competências gerais às competências e habilidades específicas. Entretanto, evidenciamos aqui algumas de suas “aparições” no texto das 10 competências gerais da Educação Básica. Confira!
É possível ensinar competências socioemocionais?
As competências socioemocionais podem ser aprendidas, colocadas em prática e, é claro, ser ensinadas. Se o seu desenvolvimento contribui tanto para o desenvolvimento integral da criança e do adolescente quanto para a melhora do seu desempenho acadêmico, por que não inserir essas competências no dia a dia da prática pedagógica?
Mas de quem é a responsabilidade de ensinar “empatia” para os estudantes, por exemplo? Do professor de Ciências? De História? A resposta certa é: de todos eles. É por isso que “empatia” não é necessariamente um componente curricular, como Ciências ou História. Por que ela é contemplada em uma das competências gerais, que permeiam todos os componentes, em todos os segmentos da Educação Básica – e também extrapolam o espaço da sala de aula.
Como trabalhar em sala de aula?
Antes de qualquer trabalho pedagógico ser realizado, ele precisa estar alinhado ao Projeto Político Pedagógico da escola para conferir significado à prática. Ao revisar o PPP, os professores e a equipe pedagógica de sua escola podem refletir a respeito do seguinte questionamento: “Como é o aluno que desejamos formar?”. Este é o momento de inserir as competências socioemocionais nas diretrizes da escola.
Como vimos no tópico anterior, as competências socioemocionais devem ser trabalhadas transversalmente. Aqui, a escola pode se aproveitar da horizontalidade das habilidades da BNCC para desenvolver um trabalho multidisciplinar, que envolva professores de todos os segmentos e componentes curriculares no desenvolvimento das competências e habilidades socioemocionais.
Vamos utilizar o exemplo da “empatia”, que já apresentamos anteriormente: Para ensinar empatia, os professores dos componentes de Ciências e de História podem pensar em um projeto interdisciplinar que envolva o gênero debate. A partir deste projeto, os alunos deverão exercitar a escuta ativa, a cooperação, o respeito ao outro, a resolução de conflitos – entre muitas outras competências necessárias à compreensão do conceito e ao desenvolvimento de empatia.
Além do debate, as competências e habilidades podem ser trabalhadas de inúmeras formas: a partir do jogo e da ludicidade, da abertura de espaços moderados de fala e da troca de experiências, de propostas de atividades que envolvam a autoanálise e a representação (como o desenho, a música, a escrita etc.).
E então? Como a sua escola trabalha as competências socioemocionais na prática? Conte pra gente nos comentários!