O colorismo é um conceito antigo que só agora se popularizou entre a comunidade negra. Ele tem sido bastante utilizado nas redes sociais, principalmente por influenciadores(as) digitais do movimento negro contra o racismo.
Esse é um tema que pode ser associado à educação antirracista, à diversidade cultural no ambiente escolar e à inclusão social, pois permite às crianças que compreendam que não precisamos diferenciar as pessoas e que devemos conviver em sociedade pautados no respeito, sem preconceito e discriminação.
Leia o post completo e saiba o que é colorismo e como ele pode ser trabalhado na escola!
O que é colorismo?
O termo colorismo surgiu em 1982, com a publicação do livro If the Present Looks Like the Past, What Does the Future Look Like?, escrito por Alice Walker, que em português significa “Se o presente se parece com o passado, como será o futuro?”.
No livro, a autora apresenta o colorismo como uma forma de diferenciar várias tonalidades da pele negra, do tom mais claro ao tom mais escuro, o que contribui para a inclusão ou a exclusão dessas pessoas na sociedade.
O colorismo é uma forma de classificar as pessoas pela cor que se aproxima da pele branca ou pela tonalidade que está mais próxima à pele negra, com a tendência de segregar o segundo grupo.
Termos como “café com leite”, “moreno claro”, “cor de jambo”, “marrom bombom”, “caramelo”, “morena jabuticaba”, “pardo”, entre outros, reforça a ideia do colorismo, tentando anular ou camuflar a verdadeira etnia.
Desse modo, pode ser classificado como preconceito e discriminação baseado na cor da pele de uma pessoa, ou seja, é mais branca ou mais negra dependendo da tonalidade.
Esse preconceito ocorre entre pessoas da mesma etnia, tratadas de forma diferente com base na tonalidade de sua pele, ou seja, quanto mais clara for a pele da pessoa negra, menos preconceito ela sofrerá, pois está mais próxima da etnia branca.
No colorismo, as próprias pessoas de pele negra se consideram como “morena clara”, por exemplo, como forma de se distinguir de pessoas negras com pele de tonalidade mais escura.
Desse modo, o conceito também revela os diferentes níveis de preconceito e marginalização sofridos pela população negra, pois quanto mais afrodescendente for a aparência da pessoa, mais descriminalizada ela será.
Além da tonalidade da pele, outras características reforçam o colorismo, como a largura do nariz, a grossura dos lábios e a textura dos cabelos, ou seja, há variação no tratamento dado a afrodescendentes conforme o seu grau de proximidade à herança africana.
Isso está presente em nosso cotidiano e passa despercebido na maioria das vezes, justamente por não ser conhecido. No continente africano, por exemplo, onde a maior parte da população é negra, as pessoas com o tom de pele mais claro são tratadas com prioridade.
No Brasil, a imigração de europeus fez com que a população branca crescesse consideravelmente no país, suprimindo a cultura africana e tornando a cultura europeia como padrão social.
Isso contribui para que o preconceito e a discriminação continuem atuando na sociedade, o que reforça a insegurança, a falta de identidade e o pertencimento da cultura negra.
Infelizmente esta é a realidade, mas precisamos com urgência mudá-la!
Qual a importância de trabalhar o colorismo na escola?
Falar sobre colorismo na escola é fundamental para conscientizar as crianças e os jovens sobre o quanto é prejudicial classificar as pessoas com base na cor da pele, o que contribui com a diminuição de atitudes preconceituosas e discriminatórias.
Isso permite maior representatividade no ambiente escolar, onde todos têm espaço para ser quem são, sem se sentirem oprimidos pela tonalidade da pele, com respeito à diversidade.
O racismo também pode ser combatido ao colocar em pauta o colorismo na escola, ou seja, não será mais reproduzido no futuro se educarmos as novas gerações com base na diversidade, na inclusão e na educação antirracista, tornando o colorismo desnecessário.
As crianças e os adolescentes negros são afetados no ambiente escolar pelo colorismo, o que gera uma falta de identificação com a cultura negra, que historicamente sempre foi considerada uma subcultura.
O padrão social tem como base a cultura europeia, predominantemente composta de pessoas de pele branca, não havendo tanta representatividade da cultura africana. Isso faz com que os alunos negros não se sintam incluídos no grupo, o que prejudica o desenvolvimento psíquico e social.
A escola pode ser considerada um ensaio para a vida adulta em sociedade, ou seja, um local onde as crianças e os jovens aprendem a se relacionar, a compreender o mundo e a si mesmas, portanto, é preciso combater essa prática no início da formação.
O objetivo é que as pessoas não precisem mais se classificar pela tonalidade da pele para serem incluídas ou aceitas na sociedade, promovendo uma educação que respeite a diversidade.
Como trabalhar o colorismo na escola?
Com base em uma educação antirracista, é possível abordar o colorismo na escola falando abertamente sobre o racismo e como ele afeta a vida de muitas pessoas, que sofrem preconceito e discriminação diariamente.
Os educadores devem incentivar os alunos a não se basearem nas variações de tonalidades de pele para classificar pessoas negras, dividindo entre negro claro ou escuro, por exemplo.
Além disso, os próprios alunos negros devem ser encorajados e se assumirem negros, sem precisar fazer distinção de tonalidade da própria pele, aceitando a sua etnia e cultura.
Uma maneira de abordar de maneira didática o colorismo é questionar os alunos se o contrário acontece — uma pessoa é classificada como branca clara ou branca escura?
Essa reflexão é bastante relevante no ambiente escolar, para que as crianças e os jovens não sejam condicionados a normalizar a classificação das pessoas com base na cor da pele. É importante que os alunos percebam que essa classificação não faz sentido e, em consequência, que não reproduzam esse discurso.
Para que as crianças negras se sintam confortáveis com sua cor de pele e entendam que não é necessário fazer a diferenciação dessa característica, é preciso haver acolhimento no ambiente escolar, assim elas se sentirão mais seguras e pertencentes ao mesmo espaço que as outras crianças.
Isso só será possível por meio de uma educação antirracista, que propõe resgatar e valorizar a cultura afro-brasileira na escola, para poder ressignificar a história e promover a representatividade dos alunos negros.
Os conteúdos abordados nas atividades escolares, para educar crianças e jovens sem preconceito, discriminação e colorismo, devem incluir:
- História da África e dos povos africanos;
- A luta dos negros no Brasil;
- A cultura negra brasileira;
- O negro na formação da sociedade nacional;
- A contribuição do povo negro nas áreas: social, econômica e política, pertinentes à História do Brasil.
Todo o currículo escolar deve contemplar o tema, em especial as áreas de Educação Artística, Literatura e História brasileira. É importante também incluir no calendário o Dia Nacional da Consciência Negra.
Essas atividades devem estar voltadas à desnaturalização do racismo e do colorismo, enfatizando que as práticas de preconceito e discriminação baseados na cor da pele não devem ser reproduzidas.
Trabalhar a diversidade no ambiente escolar também abre espaço para o debate sobre o colorismo, pois estimula os alunos a compreender e respeitar as diferentes culturas e etnias.
Um exemplo de atividade para apresentar o colorismo é propor um debate a respeito das diferentes classificações existentes de raça ou cor no Brasil, conforme dados do IBGE.
Essa classificação foi baseada na autodeclaração, ou seja, nas pessoas entrevistadas que relataram a sua cor fundamentada na própria concepção dentre as opções oferecidas.
Outras atividades que trabalham o racismo e que podem ser aplicadas para abordar o colorismo são:
- Teatro: realizar uma peça teatral com os alunos para contar histórias sobre os povos indígenas e negros, valorizando sua cultura e sua contribuição na sociedade;
- Calendário: criar um calendário com o aniversário de importantes nomes da luta contra o racismo, além de marcos da cultura e da história afro-brasileira, indígena e demais etnias, para serem apresentados na rotina escolar;
- Promover práticas culturais: trabalhar com os alunos práticas de diversas etnias, como capoeira, danças, músicas e arte em geral, que caracterizam a identidade e a cultura desses povos;
- Filmes: assistir a filmes que retratam a história e a cultura da população afro-brasileira, indígena e de outros povos, tendo-os como protagonistas, seguido de discussões;
- Festas e eventos: comemorar o Dia da Consciência Negra e promover festas típicas de diferentes culturas, apresentando costumes, vestimentas, comidas, músicas, danças, esportes, entre outros;
- Debates: convidar os alunos negros, indígenas e de outras nacionalidades a falar sobre racismo, expressando como se sentem e como gostariam de ser representados, dando a eles lugar de fala. Eles podem falar, também, sobre a própria cultura, pois é interessante que toda a turma conheça e respeite a trajetória desses alunos.
- Lidar com o racismo: abrir espaço para que os alunos que são vítimas de preconceito e discriminação no ambiente escolar possam denunciar essas situações, bem como acolhê-los;
- Promover a representatividade: em todas as práticas escolares devem ser apresentadas pessoas negras, indígenas e de outras etnias, ressaltando sua participação na sociedade.
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