Disciplina vem da palavra discípulo (aquele que segue), ou seja, aprendiz. Portanto, está relacionada ao ato de aprender. Mas a grande questão aqui é transformar a indisciplina em disciplina, e isso é um desafio para qualquer realidade escolar, uma vez que a indisciplina na escola causa preocupação quanto à manutenção da qualidade da instituição e afeta ações, como fidelização e aquisição de alunos.
Percebe-se que o resultado dessa indisciplina vem de alunos que apresentam dificuldades no relacionamento familiar, social e/ou pedagógico. Logo, lidar com essa situação é um desafio para muitos educadores. Neste texto explicamos para você como trabalhar com a indisciplina na escola e transforma-la em disciplina. Confira!
O que fazer?
Em primeiro lugar, o corpo pedagógico da escola deve ter em mente um alinhamento didático e metodológico, com o objetivo de manter o aluno atento às orientações propostas pelo professor.
Na sequência, o corpo docente e o técnico-pedagógico deverão estabelecer uma relação sadia e coerente entre professor e aluno, a fim de que os laços de confiança se transformem em admiração e afeto, o que minimizará a barreira pedagógica entre docentes e discentes e facilitará o processo ensino-aprendizagem.
Como trabalhar a indisciplina na escola com os professores?
Teóricos do meio educacional afirmam que o relacionamento interpessoal professor-aluno-professor é muito importante para o desenvolvimento cognitivo discente. Um desses teóricos, Henri Wallon, mostra que a afetividade se expressa de três maneiras: por meio da emoção, do sentimento e da paixão.
Logo, toda a equipe pedagógica deve ser mobilizada para um estudo de mudança na postura, tornando-a condizente, flexível, que valorize a união e o clima de equipe, com o objetivo de buscar soluções efetivas em prol da instituição. Toda essa mobilização requer envolvimento da comunidade escolar sem descartar os limites da própria instituição.
Falando em limites, Yves de La Taille cita que: “se faz necessário acontecerem limites com ação”. É bastante comum, na escola atual, ouvirmos reclamações de gestores e professores sobre alunos indisciplinados que dificultam o planejamento e as ações pedagógicas.
É fato que a escola possui alunos com diferentes formas comportamentais, mas vale ressaltar que isso nem sempre está ligado à indisciplina, então gera-se um grande desafio para todos os envolvidos.
Limites, respeito, políticas públicas, competências, habilidades, ações pedagógicas, diálogos, solidariedade, todos esses pontos são determinantes das possibilidades modificantes (ações) da indisciplina na escola. Logo, nós educadores devemos colocar em prática nossa missão, não apenas de trabalhar o aluno, mas de desenvolver junto à família alternativas construtivas, como valores e princípios.
Não existe escola sem indisciplina!
Olhando sob um ponto de vista positivo, a indisciplina na escola pode ser um elemento importante (termômetro) no sentido de se promover melhorias não apenas de ordem pedagógica, mas também estrutural. Assim, devemos ter em mente que ser educador é uma missão macro em prol de gerar uma educação de qualidade, constante, e não engessada.
Dessa forma, convidamos os colegas educadores para refletir sobre nossas atitudes, pois segundo Joel Barker “visão sem ação é só passatempo. Mas visão com ação pode mudar o mundo”. Trata-se de um compromisso de longo prazo, com avanços e recuos, bem como rediscussões constantes, e o trabalho em equipe é fundamental. Não há receita mágica e são muitos os caminhos a seguir.
Faça um SWOT!
Com o auxílio dos coordenadores, trabalhe o SWOT Pedagógico com o corpo docente de sua instituição. Por meio dessa dinâmica será possível mensurar quais aspectos da sua rotina escolar são fortes (disciplina) e quais são fracos (indisciplina).
Também é interessante verificar quais oportunidades sua instituição possui para crescer pedagogicamente e quais são as principais ameaças à disciplina. A atividade proposta deve ser realizada em pequenas equipes e, ao final, é importante propor uma apresentação das conclusões para que haja uma discussão construtiva.
Certamente trata-se de um momento de extrema importância para a manutenção da qualidade educacional da sua instituição.
Gostou das dicas? Compartilhe com a gente os desafios disciplinares enfrentados em sua escola!
REFERÊNCIAS
ANTUNES, Celso. Onde esta a indisciplina? Existem três focos de incêndio a apagar. Petrópolis/RJ: Vozes, 2002.
LOBATO, V. S. Concepções de professores sobre questões relacionadas a 98 Olhar de professor. Ponta Grossa, 10(2): 81-99, 2007. REUNIÃO ANUAL DA ANPED, 29. Caxambu: ANPED, 2006.
Aquino, J. G. Indisciplina: o contraponto das escolas democráticas. São Paulo: Moderna, 2003.
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