A educação antirracista é indispensável para formar cidadãos isentos de preconceitos, que não cometam nenhum tipo de discriminação, que respeitem todas as pessoas e transformem a sociedade em um lugar onde a cor da pele ou a raça não sejam mais julgadas.
Infelizmente, a realidade ainda é outra e o preconceito racial afeta muitas pessoas, que são agredidas física e psicologicamente, discriminadas e julgadas, sofrem danos morais e acabam tendo suas vidas prejudicadas.
Historicamente, a população negra sempre foi alvo de racismo no Brasil. Ela foi trazida pelos europeus para ser escravizada, foi marginalizada após a abolição e carrega esse estigma até hoje.
Além da população negra, outras etnias também são alvos de preconceito racial e discriminação, como os povos indígenas e as pessoas vindas de outros países, que são julgados por sua cor e seus costumes diferentes.
Leia o post completo e confira como a educação antirracista pode mudar essa realidade!
O que é educação antirracista?
A educação antirracista consiste em valorizar a história, a identidade e a trajetória de todos os diferentes povos que constituem o país, tirando o foco dos colonizadores como dominantes.
Seu objetivo é ressignificar a história e formar uma nova concepção da população negra e das demais etnias, ao apresentar a importante contribuição que elas tiveram na sociedade.
Com base na representatividade, é fundamental considerar todos os povos com igual importância, mostrando aos alunos as injustiças e as discriminações sofridas pela população negra para que elas não se repitam.
A educação antirracista está fundamentada na Lei n.º 10.639/2003, que incluiu no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, como parte das diretrizes e bases da educação nacional.
Conforme a lei, as Escolas de Ensino Fundamental e Médio devem abordar os seguintes conteúdos:
- História da África e dos povos africanos;
- A luta dos negros no Brasil;
- A cultura negra brasileira;
- O negro na formação da sociedade nacional;
- A contribuição do povo negro nas áreas: social, econômica e política, pertinentes à História do Brasil.
Eles devem ser ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística, Literatura e História brasileira. Além disso, deve ser incluso no calendário escolar o Dia Nacional da Consciência Negra.
Em 2008, a Lei n.º 11.645 incluiu também, no currículo oficial, o conteúdo de “História e Cultura Indígena brasileira”, a ser ministrado nas áreas de Educação Artística, Literatura e História brasileira, nos Ensinos Fundamental e Médio.
Entretanto, a educação antirracista deve ser trabalhada na Educação Infantil, a fim de que as crianças aprendam, desde o início de sua formação, o respeito a todos os povos.
Qual a importância da educação antirracista?
A educação antirracista é fundamental para possibilitar uma reparação histórica e social aos povos que sofreram racismo e discriminação, bem como mudar esse cenário que ainda persiste atualmente.
Ela permite construir uma nova forma de educar, pautada no respeito à diversidade, na empatia, no humanismo, na cidadania, na igualdade social e livre de preconceitos e discriminação. Além disso, os alunos negros e de outras etnias recebem representatividade, tornando a escola um ambiente mais acolhedor.
Combater o racismo é também respeitar as leis, com base nos direitos e nos deveres de todo cidadão, expressos na Constituição Federal, na Declaração Universal dos Direitos Humanos e em outras leis.
A Constituição de 1988 apresenta, como objetivo fundamental, a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Além disso, considera a prática do racismo crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão.
Conforme a Declaração Universal dos Direitos Humanos, todas as pessoas têm direitos e liberdades, sem qualquer distinção, seja de raça, cor, nacionalidade, etnia, religião, entre outros.
A Lei n.º 7.716/1989 define os crimes resultantes de preconceito e discriminação de raça, cor, etnia, religião ou nacionalidade, que estabelece punição com pena de reclusão.
O Estatuto da Igualdade Racial foi instituído pela Lei n.º 12.288/2010, com o objetivo de garantir à população negra a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e difusos, e o combate à discriminação e às demais formas de intolerância étnica.
Embora essas e as demais leis já estejam em vigor há muitos anos, o combate ao racismo ainda é um desafio, pois muitas pessoas ainda são vítimas de violência e têm oportunidades negadas devido à raça, cor ou nacionalidade.
Mais do que cumprir as leis, a educação antirracista promove o respeito e a valorização das pessoas, para tornar a sociedade mais igualitária e sem privilégios pautados em critérios raciais.
Só com a educação é possível transformar a sociedade, por isso a educação antirracista é o que fará com que o preconceito e a discriminação não façam mais parte do nosso cotidiano.
Educação antirracista – Como educar seus alunos?
Não basta apenas abordar as histórias afro-brasileira e indígena na sala de aula, como as Diretrizes e Bases da Educação definem, é preciso ir além, discutir o racismo estrutural e estimular os alunos a pôr em prática ações contra o racismo.
É preciso desnaturalizar o racismo no dia a dia, identificando as diferenças que ainda se apresentam na estrutura social, inclusive na escola, em relação à população negra e a outras etnias, que afetam e prejudicam essas pessoas.
Para tanto, é preciso promover debates, realizar trabalhos voltados à temática racial e enfatizar em todas as práticas escolares o combate ao racismo, para alinhar o discurso à prática.
Trabalhar a diversidade na educação também contribui com a educação antirracista, pois possibilita aos alunos que compreendam e respeitem as diferentes culturas e etnias.
Outro aspecto importante é que as práticas pedagógicas atuem na descolonização, rompendo com a hierarquia dos povos que colonizaram o Brasil, em especial, a que estrutura o racismo e impossibilita a igualdade em nosso país.
Algumas atividades especiais para abordar a educação antirracista são:
- Teatro: realizar uma peça teatral com os alunos para contar histórias sobre os povos indígenas e negros, valorizando sua cultura e sua contribuição na sociedade;
- Calendário: criar um calendário com o aniversário de importantes nomes da luta contra o racismo e marcos da cultura e da história afro-brasileira, indígena e demais etnias, para serem apresentados na rotina escolar;
- Promover práticas culturais: trabalhar com os alunos práticas de diversas etnias, como capoeira, danças, músicas e arte em geral, que caracterizam a identidade e a cultura desses povos;
- Filmes: assistir a filmes que retratem a história e a cultura da população afro-brasileira, indígena e de outros povos, tendo-os como protagonistas, seguido de discussões;
- Festas e eventos: comemorar o Dia da Consciência Negra e promover festas típicas de diferentes culturas, apresentando costumes, vestimentas, comidas, músicas, danças, esportes, entre outros;
- Debates: convidar os alunos negros, indígenas e de outras nacionalidades a falarem sobre racismo, expressando como se sentem e como gostariam de ser representados, dando a eles lugar de fala. Eles podem falar, também, sobre a própria cultura, pois é interessante que toda a turma conheça e respeite a trajetória desses alunos.
- Lidar com o racismo: abrir espaço para denunciar o racismo aos alunos que são vítimas de preconceito e discriminação no ambiente escolar, bem como acolhê-los;
- Promover a representatividade: em todas as práticas escolares devem ser apresentadas pessoas negras, indígenas e de outras etnias, ressaltando sua participação na sociedade.
O importante para construir uma educação antirracista é falar sobre o racismo, enfatizando, no dia a dia, que ele existe e precisa ser combatido, a partir da conscientização e de práticas que valorizem a diversidade racial e cultural.
Educação antirracista – Como educar seus filhos?
As famílias também têm a responsabilidade de promover uma educação antirracista, promovendo um discurso contra o racismo no ambiente familiar, não tolerando piadas ou qualquer tipo de preconceito e discriminação.
É preciso orientar crianças e adolescentes a respeitar todas as pessoas, sem distinção racial, cultural ou regional, bem como a combater e denunciar ações preconceituosas e discriminatórias.
Outra atitude que cabe aos familiares é estimular a convivência com diferentes raças e etnias, a fim de ressaltar que somos todos iguais em direitos e importância, buscando desfazer a visão histórica que estrutura o racismo.
De modo geral, a família educa as crianças e os jovens contra o racismo não sendo racista! Os filhos são bastante influenciados pelos pais ou responsáveis, ou seja, a melhor maneira de educar é dando o exemplo.
Livros para trabalhar a educação antirracista na escola
Para educar crianças e jovens antirracistas, existem livros voltados a essa temática, essenciais para serem trabalhados em sala de aula. Eles geram reflexões e discussões importantes, que valorizam as culturas afro-brasileira, indígena e demais etnias. Confira cinco títulos que trazemos como exemplo:
1. Tudo Bem Ser Diferente
É um livro infantil escrito por Todd Parr, que trabalha as diferenças existentes entre as pessoas de forma lúdica e divertida, abordando temas como adoção, separação dos pais, deficiência física, preconceito racial, entre outros. Foi publicado em 2002.
2. Mandela — O africano de todas as cores
Publicado em 2013, foi escrito por Alain Serres e ilustrado por Zau. A obra relata a luta contra o racismo de Nelson Mandela, símbolo de coragem e paz para toda a humanidade, que, após conseguir libertar seu povo de um regime político segregador, tornou-se o primeiro presidente negro do seu país — África do Sul.
3. Bucala — A pequena princesa do quilombo do Cabula
A obra conta a história da princesa Bucala, uma menina que vive no quilombo Cabula e o protege com seus poderes. Ao buscar conhecer melhor seu reino, aprende toda a sabedoria dos reinos africanos com um sábio ancião. É um livro infantil com ilustrações, publicado em 2019.
4. Menina Bonita do Laço de Fita
Livro infantil ilustrado, escrito por Ana Maria Machado e publicado em 2006. A obra apresenta uma menina negra que dialoga com um coelho preconceituoso, ressaltando não haver motivos para tratar com inferioridade as diferenças. É uma abordagem lúdica sobre o racismo, que busca elevar a autoestima de meninas negras.
5. O Cabelo de Lelê
A obra traz representatividade a meninas negras, ao identificar a história e a beleza de origem africana. A personagem Lelê busca descobrir de onde vem seus cachinhos, pois ela não gosta muito deles, mas muda de opinião após ler um livro sobre o assunto. É um livro infantil com ilustrações, publicado em 2007.
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